Choro de amigas e defesa ostensiva: o 1º dia do julgamento de Daniel Alves

Daniel Alves começou a ser julgado em Barcelona hoje (5) por agressão sexual a uma mulher de 23 anos. O crime teria acontecido em dezembro de 2022.

O julgamento tem previsão de três dias de duração — de segunda à quarta-feira (7). O primeiro dia de audiência teve as considerações iniciais de acusação, defesa, além dos depoimentos da denunciante, de sua prima e da amiga que a acompanhavam na boate; dois garçons e o porteiro da boate Sutton também falaram.

A corte abriu a audiência às 10h30 da Espanha (6h30 no horário de Brasília). Defesa e acusação informaram que não chegaram a acordo, e que o julgamento aconteceria normalmente.

Defesa tenta anular processo

A advogada do jogador, Inés Guardiola, tentou anular o processo por completo. Ela alegou, em seu discurso inicial, que Daniel começou a ser investigado sem saber, e que isso, juntamente à exposição midiática, o teria prejudicado.

Entre as alegações de Guardiola, ela levanta mais uma vez a violação de direitos fundamentais citando o fato de um perito particular ter sido impedido de participar do exame psicológico da denunciante.

A defesa alega ainda a violação do direito fundamental à presunção de inocência devido ao "julgamento paralelo" nos meios de comunicação. Inés Guardiola disse que os vazamentos de informações pela mídia norteiam que Daniel Alves seria um agressor sexual.

Ainda em sua fala inicial, Guardiola se queixa da decisão do tribunal de manter o depoimento da mulher sob sigilo, com voz e imagem distorcidas. "É um tratamento diferente daquele que o investigado tem tido desde o início do processo", disse.

O protocolo foi definido pela corte para preservar a identidade dela. Durante seu depoimento, todos deixaram a sala, e ela foi separada de Daniel por um biombo para que evitassem contato visual.

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Entre os documentos apresentados pela defesa do brasileiro, há registros de que o jogador tem uma dívida de 500 mil euros com o Tesouro Espanhol. As contas do jogador, apresentadas pela advogada, mostram um total de 30 mil euros apenas.

Acusação cita mãe de Daniel

Em sua primeira fala, a advogada de acusação, Ester García López, apresentou ao júri um documento que prova que a denunciante está afastada do trabalho até hoje devido às complicações emocionais decorrentes da violência que alega ter sofrido.

Ester se muniu, ainda, de entrevistas concedidas por Daniel Alves em janeiro de 2023 — com o intuito de refutar a circunstância atenuante de violação de direitos fundamentais, alegada pela defesa dele.

A advogada expôs a denúncia feita contra a mãe do jogador, Lúcia Alves, que divulgou fotos da mulher que o acusa em suas redes sociais. A proteção da imagem da mulher tem sido fundamental no processo. Lúcia Alves também esteve presente no Tribunal nesta segunda-feira.

Ao fim da primeira parte da audiência, a defesa pediu que Daniel Alves fosse o último a se pronunciar, falando apenas no último dia de julgamento. Acusação não se opôs, e o jogador falará apenas na quarta-feira.

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Mulher reafirma estupro e amiga chora

A denunciante falou por 1h15, em audiência fechada para proteger sua identidade. Dentre os tópicos abordados, ela reafirmou que Daniel Alves a estuprou na noite de 30 de dezembro de 2022.

Depois dela, a corte ouviu a amiga que a acompanhava na noite de 30 de dezembro de 2022. Ela chorou bastante ao dar sua versão dos fatos, e foi intensamente questionada pela advogada de defesa de Daniel.

A mulher afirmou que a denunciante foi encontrada "chorando inconsolavelmente". "Nunca a tinha visto chorar assim na minha vida". A testemunha explicou também que a amiga repetia "ele me machucou muito, ele me machucou muito". "No final, nós três choramos porque não sabíamos como reagir", disse, se referindo à denunciante e à prima dela, que estava junto das duas naquela noite.

Prima endossa versão de amiga

A prima foi a terceira a prestar depoimento, e endossou tudo o que a amiga havia dito. O modus operandi de Guardiola foi o mesmo: focou em detalhes e os questionou severamente.

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Ela explicou que o brasileiro insistiu que a denunciante a acompanhasse até algum lugar, mas ela não quis. Segundo o depoimento dela, ele então acessou uma porta "que ela não sabia para onde ia" e esperou a chegada da vítima. "Eu disse a ela para ir falar com ele", acrescentou a testemunha. "Eles ficaram lá por cerca de 15 minutos."

Quando a porta se abriu e o jogador saiu, continuou a jovem, a denunciante demorou "cerca de dois minutos" a fazer o mesmo. Neste momento, a testemunha começou a chorar. "Ela não me disse nada, mas fez uma cara muito feia." Depois, no vestiário, teria verbalizado: "Ele me machucou muito", e explicou ter sido estuprada. Foi então que a boate ativou o protocolo.

Funcionário explica como foi abordagem

O quarto a ser ouvido foi o funcionário da boate que intermediou o contato entre as mulheres e Daniel Alves. Em seu breve testemunho, ele disse que foi Bruno, amigo de Daniel, que apontou quais seriam as garotas que ele deveria convidar à área VIP.

Ele disse que era um procedimento comum quando se tratava de famosos, e que já havia feito essa intermediação antes.

Porteiro fala e fecha trabalhos do primeiro dia

O porteiro da boate que atendeu a mulher foi o último a falar nesta segunda-feira (5). Ele confirmou as imagens vistas com exclusividade pelo UOL em maio de 2023: enquanto o porteiro ouvia o que a denunciante tinha a dizer, em prantos, Daniel Alves passou a menos de um metro deles sem dizer nada.

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