Começou às 11h desta quarta-feira (7) o último dia de julgamento de Daniel Alves, acusado de agressão sexual por uma mulher em Barcelona.
O que aconteceu
A audiência começou com depoimentos de médicos e psicólogos que atenderam a denunciante antes e depois do ocorrido.
Um dos médicos detalhou o estado em que encontrou a mulher:
Ela estava com medo, mas era coerente, educada, com momentos de tensão e lágrimas. Ainda assim, explicava de forma coerente o que havia acontecido.
Segundo ele, a denunciante não mencionou o nome de seu agressor, "só disse que falava português".
Outro forense relatou que o idioma fez parte do quadro traumático da mulher. "Quando ela ouvia alguém falar português, ficava muito nervosa", contou.
Ele também disse que a denunciante perdeu a vontade de praticar alguns hobbies que tinha até então e que também tem tido um forte distúrbio de sono. Todos, disse ele, são sintomas consistentes de estresse pós-traumático.
Escoriações no joelho
Os médicos ouvidos também foram questionados sobre a origem das escoriações que a mulher apresentou em um dos joelhos. Houve um consenso nas respostas de que não havia como determinar a causa daquele machucado, mas que era uma lesão de menor profundidade. "Compatível com bater em uma porta".
Um terceiro médico, chamado pela defesa de Daniel Alves, analisou os laudos forenses produzidos pelos companheiros, e afirmou:
Pode ser pelo apoio do joelho de forma reiterada, no entanto dizer 100% que é causada por tocar o solo de joelhos não é possível. Quando alguém é empurrado e cai, há lesão nos dois joelhos.
Lesões na vagina
Os especialistas alegam que não houve lesão vaginal, mas minimizam esse fato como prova, ou não, de agressão sexual. "Cerca de 70% das mulheres que sofrem agressão sexual não têm lesões vaginais", disse um deles.
Tensão e discussão
O depoimento dos peritos foi marcado por momentos de tensão: de um lado, estavam os médicos e a psicóloga que diagnosticaram estresse pós-traumático na denunciante.
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Quero receberSão oito critérios técnicos, e ela se encaixava no quadro, afirmou um dos médicos.
A psicóloga responsável pelos exames pelos quais a denunciante passou também confirmou a informação.
No entanto, ambos foram confrontados por uma psicóloga contratada pela defesa de Daniel Alves, que acompanhou uma das entrevistas. Ela afirmou que os dados recolhidos nos exames psicológicos "não são suficientes" para diagnosticar o estresse pós-traumático.
A perita privada disse, ainda, que participou de um exame com a presença da denunciante, mas afirmou que não foi permitido que ela fizesse perguntas, como havia sido combinado. "Eu apenas ouvi um questionário com questões absolutamente superficiais".
Entre discussões e interrupções entre as psicólogas e um médico forense, a juíza que preside o Tribunal precisou intervir.
Por fim, respondendo a perguntas da advogada de Daniel Alves, a psicóloga privada contratada pela própria defesa disse não concordar com os laudos formulados pelos forenses e questionou o fato de a denunciante não ter seguido uma pauta de medicamentos e ter se recusado a fazer acompanhamento psiquiátrico.
Psicólogas da defesa falam
Depois dos especialistas forenses, duas psicólogas contratadas pela defesa de Daniel Alves também prestaram depoimento. Elas fizerem um perfil psicológico do jogador a partir de uma entrevista com ele.
As psicólogas seguiram a linha da defesa, dizendo que Daniel Alves estava alterado pelo consumo de álcool quando chegou à Sutton na noite de 30 de dezembro de 2022. Elas afirmaram, contudo, que o perfil psicológico dele não mostra características compatíveis com alguém que possa praticar uma agressão sexual.
"Não encontramos nenhum fator com pessoa agressiva, nenhum desvio normativo. É muito pouco provável que uma pessoa com esse perfil possa fazer uma agressão", afirmaram as profissionais. A advogada da denunciante., Ester García, perguntou se elas acreditam que, naquela noite, Daniel Alves era capaz de distinguir o bem do mal; as psicólogas disseram que sim.
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