Capitã da Espanha relata abusos de ex-técnico: 'Perguntava das compras'

Campeã do mundo em 2023 com a seleção espanhola feminina, Jenni Hermoso revelou, em entrevista à emissora espanhola "Cuatro", que o técnico Jorge Vilda tinha um comportamento abusivo com o grupo de atletas.

O que aconteceu

Conversas com hora marcada atrapalhavam o sono das atletas. A atacante revelou que, durante uma concentração, o treinador pedia que o grupo deixasse as portas abertas na hora de dormir, alegando que era o único momento em que poderia conversar com as jogadoras pessoalmente. Hermoso disse que essa rotina incomodava suas companheiras.

Comportamento controlador era refletido na desconfiança. Hermoso relatou que Jorge Vilda esperava pelas atletas após as compras e perguntava sobre as sacolas.

A entrevista completa ainda não foi ao ar. As revelações surgiram em uma prévia da entrevista de Jenni Hermoso ao programa "Planeta Calleja".

Quando íamos dormir, tínhamos que deixar a porta aberta e esperar que ele passasse à noite para deixá-lo falar conosco. Ele dizia que era o único momento que tinha para falar conosco pessoalmente - e tinha o dia todo. Primeiro, ele ia para a porta das primeiras jogadoras (do corredor), até chegar à última, às vezes, algumas jogadoras já estavam dormindo [quando ele chegava]. [...] Quando íamos às compras, ele esperava por nós e perguntava o que tínhamos na sacola.
Jenni Hermoso, atacante espanhola, em entrevista à emissora "Cuatro"

Conflito entre jogadoras e federação espanhola

Várias jogadoras da seleção espanhola entraram em conflito com a comissão técnica e a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) antes da Copa do Mundo Feminina. A situação ficou clara durante a comemoração das atletas após a classificação para as semifinais, quando elas ignoraram o treinador Jorge Vilda.

O conflito veio à tona em setembro de 2022, quando 15 jogadoras espanholas enviaram uma carta à federação pedindo melhorias estruturais. Além disso, elas diziam que o ambiente era "tóxico" e criticavam os métodos de Jorge Vilda e da comissão técnica.

As signatárias da carta, que em sua maioria atuavam pelo Barcelona, deram um ultimato à federação: se Vilda não fosse demitido, elas não jogariam mais pela seleção. A RFEF, por sua vez, expôs o conteúdo da mensagem e deu respaldo ao treinador.

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A repercussão com a torcida espanhola não foi boa — tanto que algumas jogadoras negaram o pedido de demissão do técnico, alegando que a carta pedia apenas mudanças estruturais.

Das quinze signatárias, doze não foram à Copa do Mundo, enquanto Bonmatí , Caldentey e Batlle - todas do Barcelona - disputaram o torneio.

Apesar do título, a crise se agravou após um beijo sem consentimento do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luís Rubiales, em Hermoso, durante as celebrações da conquista.

Jorge Vilda foi demitido da seleção feminina dias após o título mundial e parte da comissão técnica pediu demissão.

Luis Rubiales foi banido de atividades relacionadas ao futebol pela Fifa por três anos. O dirigente alegou ser vítima de perseguição.

Jenni Hermoso apresentou uma denúncia formal contra o mandatário, seguindo recomendação do Ministério Público espanhol, por agressão sexual.

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