São Paulo apresenta Carpini, e presidente diz que técnico foi plano A
O São Paulo apresentou na tarde de hoje (15) Thiago Carpini como novo técnico do clube com contrato até o fim de 2024.
Plano A. "Todo nosso processo de entrevistas sempre teve o Carpini como profissional gabaritado. Foi o primeiro profissional que conversamos e o único que falamos mais de uma vez. Carpini sempre foi nosso plano A e ficamos muitos felizes. Tivemos plena convicção de que ele é o técnico ideal para o São Paulo. Você (Carpini) terá todo nosso apoio", disse Julio Casares, presidente do São Paulo antes da apresentação.
Ainda ser jovem. "Tenho ouvido muito em relação à idade, tem sido pauta e acho aceitável, mas por outro lado me preparei para esse momento e vejo uma oportunidade muito grande. Creio que é a maior oportunidade. Capacidade não está atrelada à idade. Todo mundo foi jovem um dia e teve a primeira vez. Só nos torna mais experientes ou vividos passando por isso. Enaltecer a coragem do São Paulo em me oportunizar. Prefiro enxergar o copo meio cheio: uma grande oportunidade pra mim para além do desafio."
Conversas com Dorival. "O Lucas, junto com o Pedro, fizeram um trabalho mais minucioso da transição. Isso encurta o caminho. A grande virtude do ser humano é aprender com o erro dos outros. Em alguns momentos já nos falamos (com Dorival) durante minha caminhada. Uma das primeiras mensagens que recebi de apoio na final do Paulista foi do professor Dorival. Temos nos falado muito diariamente. Sei que a demanda na Seleção vai ser muito grande, mas não está deixando de ter um cuidado, carinho, para que seja uma continuidade de sucesso."
Confira a íntegra da entrevista coletiva de apresentação de Thiago Carpini
Pouca idade
Tenho ouvido muito em relação à idade, tem sido pauta e acho aceitável, mas por outro lado me preparei para esse momento e vejo uma oportunidade muito grande. Creio que é a maior oportunidade. Capacidade não está atrelada à idade. Todo mundo foi jovem um dia e teve a primeira vez. Só nos torna mais experientes ou vividos passando por isso. Enaltecer a coragem do São Paulo em me oportunizar. Prefiro enxergar o copo meio cheio: uma grande oportunidade pra mim para além do desafio. Chegar no São Paulo com um time campeão, vitorioso, com o ano passado com frutos inéditos como a Copa do Brasil. Geralmente um treinador assume um trabalho por um insucesso, isso é mais normal, mas aqui uma situação diferente com a saída do Dorival para a seleção. Um trabalho bem feito, bem realizado. É uma linha a ser seguida e a potencializar, dentro disso colocar algumas ideias, sugerir e ver como vai ser a aceitação no individual e coletivo. Pretendo lidar com a mesma sinceridade e verdade, criar um bom relacionamento e vínculo falando a verdade, me colocando no lugar do atleta para tomar algumas decisões. Sabemos o tamanho da capacidade dos atletas desse elenco. Não procuramos 11 atletas, buscamos uma equipe jovem competitiva para o ano do São Paulo.
Dorival e Lucas Silvestre
Lucas e Pedro fizeram um trabalho mais minucioso. Eu e o professor Dorival já nos falamos em algumas oportunidades. Na final do campeonato paulsita foi uma das primeiras mensagens que recebi de apoio foi do Dorival. Ontem nos falamos à noite também.
