Palmeiras busca atletas "sob medida" e calcula até resiliência de reforços
Imagine reforçar seu time com um jogador que tenha todas as característica que o seu estilo de jogo precisa? Ou então calcular como o seu atacante se comporta diante de uma derrota parcial por 3 a 0? É esta a função do novo Departamento de Ciência de Dados do Palmeiras.
O que aconteceu
O Palmeiras inaugurou o departamento nesta temporada e tem parceria com a Opta. O objetivo é unir dados de diversos setores para atender as demandas do clube, como da comissão técnica e equipe de análise de mercado.
Com a parceria, o Palmeiras consegue estruturar os dados de acordo com as características do time de Abel Ferreira. Antes, o clube recebia "relatórios fechados" de empresas contratadas, o que limita a margem de análise.
Imagina que em vez de eu saber quantos cruzamentos, consigo saber exatamente o local que a pessoa estava, exatamente onde a bola chegou e, através de cálculos, consigo saber a distância, a velocidade, se a gente ganhou essa metragem no ataque. Com o dado bruto, a gente passa a criar a nossa versão desses relatórios e aumentar as variáveis que a gente utiliza. Emerson Oki, líder do Centro de Ciência e Dados do Palmeiras
Classificação e jogos
Para a nossa comissão técnica, a velocidade que a gente transita a bola entre os zagueiros é importante. Então, tendo dado bruto, eu consigo saber se um zagueiro consegue cruzar essa bola numa velocidade boa ou ruim. A gente consegue chegar nesses pontos para que, quando se contrate um novo zagueiro, se saiba que ele tem uma velocidade de troca de corredores boa.
O Palmeiras já usava indiretamente os dados da Opta. Eles são matéria-prima para softwares de análise de mercado e desempenho usados pelo clube.
Análise de mercado
Eu consigo saber com a comissão técnica quais são 'jogadores referência'. Então sei que quais são as informações importantes para aquele perfil de contratação. A gente consegue rodar isso na base de dados de todos os times no mundo, e eu consigo chegar nos jogadores que estão nessas características. Então, a gente gera esse funil para a Análise de Mercado estudar o que interessa para o Palmeiras.
A gente começa dando uma lista aberta, até para ver se eles estão monitorando todos os jogadores que caem nessas características. E temos alguns alertas para quando novas pessoas entrarem nesses indicadores.
E aí eles [equipe de análise de mercado] fazem todo o processo, junto à comissão técnica, de analisar cada jogador, fazer o acompanhamento de quando vence o contrato. No final, quando eles estão com uma lista de jogadores para a posição, eles pedem uma reanálise para a gente ver se os números desse jogador continuam crescendo.
Além de contratações, o departamento também atua para um melhor desempenho do time de Abel Ferreira. Eles analisam, por exemplo, as bolas paradas, o grau de dificuldade das defesas de Weverton e também os adversários.
Calcular resiliência?
O jogo contra o Botafogo, se você for analisar os dados, o Endrick continuou atacando mesmo com a gente perdendo de 3. Isso acabou virando uma estatística interessante. Você fala assim, nos outros países, quais são os jogadores que, mesmo perdendo, continuam forçando o ataque, tentando algo para virar o jogo [...] É o grande mote desse nosso time. Ele é sempre resiliente, nunca desiste.
É possível, inclusive, ajudar o Palmeiras a se preparar para jogos contra times pouco conhecidos ou até confrontos inéditos.
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Quero receberImagina que estou pegando a Copa da África. Eu não sei qual time joga um clássico, só que é importante analisar se um jogador performa melhor em um clássico ou não. [...] Então a gente consegue, através desses cálculos que a gente tem, saber quais são os clássicos deles, para saber qual é o jogador que, um clássico perdendo, continua resiliente.
Jogadores de olho nos números
A gente tem alguns jogadores que são interessados nesses dados, porque existe uma competitividade entre eles e com os outros times.
Para cada posição a gente tem um dado que é um pouco mais estratégico. Aí eles acabam tendo acesso às informações. Acho que a comissão técnica é bem mais detalhada. Dos jogadores é mais esse acompanhamento.
É uma coisa que a gente está trabalhando para contagiar cada vez mais, porque é importante todo mundo saber o que a gente faz, os conceitos que a gente trabalha, e também que esse dado seja permeado, porque eles podem trazer alguns insights que a gente não tinha visto.
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