Advogado da família de jovem morta diz que meia do Corinthians mudou versão
O advogado Alfredo Porcer, que representa a família de Livia Mattos, apontou uma "inconsistência" nos depoimentos de Dimas, meio-campista do sub-20 do Corinthians. A jovem morreu após ter uma relação sexual com o jogador.
O que aconteceu
Segundo o advogado, Dimas mudou sua versão sobre o ocorrido. Ele teria afirmado, ontem, que houve apenas uma relação sexual com Livia.
No primeiro depoimento, porém, o atleta teria dito que os dois tiveram uma relação, descansaram e que, depois, partiriam para uma segunda. Livia teria passado mal apenas neste momento.
Há uma inconsistência no depoimento do jovem atleta. [...] O que eu observei foi que ele disse que teve uma primeira relação, descansou e conversou. Imagina-se que teve um tempo para isso. Aí, ele foi ter uma segunda relação quando notou que a jovem estava desmaiada. No depoimento de ontem, ele disse que foi somente uma vez que ele percebeu que ela não estava em condições de continuar o ato Alfredo Porcer, advogado que representa a família de Livia
O UOL procurou o advogado do Dimas, que não quis comentar sobre a suposta mudança de versão.
Como foi o dia
O pai de Livia, Rubens, e a irmã Luana, prestaram depoimento. Eles compareceram à 5ª Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo.
A irmã detalhou a troca de mensagens entre elas até minutos antes do encontro de Livia com Dimas.
A família trouxe o celular da jovem morta para a delegada responsável pelo caso, mas ele foi devolvido ao final do dia.
Veja o que mais o advogado falou
Últimas mensagens. "A filha do meio, a Luana, manteve contato com a Lívia até, mais ou menos, 18h07. A partir daí, ela não obteve mais resposta porque elas conversavam pelo WhatsApp, eram muito próximas. Isso pode ser um fator determinante de horário, porque ela não respondeu mais às mensagens da irmã cerca de 15 minutos depois que entrou no local."
Lesão de Lívia. "O rompimento aconteceu, mas a maneira como isso se deu é só pelos laudos complementares. No primeiro momento ele disse que teria uma segunda relação, mas ele não chegou a ter. Quando ele foi ter a segunda, ela estava desmaiada — e ele não narra isso no segundo depoimento, ele disse que foi uma relação sexual só."
Celular. "O próprio pai disponibilizou [o celular] com a senha, dentro da legalidade. Ele mostrou o celular para a delegada e ela fez as anotações necessárias. O celular está com o pai."
Novidades sobre o caso. "É tudo prematuro, desde o início venho falando que temos que verificar de que forma essa menina morreu abruptamente. Não podemos ser levianos e dizer que o atleta teve participação direta nisso, mas existem inconsistências que, ao final, podem ser relevantes ou não."
Próximos passos. "É aguardar a linha de entendimento da doutora para que ela peça novas diligências. Lembrando que o Ministério Público tem ciência de tudo isso."
Importância dos exames. "Os exames complementares nos dão um norte, mas tem que ter um contexto todo para chegarmos a uma conclusão exata. O exame complementar não vai dar a intensidade do ato. A gente precisa ter todo o contexto. A delegada relata e vai para o Ministério Público, que pode promover arquivamento ou pedir novas diligências."
Atendimento. "O rompimento do saco de Douglas não foi em virtude do atendimento do Samu, mas se deu por um ato sexual. Este é o objeto central da investigação. É claro que o atendimento talvez salvaria uma vida, mas é muito incomum o óbito em uma situação desta. É tudo muito prematuro."
Entenda o caso
A estudante de enfermagem de 19 anos e o atleta, de 18, marcaram de se encontrar no dia 30 de janeiro.
Eles se envolveram sexualmente na casa do jogador, e Lívia morreu após o ato.
O jogador e a jovem se conheceram pelas redes sociais e aquele teria sido o primeiro encontro deles, segundo o advogado do jovem. Eles tiveram relações sexuais com preservativo antes de Dimas perceber que a mulher não estava se sentindo bem, ainda de acordo com a defesa.
Dimas ligou para o Samu, prestou socorro e acompanhou a jovem até o hospital, por volta das 19h (de Brasília). Os socorristas a atenderam ainda no apartamento. A vítima sofreu quatro paradas cardíacas e não resistiu.