Veja a íntegra da coletiva de Leila Pereira

Sempre foi muito claro para o Abel, o nosso desejo de que ele fique conosco o maior tempo possível. Eu acredito na continuidade do trabalho, e já conversei várias vezes com o Abel sobre isso, e realmente, ano passado, não só o Abel estava cansado, todos nós estávamos esgotados. [...] Nós esperamos terminar todo o ano, saíram todos de férias, e aí... Mas essa conversa já é anterior a esse ano, essa conversa já começou desde o ano passado. E o que atrai muito o Abel aqui no Palmeiras, eu não tenho dúvida, que é o nosso projeto, a estrutura que nós temos, as pessoas que estão aqui na Academia de Futebol.

Nós trabalhamos muito para satisfazer todos os desejos da nossa comissão técnica. O Abel e o Palmeiras, nós temos uma sintonia muito grande, e quando acontece essa sintonia, você tem que lutar sempre para dar continuidade nisso. Então, ele entende, e nós também, que temos muito, muito a conquistar juntos.

Não foi só o Mundial de 2025[ que pesou. Mesmo se não tivesse, eu tenho certeza que pela estrutura, pelo trabalho, pelas pessoas, pelo nosso elenco, o Abel ficaria aqui até 2025. E eu estou muito feliz, e eu tenho certeza que o torcedor palmeirense também.

Patrocínio e licitação

Nós temos esse contrato [com a Crefisa e a FAM] que vai até dezembro de 2024. Eu já falei por diversas vezes que, este ano, nós vamos fazer uma concorrência. [...] Quem vai decidir não vai ser eu. O clube tem o Conselho de Orientação e Fiscalização. É o COF. Eu vou submeter ao COF e o que esse conselho decidir, nós vamos atender. Mas é muito importante, Marília, o nosso torcedor e vocês estarem cientes.

Semanalmente aparece uma empresa aqui querendo patrocinar o Palmeiras. Qual o nosso critério? A gente avalia o potencial econômico da empresa. Ninguém acredita em milagre. Aparecem empresas recém-criadas com capital social ínfimo, como que pode estar oferecendo um patrocínio milionário com essas características? Então a gente não vai aceitar. O que nós queremos são empresas com credibilidade que possam honrar os seus compromissos com o Palmeiras.

Eu quero empresas parceiras, sérias, ao lado do Palmeiras, que possam cumprir o que se comprometem, porque senão fica muito bonito. Eu faço uma festa aqui, 'olha, vai pagar 400 milhões, e aí, cadê o dinheiro?' E lembrando sempre que esses contratos, eles têm uma parte fixa e uma parte variável, e o que interessa para o Palmeiras é a parte fixa. O Palmeiras não quer ser sócio de patrocinador, o Palmeiras quer parceiros que vinculem suas marcas, a nossa marca, não é que seja bom, tanto para o parceiro quanto para o clube.

Então eu não posso falar com você quanto vale a camisa do Palmeiras, porque hoje o quanto ela vale é quanto nós estamos pagando, porque foi um contrato que nós assinamos, e contratos existem para ser cumpridos e nós vamos cumprir. Durante esse ano nós vamos fazer essa concorrência e vocês vão saber exatamente quanto que o Palmeiras, os contratos de patrocínio, os valores, mas depois de feita essa concorrência, eu não vou ficar fazendo elocubração, sabe, sem base.

Não tem ninguém avançado. Mas eu vou resolver isso esse ano. Eu preciso resolver isso esse ano. Inclusive por causa da empresa de material esportivo. Eu preciso avisar com antecedência quem será o patrocinador do ano que vem. Então, isso vai ser resolvido no decorrer. Até meado do ano a gente resolve isso.

O que eu falei naquela entrevista, eu ratifico aqui. Está comprovado esse valor? Depositam os valores na conta? Então, porque é complicado isso. Eu estou falando de fatos, não quero falar de instituições. [...] Eu não vou assinar um contrato para ficar bonito para o torcedor e para a imprensa, para ficar mostrando 'olha quanto o Palmeiras assinou'.

A nossa rivalidade é em campo. As coisas estão sendo distorcidas. Eu não vou entrar nessa pilha, não vou. O Palmeiras, ele vai continuar protagonista e vitorioso dentro de campo, essa é a minha responsabilidade, porque senão, daqui a pouco, como esses clubes não ganham nada em campo, olha, mas eu tenho um patrocinador maior, o que é isso? O que me interessa é o resultado em campo, nós trabalhamos para sermos protagonistas e responsáveis dentro de campo.

Reforços

Esse ano, já trouxemos três reforços, e eu costumo dizer que as contratações são feitas sempre por solicitação do nosso departamento de futebol, da nossa comissão técnica, do nosso diretor de futebol, sempre. O nome de peso, para mim, são, primeiro, os atletas que já estão aqui conosco, extremamente vitoriosos. Nome de peso são os atletas que são escolhidos pela nossa comissão técnica e pelo nosso diretor de futebol.