Supercopa
Eu prefiro tratar jogo a jogo. Eu sei que cada jogo tem um peso e uma representatividade diferente. É uma final, um título, um jogo grande, um clássico, mas temos um jogo grande no sábado contra o Santo André. É minha estreia, meu primeiro contato como comandante. Não podemos pensar na sexta rodada do ano antes de pensar no primeiro. Vamos um passo de cada vez. Nossa Supercopa é o Santo André sábado no Morumbi
Santos e Cruzeiro
Eu fico feliz de ser lembrado por diversos clubes desse nível, dessa prateleira, são grandes instituições também. Mas sempre penso que o próximo passo é o mais importante. Lembro que quando saí do Água Santa e cheguei no Juventude todo mundo questionou como seria. Tem todos os questionamentos que são pertinentes desse momento. Dentro do São Paulo tem uma linha, pelo pouco que conversei nesses dias que estou aqui com a diretoria. Eu me senti muito seguro pela maneira que o São Paulo me abordou, os processos internos da diretoria, do Rui, as conversas com o Muricy. É inevitável a referência que ele é para nós, treinadores jovens. Trabalhar num clube dessa grandeza tendo um respaldo de um cara como ele, é um privilégio. No sábado ele falou sobre a relação que ele tinha com o Telê. Eu quero que o Muricy seja o meu Telê. Sou desprovido de vaidade e quero aprender com ele
Momento de vida
Já parei (para pensar) e agradeci muito a Deus por essa oportunidade. Vejo como a vida é dinâmica. No futebol, a vida oscila muito. São momentos bons, ruins, as coisas dão certo, dão errado. E estou vivendo um momento muito bom na minha vida. Sei o que passei. Para me manter vou ter que fazer muito mais. Quero aproveitar muito essa oportunidade e fazer melhor como ser humano, profissional. Quero fazer parte dessa história de maneira positiva, com vitórias, conquistas. Um legado deixado pelo professor no passado. Ontem que tivemos um dia de folga que consegui parar um pouco com minha família e filtrar um pouco. Foi tudo muito rápido. Tantas pessoas para entendermos todos os processos. Devagarinho as coisas vão se ajustando. Eu, como pessoa e profissional, não mudo nada. Mesmo comportamento, mesmo respeito. Muito respeito, muita cobrança
Opções de ataque
Essa é uma dor de cabeça boa. Eu vejo de maneira positiva, porque temos um grupo aqui que se respeita, profissional. Cada um trabalha pelo seu espaço. Quanto eles entendem o tamanho do ano do São Paulo, o retorno à Libertadores... Uma coisa que eu falei para eles hoje, que talvez seja até desnecessário, é que o ano posterior à conquista é mais difícil. Em relação aos nomes, minha preocupação não é onde vão jogar os jogadores. É entender dentro do comportamento individual como vamos ter o melhor coletivo. O São Paulo qualificou demais o elenco e dentro disso é uma dor de cabeça boa
Filosofia de trabalho
Muitas coisas do jogo do Dorival pensamos muito parecido. Quando tem uma herança de um trabalho vitorioso, de conquista, claro que se foi vitorioso tem muitas coisas boas. Não é porque cheguei agora que vou mudar tudo. As coisas boas a gente potencializa, algumas coisas pensamos diferente e é natural. De maneira tranquila, gradativa, vamos propondo nossa ideia. Isso para mim é o mais importante.
Elenco
Desde o primeiro bate-papo com a diretoria, que espero que se repita em outros clubes, para se ter mais critérios, eu sei muito bem todos os jogadores. Os que estão participando da base, os que saíram, os que jogaram mais, os que jogaram menos. A planta do São Paulo foi passada muito clara. Vejo um elenco claro, qualificado. Acredito que algumas peças pontuais podem daqui a pouco surgir, se for uma boa oportunidade para o São Paulo, se entendermos que precisamos, um lateral, um atacante... Se acontecer. Se não acontecer, estou muito contente, otimista para fazermos um grande ano.
