Organizadas querem Supercopa como modelo para fim de torcida única em SP

O último clássico paulista com duas torcidas dividindo o mesmo palco aconteceu em uma partida entre Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista de 2016. Quase oito anos depois isso voltará a acontecer, mas em Minas Gerais, no Mineirão, onde Palmeiras e São Paulo se enfrentam pela Supercopa do Brasil no domingo (4).

A volta das torcidas paulistas dividindo um estádio só foi possível graças a uma força tarefa da Polícia de São Paulo, de Minas Gerais, e reuniões semanais com as principais torcidas organizadas de Palmeiras e São Paulo antes do evento.

Esquema de segurança e planejamento para evitar brigas

O Batalhão de Choque da São Paulo fará busca pessoal em todos os ônibus das torcidas organizadas de Palmeiras e São Paulo e a escolta até a divisa do estado Minas com São Paulo, em Extrema. Serão 55 ônibus da Mancha Verde e 50 da Independente segundo a PM — os números fornecidos pelas organizadas são um pouco maiores.

O ponto de encontro da Mancha Verde é no estádio Allianz Parque (saída às 20h), enquanto da Independente é no centro de São Paulo (embarque às 23h). Em Extrema, a PM de Minas começará um comboio até o Mineirinho, onde os alviverdes serão recebidos pelos coirmãos da Galoucura por volta das 9h. Os tricolores irão direto para o estádio e têm previsão de chegada às 13h, no domingo.

O policiamento de Minas Gerais exigiu que todos os ônibus tenham banheiros e dois motoristas. Nenhum ônibus irá parar durante os trajetos — nem mesmo no pedágio, o pagamento foi realizado com antecedência — para evitar possíveis conflitos entre as torcidas organizadas.

Flávio Godinho, diretor de operações da PM-MG, afirmou que foi realizada uma reunião com líderes das principais organizadas de Atlético-MG, Cruzeiro, Palmeiras e São Paulo, para que eles firmassem um compromisso de algumas ações para não ocorrer nenhuma briga — por isso a PM-MG liberou mastros, bandeiras e instrumentos musicais no Mineirão.

Mancha Verde diz que mentalidade da Supercopa é de festa

O UOL conversou com Jorge Luis, presidente da Mancha Verde, e que participou das reuniões com a Polícia de SP e MG. O líder da organizada acredita que o evento no Mineirão será uma grande oportunidade para as duas torcidas mostrarem a mudança de mentalidade nos últimos anos.

"Hoje a cabeça das torcidas organizadas é diferente. Nós [Mancha e Independente] até gostaríamos que o jogo acontecesse em São Paulo para mostrar que é possível que duas torcidas diferentes frequentem o mesmo estádio", disse.

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"A relação entre as lideranças de Mancha Verde e Independente é muito boa. Entramos em contato para falar sobre o jogo e ambos entendem que pode ser um marco para o futebol em São Paulo. O tema briga sequer foi citado. Ninguém é bobo, mas pelo diálogo que tivemos com a Independente, o surgimento de um ato violento é praticamente zero", acrescentou.

Independente quer estádio dividido em 50-50 em clássicos de SP

A reportagem também conversou com Henrique Gomes, o Baby, um dos principais líderes da Independente.

Ele espera que o jogo da Supercopa sirva de exemplo, mostrando que pode haver torcidas divididas em um estádio sem brigas. No entanto, querem 50% da capacidade para cada clube, seja no Allianz Parque, no Morumbi, na Neo Química Arena ou Vila Belmiro.

"Não adiante querer voltar 5% ou 10% para visitante. O futebol precisa voltar ao que era antigamente no Morumbi e no Pacaembu. E agora com as arenas, caso voltem as torcidas em clássicos em São Paulo, tem que ser dividido 50-50", afirmou Baby.

Supercopa pode mudar decisão de clássicos com torcida única em SP?

O UOL procurou o Ministério Público de São Paulo para entender se o sucesso do evento em Minas pode mudar a decisão de torcida única na cidade de São Paulo. No entanto, a recomendação é de manutenção da regra.

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A posição do MP é pela recomendação expressa para a torcida única nos clássicos paulistas. Quanto ao jogo em BH, há acompanhamento direto, com reuniões necessárias para a diminuição dos possíveis riscos, com tudo está sendo gerenciado. MP-SP.

Clubes são contra torcida única em clássicos

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, afirmou em entrevista a Casagrande — colunista do UOL — que é totalmente contra a decisão.

Eu sou totalmente contra a torcida única, e agora com esse reconhecimento facial que implementamos no Allianz Parque, todas as pessoas são identificadas. Se algum brigão cometer alguma violência, dentro ou fora, é só a polícia dizer quem é que não entra mais. Tem que ter punição. Aliás, a falta de punição é a semente do próximo crime. Leila Pereira, ao Casão Pod Tudo

Há um ano, após Palmeiras 3 x 1 Santos no Morumbi, Casares afirmou que Palmeiras e São Paulo mostraram que é possível a convivência pacífica entre rivais — posteriormente o São Paulo usou o Allianz para enfrentar o Água Santa. O UOL apurou que o posicionamento do presidente do Tricolor segue o mesmo.

O futebol paulista sai vitorioso após este fim de semana. São Paulo e Palmeiras mostram que é possível a convivência pacífica entre rivais históricos, deixando a disputa acirrada apenas para dentro de campo nos jogos entre os times. Queremos que este momento seja um marco para o futebol paulista. Julio Casares

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