Você pode ter certeza que o Palmeiras sempre estará atento ao mercado, mas a presidente, isoladamente, ela nunca contrata nenhum atleta. Sempre é com o aval, primeiro, do nosso treinador, juntamente com o nosso diretor de futebol e da presidente. Então você pode ter certeza que, o que for necessário, o que o Abel necessitar, toda sua comissão técnica e diretor de futebol, nós estaremos atentos ao mercado para contratar e para suprir essas carências que não, o que a imprensa entenda ser uma carência no Palmeiras, nem o torcedor, mas o que a nossa comissão técnica ia entender ser o melhor para o Palmeiras.

Nós temos algumas solicitações, pouquíssimas, do nosso treinador, mas não urgentes. Eu não gosto de falar qual posição que nós somos carentes, que o nosso treinador entende que estejamos carentes, porque nosso elenco é extremamente forte. São contratações extremamente pontuais, o que precisamos agora. O que eu posso dizer é o seguinte, que nós estamos atentos ao mercado, se vier alguma outra contratação, vai ser muito pontual e assertiva, porque, no meu primeiro ano de gestão, nós fizemos algumas contratações e alguns jogadores não se adaptaram, e eu preciso ser um pouco mais assertiva. Então, é muito pontual e, para mim, o nosso elenco está pronto. É esse que o nosso torcedor pode esperar do Palmeiras, e se vier algum jogador, extremamente pontual.

Wtorre

O Palmeiras tem um problema muito grande com a WTorre, a nossa arena. Eu não posso falar detalhes por causa da maldita cláusula de confidencialidade, que eu acho que deveria abrir para todos os nossos torcedores o que acontece, que eu não posso abrir para vocês por causa dessa cláusula de confidencialidade. Mas o que eu posso dizer para vocês é que uma receita que seria muito importante para o Palmeiras, muito relevante para o Palmeiras, há anos que o Palmeiras não recebe um centavo dessa concessão que nós demos para a WTorre. Nós não recebemos um centavo. Daqui a uns anos, 20 ou 25 anos, eles vão entregar o Coliseu para nós, que vai ser um Coliseu, e nós não recebemos absolutamente nada. I

É uma empresa que está fechando com São Paulo, com o Maracanã, com o Santos, e não paga um centavo para o Palmeiras. E, por causa dessa cláusula de confidencialidade, nós não podemos abrir o que realmente acontece. Mas uma coisa vocês podem ter certeza, o Palmeiras não ganha absolutamente nada e, no andar da carruagem, eles vão entregar o Coliseu para nós. Vocês não vão precisar nem em Roma, vocês vão poder visitar aqui o Allianz Parque.

Com relação ao Allianz Parque, o Palmeiras não tem o que fazer, porque em contrato eles podem locar. O que a gente tem feito ultimamente é jogar com o palco, perdendo uma parte do estádio. Então eu não tenho muito o que fazer, porque existe o contrato, eles têm o direito de locar.

E com relação a quando não for possível jogar no Allianz Parque em virtude desses shows, existe Barueri, que realmente a gestão hoje é de uma empresa nossa, minha e do meu marido, e terá o Pacaembu. Onde a nossa comissão técnica achar melhor jogar, vai jogar, não tem problema. O Palmeiras não tem obrigação nenhuma de jogar na Arena Barueri, hipótese nenhuma, se for, se todos decidirem aqui que seria melhor o Palmeiras jogar em Barueri, joga em Barueri, e se não for em Barueri, joga no Pacaembu. Então, cada jogo é um jogo, cada caso é um caso.

Caio Paulista e relacionamento com o São Paulo

Com relação ao Caio Paulista, não houve problema absolutamente nenhum. O Júlio Casares é um amigo. É uma pessoa que eu respeito muito. Conheço ele antes dele ser presidente do São Paulo. O São Paulo tinha uma cláusula de opção de compra do atleta. Até essa data da cláusula de opção, nós não fizemos contato. Quando quando o São Paulo não fez a opção de compra, o jogador ficou livre de ser negociado com o Fluminense.

O Palmeiras não fez absolutamente nada, nada irregular. É diferente quando o Palmeiras tem interesse em algum atleta de algum clube que tem contrato vigente. Antes de qualquer aproximação, eu converso com o presidente e pergunto. Vocês têm interesse em negociar o atleta? Não. Então, encerra. Para. Então, para não. Nem começa. Mas não foi o caso. O Caio estava livre para ser negociado com o Fluminense.