Pouco tempo para trabalhar
Sem dúvida, facilita, são desafios diferentes. Esse período curto de trabalho estou habituado. Eu dirigi equipe sem calendário. O Água Santa, usando esse exemplo, montamos o time dia 25 de novembro, paramos período de festas, e estreia contra o São Paulo. Nesse período, eu tinha de trabalhar parte física, técnica, entrosar elenco de uma equipe sempre montada do zero. Aqui no São Paulo tem uma continuidade de elenco, são outros tipos de dificuldade, essa compra de ideias. Assimilar aquilo que tem sido proposto. São experiências distintas que estou vivendo na minha carreira, mas estou muito otimista. Eu sou muito precavido nas minhas respostas. Confio muito no dia a dia, naquilo que é proposto. Claro que uma equipe como o São Paulo sempre entra para brigar por título. Talvez seja uma oportunidade, talvez não. É uma oportunidade de brigar por coisas maiores na minha carreira
Elenco atual
Todos os atletas que se apresentaram foram num consenso da diretoria, do planejamento, até ter essa troca de comando. E eu penso que não só o Luan, entra aquilo que falamos de gestão e do lado humano. Todos que estiverem aqui no São Paulo, seja o Patryck da base, do mais jovem ao Rafinha, temos o mesmo tratamento e o mesmo respeito, os mesmos direitos e deveres. A gente cobra da mesma maneira, oportuniza da mesma maneira. E o Luan é um cara que está integrado, vai brigar pelo espaço dele. Vamos, como o São Paulo sempre fez, ter uma linha de trabalho de respeitar, dar conteúdo, a seleção é natural e cada um vai ocupando seu espaço. Cabe a mim, dar esse espaço. O Luan vai brigar pelo espaço dele, se fizer por merecer no dia a dia volta a jogar. Se não fizer, outro faz, volta para o fim da fila. Eu tenho uma coisa comigo de não desistir das pessoas, mas todo mundo tem um limite. A partir do momento que não vê isso, segue a fila
Muricy
É um privilégio ter esse contato com ele. Estamos diariamente convivendo. Quero extrair o máximo. Ele contou um pouco da transição dele, quando tinha o Telê, como era a relação, e eu fiz essa analogia comigo mesmo. Eu gosto de pessoas diretas, que falam o que precisa ser falado olho no olho. É assim que eu trato as relações que tenho na minha vida. Talvez pela pouca idade, às vezes as pessoas acham que sou muito jovem, que falo muito. Hoje talvez consiga ponderar algumas coisas. O atleta vai entender que eu quero o melhor dele, da vida dele. A entrevista foi o Muricy. Direto, franco, objetivo. Ele entende todas as mudanças, as variáveis do futebol, e isso é um jogo diferente, mais rápido, mais estudado, mais dinâmico. O perfil do atleta é diferente. Acho que o que o Muricy tem de melhor é a essência do futebol e isso nunca vai mudar
Estilo Carpini
Eu gosto de um jogo mais impositivo, um jogo mais apoiado, de posse. Eu não gosto muito desse jogo de bola longa, um tiro de meta. Não que não possa bater, mas acho que quando se faz isso você coloca a bola em disputa. E aí é 50/50. Se tivermos organização, conceito para trabalhar de maneira mais organizada a nossa saída. Minimizando riscos, tendo bola de seguranças, podendo chegar com mais velocidade, superioridade numérica no setor da parte ofensiva do jogo, ser mais vertical, fazer a bola chegar mais na área. Eu cobro muito também a competitividade. Todas as equipes que dirigi acho que consegui esse equilíbrio. O Água Santa ficou muitos jogos sem sofrer gols, o Juventude também. Cobro muito esse encaixe alto, para que a bola chegue de maneira mais disputada à nossa última linha. Uma compactação, mais ajustado, mas sem abrir mão de ter a bola. Falar é muito mais fácil, mas é a maneira como vejo futebol. Claro que em alguns momentos na minha trajetória não poderia jogar de igual para igual com algumas equipes, mas queria me reinventar um pouco e jogar de maneira mais competitividade. Com o São Paulo, dependendo da situação, talvez precise sofrer um pouquinho também, mas dentro de tudo isso a gente não abre mão daquilo que a gente se prepara no dia a dia
Trato com os mais experientes
Esses jogadores mais experientes criam oportunidades diferentes daquilo que foi trabalhado, porque às vezes o adversário exige isso. Crio situações para facilitar o jogo e a tomada decisão na parte ofensiva é muito dos jogadores, na parte defensiva é minha. Ter jogadores como o Rafinha, o Nenê no Juventude, acabam facilitando. São pilares para nós. Jogadores que conseguem abrir algumas coisas a mais. Pela vivência, qualidade. Foi assim com o Nenê no Juventude. Existe uma hierarquia. Eu chamava o Nenê de senhor, porque ele tem 42, mas ele me chamava de senhor, porque sou o técnico. As decisões são minhas. No ônus e no bônus. Vamos decidir e nos preparar para isso. As relações sempre foram sadias, com cada um entendendo o limite do outro. O seu direito vai até onde começa o do seu companheiro. E talvez isso com os jovens seja mais difícil
Inspirações
Talvez eu falar isso agora possa até parecer... Mas a gente vai conviver mais e não é meu perfil falar o que não penso. Eu sempre gostei da maneira do Dorival, admiro o Fernando Diniz. Eu gosto da gestão de pessoas do Renato Gaúcho. Faz isso como poucos. O ambiente, a gestão como leva o ambiente de maneira leve. Eu prezo muito. De fora, o Guardiola, que é uma referência para todos. Um pouco de Klopp. Dentro disso a gente vai formando nossas ideias, nossos conceitos. Eu tenho umas pessoas que tenho uma gratidão que é o Evaristo Piza. Foi meu atleta e enxergou em mim isso de ser técnico. Me convidou para ser auxiliar dele, mas achei que não era o momento. Aprendi muito como pessoa, como gestão. Eu sempre cito ele em forma de gratidão. Acho que isso é uma coisa muito bonita e não posso esquecer quem me deu a mão lá atrás.
