Por que defesa insiste em tese de que Daniel Alves estava bêbado

A versão de que Daniel Alves estava embriagado e não se lembra do que aconteceu na boate Sutton em 30 de dezembro de 2022 é a principal aposta da defesa do jogador no julgamento por agressão sexual.

Durante os dois primeiros dias do julgamento, em que 24 testemunhas prestaram depoimento na Audiência de Barcelona, ficou clara a intenção da equipe chefiada por Inés Guardiola. O álcool foi tema central dos depoimentos de três amigos de Alves, incluindo Bruno, que estava com ele na discoteca.

Mas, por que a defesa de Daniel Alves — que até então não mencionava a embriaguez do jogador — insiste em citar o consumo de álcool naquela noite?

A resposta pode estar no artigo 21.2 do Código Penal espanhol, que prevê um atenuante da pena caso haja "grave vício em bebidas alcoólicas, drogas ou outras substâncias que produzam efeitos análogos". O Código Penal também prevê, em seu artigo 66.1.1, que "caso seja considerado o atenuante, a condenação deve se limitar à metade inferior da pena".

Na Espanha, a pena para casos de agressão sexual com penetração vai de 4 a 12 anos de prisão. Se os juízes considerarem o álcool como atenuante no caso de Daniel Alves, uma possível condenação poderia ficar, no máximo, em 6 anos.

Além do artigo 21.2, há outro atenuante que pode beneficiar o brasileiro: o pagamento da indenização de reparação por dano causado. Em agosto, os advogados de Daniel Alves pagaram uma indenização de 150 mil euros (R$ 800 mil) à Justiça. Caso ele seja condenado, o valor será repassado à vítima; se houver absolvição, a quantia será devolvida a Alves.

Em janeiro deste ano, o UOL revelou que a família de Neymar ajudou Daniel Alves a pagar a indenização porque o jogador está com as contas bloqueadas e não tinha dinheiro para fazê-lo.

De acordo com especialistas, caso os juízes da Audiência de Barcelona considerem os dois atenuantes pertinentes, a pena de Daniel Alves — em caso de condenação — poderia ver-se reduzida a cerca de 4 ou 5 anos.

A partir daí, o brasileiro poderia beneficiar-se de alguns requisitos como ser réu primário e ter bom comportamento para conseguir um "terceiro grau", como é chamado o regime semiaberto na Espanha.

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O benefício é dado a partir de quando o detento cumpriu um terço da pena, dependendo dos casos. Assim, caso seja condenado a 5 anos de prisão, Alves teria possibilidades de entrar no semiaberto com 20 meses de reclusão, a contar de janeiro de 2023; ou seja, em setembro deste ano.

Vinho, uísque e gin tônica

A tese de que Alves chegou a Sutton completamente embriagado é uma novidade no processo do caso. Para dar mais força à versão, a defesa convocou para depor dois amigos que estiveram com ele horas antes da entrada na discoteca.

Os amigos contaram em juízo que, desde as 14h30 da tarde, o jogador consumiu vinho, uísque e gin tônica. O chef Bruno Brasil, que estava com Daniel Alves na Sutton, afirmou que o amigo bebeu quatro taças de champanhe no interior da boate.

Um dos funcionários da Sutton corroborou a tese de que o brasileiro estava alcoolizado. "Ele não estava como sempre. Tinha bebido ou fumado alguma coisa", afirmou.

Mulher de Daniel Alves, Joana Sanz seguiu a mesma linha. "Ele chegou a casa muito bêbado, com cheiro de álcool. Ele tropeçou em uns móveis e caiu em cima da cama", disse a modelo espanhola.

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Quinta versão

Daniel Alves prestará depoimento hoje (7), terceiro dia do julgamento do caso. O brasileiro, seguindo a linha da defesa, dirá que estava alcoolizado e que tem poucas lembranças claras daquela noite.

A versão será a quinta dada pelo jogador desde que o caso começou a ser noticiado pela imprensa espanhola. Em janeiro de 2023, antes de se apresentar às autoridades, ele enviou um vídeo a um programa de televisão, dizendo que "não conhecia essa senhora".

No primeiro depoimento à Justiça, em 20 de janeiro, Alves começou afirmando que os dois entraram no banheiro, mas nada aconteceu. Minutos depois, confrontado com declarações de testemunhas, ele mudou a versão e disse que a mulher fez sexo oral enquanto ele "fazia suas necessidades".

Em 17 de abril, num segundo depoimento à Justiça, veio a quarta versão, em que o jogador confirmou que houve sexo com penetração, mas de forma consensual.

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