Avião em 2024

Eu fui criticada por causa da aeronave. O Palmeiras vai continuar utilizando. Lembrando que o Palmeiras não paga absolutamente nada para utilizar a aeronave. Não está utilizando agora, porque o avião está no Departamento Médico. Brincadeiras à parte, ele está em manutenção, mas assim que estiver de volta, vai voltar a usar a aeronave. Enquanto eu for presidente do Palmeiras, eu vou fazer o possível e o possível para que os nossos atletas, a nossa comissão técnica, tenham o maior conforto possível, porque com esse calendário enlouquecido do futebol brasileiro, essa logística é extremamente importante. Então, vai continuar usando assim. Assim que ele voltar da manutenção, os nossos atletas vão continuar usando.

Mulher no futebol

Quando nós divulgamos, por incrível que pareça, eu vi muitas, nem críticas, mas perguntas de homens. 'Por que só mulheres?' É o que eu digo para esses homens. Não sejam histéricos. Não é isso que falam da gente quando a gente reclama? Quando a gente precisa ser ouvida? Não falam que nós somos estéricas? Nós não somos estéricas. O que eu gostaria que esse nosso encontro simbolizasse para os homens, que eles sintam o que nós, mulheres, sentimos desde que nascemos. O que eu quero que eles sintam, e que toda a sociedade foque nisso. Nós não queremos nenhum privilégio, nós só queremos ter a oportunidade de mostrar que somos competentes, que queremos espaço nesse mundo do futebol que é tão masculino.

Eu me sinto extremamente solitária. Então nós temos que dar um basta nisso, um basta. Não pode ser normal, ter só uma mulher à frente de um grande clube na América do Sul. Isso não é normal. Por que isso acontece? Porque nós sofremos diversas restrições que nos impedem chegar onde nós podemos estar. Muitas pessoas esperando uma notícia bombástica. O que, para mim, é extremamente relevante é que a sociedade enxergue nós, mulheres, como pessoas que querem só ocupar os lugares que nós temos essa capacidade para tanto.

Claro que esse problema de machismo é estrutural. Eu, como presidente do Palmeiras, não vou resolver do dia para a noite ou em dois anos que estou à frente do Palmeiras. Mas que use a força do futebol para abrir os olhos do mundo, que nós podemos estar onde nós quisermos. Então, que hoje seja um marco para nós, mulheres, nos posicionarmos sempre, dizendo que nós somos capazes, nós só queremos mais oportunidades.

Eu não vou solucionar o problema do machismo no Brasil, no mundo, muito menos no futebol, mas com a força do Palmeiras, com a força da nossa marca, eu acho que a gente pode ser um exemplo. Se houvesse o machismo no Palmeiras, eu não teria sido eleita presidente desse clube gigante. Então eu tive homens e tenho parceiros fantásticos dentro do clube que acreditaram, independentemente do gênero, da minha capacidade em administrar o Palmeiras. E é isso que eu clamo para nós mulheres, nós só queremos oportunidade. Então isso já é uma grande bandeira, um grande clube elegeu uma mulher como presidente.

Reeleição

Eu sou candidata à reeleição do Palmeiras, eu acho que em três anos deu para fazer um belo trabalho. O nosso mandato é extremamente vencedor desde o primeiro ano, e eu acho que eu posso dar continuidade a esse projeto vencedor por mais um mandato. Eu acho que a linha que nós temos tomado é uma linha muito assertiva, muito responsável. O Palmeiras não precisa se transformar em empresa, que hoje o Palmeiras, ele é administrado como uma empresa, com certas peculiaridades por causa da paixão do torcedor, não é? Mas aqui, as pessoas que trabalham aqui é porque são competentes.

Críticas em 2023

Eu aguentei firme. Eu costumo falar com o meu pessoal, 'não tem problema, eu prefiro que venha para mim e deixe meus atletas, deixe o nosso treinador, comissão técnica, sossegados, trabalhando, não tem problema nenhum'. Às vezes, o que acontece? Eu vejo, que aí eu vejo a parte, por eu ser mulher, eu acho. Ninguém fala, Leila, você é incompetente, não, não falam isso, porque você é mulher, não. Mas engraçado, quando o Palmeiras perde, a responsável é a Leila, ok, eu sou a responsável, eu sou a presidente do Palmeiras, não é? Quando o Palmeiras é vitorioso, é vitorioso apesar da Leila, sabe? Porque será que a presidente não tem algum mérito? Claro que tem, gente.

Eu sei das minhas qualidades, eu sei dos meus defeitos, onde eu possa melhorar, sabe? Então, mas eu não me incomodo, mas eu acho que muitas críticas que se fazem a mim, que se fosse um homem sentado aqui, não teria, eu não tenho dúvida disso. Então, quando o Palmeiras perde, a responsável é a gestão da Leila Pereira, mas quando vence também, a responsável é a gestão da Leila Pereira.

