Diretor financeiro sobre o Corinthians: 'Se fosse empresa, teria quebrado'

Rozallah Santoro, diretor financeiro do Corinthians, foi o convidado do quadro Finanças do Esporte, do De Primeira, e falou sobre a atual situação do clube junto com Rodrigo Mattos, Paulo Vinícius Coelho e Domitila Becker. Santoro disse que a situação do Corinthians seria considerada uma questão de falência em uma empresa de mercado.

Em qualquer empresa que não tivesse isenção tributária que um clube tem, nosso arcabouço ou as regras que a gente tem para operar, qualquer empresa do mercado teria falido. É uma foto falimentar. Ou seja, é pior do que a pior crise. Por isso que eu falo que o desafio é: fechar essa conta com receita extraordinária no primeiro ano. No segundo ano, entendendo que a gente tem que reforçar o elenco a cada ciclo, mas não é razoável que a gente tenha rupturas como do ciclo passado para esse. Isso é uma avalanche, uma tempestade perfeita. A gente sabe que tem um começo mais dolorido, mas que tem que ser acompanhada por uma estabilidade que se a bola não entrar, não virá. Rozallah Santoro

SAF no Corinthians?

Santoro respondeu sobre se há a possibilidade do Corinthians virar SAF e ter um investidor no comando como outros grandes clubes do futebol brasileiro.

"No atual cenário de governança que a gente tem no futebol como um todo, não é razoável que você tenha um investidor entrando em qualquer clube e colocando um dinheiro significativo, leia-se: dinheiro que resolve o problema, não existe um cenário onde ele faça isso sem ter o controle. Exatamente porque ele está sujeito à regras de governança, de organização, onde ou ele domina e decide ou ele não investe. Se virá um investidor no Corinthians e ele vai ter uma participação a ponto dele ter a caneta na mão e decidir os rumos do clube a resposta é: não, ele não terá. Nesse aspecto, temos instrumentos para continuar renegociando algumas dívidas que estão vencidas e eventualmente podemos entrar em um movimento onde eu possa respirar um pouco no caixa e esperar que essas receitas adicionais virem dinheiro no caixa. Usar a SAF como solução, não é razoável. Não vamos vender o Corinthians".

O que mais Santoro disse:

Qual o tamanho da dívida? "Uma análise preliminar que a gente fez, o balanço não está fechado, é que dezembro teve muita coisa que não foi paga, tinha recursos para entrar que não entraram e o que a gente pode acompanhar durante a transição teve um buraco de fluxo de caixa e a prévia que a gente tem é que vai fechar entre 900, 950 milhões. E aí, durante os últimos anos, a gente tratava a dívida do Corinthians como se a Arena não existisse. Então, o número que sempre se veiculava era na casa de 900 e simplesmente não se falava de Arena (estimada em 700 milhões)".

Acordo com a Vai de Bet: "A gente tinha uma propriedade, o patrocínio máster com a Neo Química, que pagava para a gente na casa de 20, 25 milhões. Existia uma negociação para outro patrocinador para assumir aquela propriedade por 60, 65 milhões. Estamos falando de valores anuais e foi fechado com a Vai de Bet por 120 milhões. A Pix Bet pagava 25,30 milhões pela omoplata e passaria a pagar 65 pelo máster. Eu teria 35 milhões de acréscimo. Agora tenho a omoplata vago, e tenho 120 no máster. Acho que ninguém ia decidir alguma coisa diferente de trocar um patrocinador pelo outro. Agora, a gente tinha uma multa rescisória, proporcional ao que faltava do tempo de contrato, tinha uma antecipação que foi feita que precisa ser devolvida. Por ano vou ter 50 milhões a mais de receita, mas na cabeça você tem que devolver 40".

Exemplos de Flamengo e Palmeiras: "Em 2015, você não tinha premiação do clube por performance. Era sempre por audiência. Naquele cenário, o Flamengo teve oportunidade de abrir mão da performance esportiva, não deixando de receber o dinheiro (da TV). Não existia a composição da performance na premiação. Quando você fala do Palmeiras, não tenho dúvida que essa alavancada recente tem relação com a gestão Paulo Nobre. O que acontece: é como se eu tivesse aqui uma forma de financiar meu desencaixe, tanto de curto prazo, quanto eu tenho de antecipar de despesa para montar um time competitivo para depois ter resultado disso e pagar o que antecipei. Se eu tivesse um financiador, seja quem for, é óbvio que o cenário seria outro, mas se eu for pro mercado buscar, é óbvio que não tenho crédito".

Orçamento para 2024: "A gente estabeleceu dois limites: o limite de investimento é o que tem para entrar dos valores do Gabriel Moscardo. Isso está sendo cumprido, um pouco a mais, um pouco a menos, mas esta linha está senda cumprida. Outra linha que está sendo estabelecida: fora os investimentos, o custo mensal do elenco não ultrapassaria o que a gente tem do orçamento de R$ 20 milhões/mês. Isso também está sendo cumprido. Então, não dá para dizer que está dissociado".

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