James, Lucas e Luciano
Pelo que eu já conheço desses atletas, a gente acompanha muito a trajetória. O James tem uma função mais específica, os outros temos mais alternativas, um leque de funções. O Lucas faz mais de uma função. O Luciano faz mais de uma função, o Rato... O Ferreira mais no pé contrário. E o James talvez seja mais o meia, meia. O 10 centralizado, que tenhamos de adaptar para fluir o que ele tem de melhor. Tive uma situação parecida no meu último trabalho. Que a gente possa ter um entendimento em cima do adversário, em cima de cada competição, principalmente em cima de um objetivo maior. Que possamos ter discernimento e sabedoria para que a gente possa ter as melhores escolhas em cima de cada jogador e jogo.
Nova geração de técnicos
É difícil falar de nome. São tantos bons profissionais. E mais uma vez queria enaltecer. Não preciso fazer média. O São Paulo foi muito corajoso na escolha. Eu sei disso. Talvez em outras oportunidades, outros clubes, a gente conversa com muita gente. Muitas diretorias, não dizendo de um modo geral, procuram não só um treinador, mas também pessoas que possam suprir outras lacunas momentâneas. Quando vai para um nome como o meu, jovem, que vem de uma prateleira de baixo. Tem de ter muita convicção e coragem. Eu tenho convicção por estar aqui. Acho que é uma expectativa grande para que as coisas caminhem bem. Que a gente continue apostando. Tem muita gente boa. Profissionais jovens, cheios de energia, ideias, buscando oportunidades, como essa que eu tive. Tem gente boa em todos os lugares, não estou criticando estrangeiros. Os bons se estabelecem. Podemos oportunizar e ter paciência.
James titular?
Impossível te responder isso (se o James é titular). Tivemos um dia de treino, vamos definir o plantel para os jogos. Não tem como dizer se esse é titular ou não. Vai jogar um jogo, vamos intercalando. Se eu fosse definir 11, impossível fazer isso num treino. E não é isso que acredito. Não é dessa maneira que eu trabalho. Dentro do todo, do coletivo, vamos ter sempre essa característica.
Nikão
O Nikão já está com nós. Vai ter as mesmas oportunidades no dia a dia para que conquiste espaço no jogo. Muito respeito. Alguns jovens que já fazem parte, outros que vão voltar da Copa São Paulo. Vamos absorver dentro do grupo para refletir, estarmos muito próximos de mexer o mínimo possível nesse grupo. Para criarmos vínculos. Mas isso já se tem no São Paulo. São desafios gigantescos, mas foi deixada muita coisa boa do trabalho do Dorival. Da maneira que estamos pensando futebol. Isso vai muito de encontro para as coisas darem certo.
Relação com Dorival
Eu já tenho uma relação com o Dorival, antiga. Trocamos algumas mensagens no passado. Encontrei nos cursos da CBF. Depois na final do Campeonato Paulista. Ele foi um dos treinadores que torceram muito. Ele, o Diniz... Compartilharam momentos que vivenciaram no Audax, no São Caetano, chegando em finais com pequenos. O que fariam diferente, como foi... Achei fantástico. Logo que cheguei no Juventude, vi uma foto do Dorival campeão gaúcho de 1998, mandei para ele. Desde quando firmamos os compromissos, ele ficou aberto de me passar tudo o que vinha sendo feito no São Paulo. Tanto que o Lucas e o Pedro ficaram aqui. Isso mostra muito o carinho. Se você está num ambiente em que você não está feliz, não respeita as pessoas, você pega e vai embora. O contato com o Dorival fui eu que fiz. Falei com os auxiliares. Já tudo muito coordenado