No ano de 2023, eu estive muito só. Nós temos que ter responsabilidade. Nós não temos que contratar porque há um clamor popular. Eu não vou fazer isso. Eu não vou fazer isso. Não esperem isso da presidente. Esse título, que foi um título histórico, foi muito representativo para mim. Muito. Que ratificou que o que eu estava fazendo está correto, que a presidente do Palmeiras é uma presidente responsável. Eu tenho certeza absoluta que, se fosse um homem no meu lugar, eu não teria recebido as críticas que eu recebi, mas aguentei firme.

E eu quero ser lembrada por uma dirigente, a primeira presidente mulher de um clube gigante como esse, que administrou de uma forma responsável, apesar de todas as críticas, apesar de todas as dificuldades, nesse ambiente extremamente masculino, e foi uma mulher dura, firme, vitoriosa e que, como diz a música, a força da gente não é bruta. Com a nossa força, nós conseguimos um clube diferenciado e exemplo para o futebol brasileiro e internacional.

Reconhecimento facial no Allianz Parque

Nós tínhamos muitas reclamações com relação ao cambismo e que o nosso torcedor Avante reclamava que não conseguia ingressos. Por quê? Porque esses ingressos estavam todos em mãos de cambistas. E aí eu pensando, falei, gente, não é possível, eu preciso resolver isso, eu preciso proteger o nosso torcedor. E aí foi me apresentada uma empresa, a Bepass, me apresentando esse projeto do reconhecimento facial.

Hoje o nosso torcedor pode com tranquilidade entrar na nossa arena. Todos são reconhecidos e nós linkamos com a Secretaria de Segurança Pública, então nós já pegamos várias pessoas procuradas pela polícia, devedores de pensão alimentícia, pessoas desaparecidas, então é um serviço público muito importante que o Palmeiras, não é, está prestando para a sociedade, tanto que a partir do ano que vem, vai ser obrigatório.

Abrir treinamentos para a imprensa

Com relação a abrir trenamentos para a imprensa, isso passa muito pela determinação da nossa comissão técnica, do nosso diretor de futebol. Como eu te falo aqui, eu sou a última palavra, claro, porque eu sou a presidente do clube, mas eu sempre ouço com muita atenção as solicitações da nossa comissão técnica, do nosso diretor de futebol, e eles se sentem mais à vontade, atendendo pontualmente os jornalistas, não abrindo o nosso como era antigamente. Mas eu vou te falar uma coisa, tudo pode ser revisto.

Prometo que eu vou conversar novamente com Anderson, com Abel, para ver o que podemos fazer com relação a abrir treinos para a imprensa, mas atender a imprensa, a nossa assessoria de imprensa atende a todos vocês, todos. Não respondi da forma que você queria, mas é que eu não tenho resposta.

Elitização do futebol

O futebol, apesar de ser popular, ele é elitizado a partir do momento que são investimentos altíssimos que você precisa fazer para ter um time competitivo, campeão. Hoje, você não conversa sobre um jogador médio por menos de 5 milhões de dólares, 5 milhões de euros. A folha de pagamento de um clube da grandeza do Palmeiras são milhões e esses valores precisam sair de algum lugar.

É incompatível você falar em um time competitivo se você não tem de onde tirar os valores. E uma das fontes de renda de um clube de futebol é o programa sócio-torcedor, é a venda de ingressos.

Nós fazemos, sim, determinadas ações para o público mais necessitado, abaixando os valores de ingressos em determinados jogos do Palmeiras.

Futebol feminino

Nós estamos negociando um novo patrocinador, [...] O futebol feminino, a cada ano, nós estamos tentando melhorar. Nós vamos ter, sim, categoria sub-20 esse ano. O grande problema do feminino é a questão de investimento. Não dá para comparar o masculino hoje com o feminino. O volume de investimentos que existe, como disse, direito de transmissão, o feminino não recebe absolutamente nada.

Eu preciso de investimento para, a cada ano, nós conseguirmos melhorar. Mas, constantemente, nós temos melhorado. As meninas ficam em Vinhedo. Eu estou constantemente em contato com o nosso diretor de futebol. Contratamos, recentemente, uma técnica. São dezenas de atletas que nós estamos trazendo esse ano. Então, eu acredito que, passo a passo, nós vamos melhorar cada vez mais o nosso futebol feminino.

Sobre a Bia Zaneratto, nós estamos negociando. Há propostas de fora para atleta, mas, às vezes, não depende só do Palmeiras.
Às vezes, são propostas irrecusáveis que você não tem como segurar a atleta. Então, fazemos o máximo que podemos dentro do nosso orçamento para fixarmos essas grandes atletas aqui no feminino. Mas, com relação à Bia, realmente estamos negociando ainda, porque tem propostas do exterior, mas estamos tentando chegar a um denominador comum.