Torcedor de 81 anos viu de Pelé a Muricy e 'busca' novos craques na Copinha
Valentino Gallo, 81, nasceu na Itália, veio para São Paulo ainda criança e se tornou um observador de luxo de alguns dos maiores nomes do futebol brasileiro, como Pelé, Garrincha e Pepe.
Diretamente do seu lugar preferido do estádio Nicolau Alayon, casa do Nacional-SP - seu time do coração, ao lado do Corinthians -, ele contou ao UOL algumas de suas aventuras em uma vida de arquibancadas.
'Eu vivi a história do futebol'
Da década de 60 para cá, eu vi todo mundo. [...] Pelé, Pepe, o goleiro Gylmar, que já faleceu, o Cláudio Christovam, Baltazar. Vi o time antigo do Corinthians inteirinho. Eu vivi a história do futebol.
Foi feio [quando vi o Pelé], porque a polícia teve que apartar a briga no final do jogo. Roubaram o Nacional na cara dura. O Santos ganhou. O Pepe, ponta-esquerda e hoje um senhor de idade, [também estava no jogo].
Nacional-SP e o Santos de Pelé se enfrentaram quatro vezes, sempre pelo Campeonato Paulista. O Alvinegro praiano venceu todos os duelos, incluindo um impressionante 10 a 0 em 1958.
Valentino, porém, não considera o Rei o maior craque que viu jogar. Esse posto pertence a Garrincha, que defendeu o Corinthians em 1966.
Posso te falar? Não é o Pelé. Não sei [o motivo]. É o meu íntimo. Foi o Garrincha. Ele jogou no Corinthians. O jogo era por amor. [Ele] Jogava pelo time.
Nem o "bicudão" Muricy Ramalho, então meia-atacante do São Paulo, escapou do olhar atento de Valentino. Muricy defendeu o Tricolor na década de 1970 e era tratado como promessa. Ele, porém, brilhou no clube como treinador.
Quando eu vi o Nacional ser campeão do Dente de Leite [Copinha de 1972], o Muricy era centroavante do São Paulo. Ele era aquele 'cabeloteiro', sabe? Ele levava jeito de ser... Não vou falar nome, mas até hoje, ele é meio bicudão.
O Nacional é bicampeão da Copa São Paulo. O segundo título foi conquistado em 1988.
De olho também na Copinha
Acompanho a Copinha desde quando o Nacional foi campeão [1972]. Faz muitos anos. Eu estava aqui no meio [da arquibancada, em pé. Eu apareci umas duas, três vezes na TV Tupi, torcendo para o Nacional.
Eu gosto de futebol, e da Copinha especialmente. É um campeonato que concretiza os torcedores. [...] Não tem confusão. Todo mundo é irmão. Não [venho] porque o ingresso é gratuito. É porque eu gosto de futebol mesmo. Sou apaixonado por futebol.
A paixão foi tamanha que virou tradição de família, tanto que Valentino estava com o filho Luciano. Eles assistiram à vitória do Retrô (PE) sobre o São Caetano e à derrota do Nacional para o Avaí.
Geralmente eu venho com o meu pai e a gente já faz isso aí há anos. Desde quando eu praticamente era criança. [...] É um momento único do ano. A gente muitas vezes aguarda sempre o mês de janeiro pra ver a revelação de novos talentos no nosso futebol. Luciano do Carmo Gallo
Sr. Valentino também se arriscou nos gramados...
Eu jogava lá várzea da Vila Carolina [Bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo]. Joguei em uns dois ou três times. A gente ia de caminhão [para os jogos].
Eu era lateral-esquerdo. Eu gostava. Ficava marcando ponta direita, não deixava ele cuspir. Não deixava sair não. Se ele saia, eu puxava, fazia falta, qualquer coisa, menos dentro da área.