Pai conta como presidente do Corinthians ajudou família hostilizada em jogo
O vendedor Rogério Leoncini, suas filhas e o sobrinho foram hostilizados por torcedores do Botafogo-SP no Estádio Santa Cruz, na última quarta (14), após as crianças terem comemorado o primeiro gol de Romero, logo no início na partida. Ele relatou ao UOL como Augusto Melo, presidente do Corinthians, interveio para dar suporte a ele e à sua família.
Intervenção do presidente
O pai contou que Augusto Melo enviou seguranças do Alvinegro paulista para escoltá-los ao camarote destinado ao clube. Os funcionários do Alvinegro paulista chegaram logo depois que policiais abordaram a família dizendo que eles precisavam deixar o setor das cadeiras cativas, onde estavam.
Rogério estava acompanhado das filhas Samara e Beatriz, de 18 e 8 anos, respectivamente, além do sobrinho Davi, de 12. Corintianos, eles foram assistir ao jogo trajados com camisas do clube da capital. A confusão começou quando Davi e Beatriz comemoraram o primeiro gol do Corinthians e durou cerca de sete minutos até a intervenção do dirigente.
Segundo ele, o próprio presidente do Corinthians os recebeu no camarote e ofereceu suporte. O camarote destinado à cúpula corintiana ficava acima e era possível ver o local onde a família estava.
Classificação e jogos
Nem sabia que o presidente estava lá. Se não fossem os seguranças do clube, os policiais foram para nos retirar. Sorte que foram lá. Presidente deu todo apoio, foi surreal conosco. Partiu dele chamar a gente para o camarote. Fomos diretos, ele nos recebeu lá e disse: 'Aqui é Corinthians'. A Bia ficou emocionada, até chorou de abraçar o presidente. Segurança ficou do nosso lado o tempo todo, deram todo o suporte. Rogério Leoncini, ao UOL
Foi a primeira vez que a pequena Bia assistiu a um jogo do seu clube do coração — ela caiu nas graças da Fiel torcida pela forma como encarou os agressores. O pai afirmou que Augusto Melo abraçou e consolou a torcedora mirim, que era quem estava mais afetada pelo ocorrido. Depois, assessores trataram de instalá-los no espaço para acompanhar o decorrer do jogo em segurança.
Rogério acrescentou que a família foi convidada para ir à Neo Química Arena. Por questões de agenda, ficou combinado que eles irão no jogo contra o Santo André, no dia 2 de março, pela penúltima rodada da fase de grupos do Paulistão.
O presidente convidou a gente para ir lá [na Arena], Bia vai entrar com os jogadores. Vamos para São Paulo ficar no camarote. Bia está eufórica, está nas nuvens. Ela vai na Neo Química, está me pedindo faz tempo.
O que mais Rogério disse
Torcida mista na cativa: "Adquiri a cativa anteontem, era sócio do Botafogo-SP. Como ia levar a Bia no estádio, quis mudar por segurança. Somos corintianos. Comprei a cativa para ter segurança, mas quando comprei ninguém falou que não podia camisa de outro time, falaram que mudou esse ano. Em vários jogos que fui contra clubes grandes, tinha torcedor do Palmeiras e São Paulo misturado. Fui com a camisa, me revistaram, entrei normal. A gente chegou lá por volta das 19h40, pegamos lugar, andei por tudo e comprei comida para eles. Na cativa, sempre ficou torcida mista, nunca teve esse negócio [de não poder camisa de time grande]. Levei eles lá porque é o mais seguro, só família que vai. Aí acontece isso".
Início das hostilizações: "Os goleiros do Corinthians entraram a aquecer, Bia é muito fã do Cássio, começou a gritar que amava ele, uns torcedores em cima começaram a vaiar. Onde estávamos tinham vários com camisa do Corinthians, mas com blusa de frio. Quando saiu o 1º gol do Romero, meu sobrinho começou a rodar a camisa, Beatriz gritando. Os caras que estavam em cima começaram a hostilizar, xingar. Quando estavam falando que não tinha que estar lá, tudo bem, mas começaram com ofensas. Chamaram minha filha de galinha, xingar a Bia também, e foi generalizando".
Intervenção dos seguranças do clube: "Policiais vieram nos tirar. Perguntei se iam me retirar, estava quieto, tinham que tirar os marmanjos. Aí vieram os seguranças do Corinthians, foi quando subimos. Mesmo lá no camarote, estavam nos ofendendo com palavras pesadas".
Reação da filha: "Bia, tadinha, ficou famosa, é um amor de criança. Bia estava tremendo, fiquei preocupado, depois foi acalmando. É aquele ditado: 'Há males que vêm para o bem'. Fui conversando com ela, dizendo que estava segura e que era para torcer, aproveitar, era a primeira vez dela no estádio. E começou a torcer novamente, cada gol que saía gritava. Mesmo assim, pessoal embaixo xingando, uns imbecis".
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Quero receberTorcedora mirim: "Ela é muito corintiana, fez aquilo [de bater no escudo] espontâneo. Até faltou na escola, ia começar hoje. Espero que nunca mais aconteça. Não vou levar a Bia tão cedo no estádio, depois desse na Arena que vai ter todo suporte e é o sonho dela. A princípio ficou assustada, com medo, chorando, pedindo para o pessoal parar. Agora já conversamos, está tudo bem, está até brincando com o primo".
O que o Botafogo-SP disse
A equipe de Ribeirão Preto emitiu uma nota lamentando "profundamente os fatos ocorridos", mas enfatizando que o setor das cativas é destinado aos torcedores locais. O clube afirmou ainda que "não há setor misto" no estádio Santa Cruz e que Rogério "ignorou" as orientações.
"O Botafogo Futebol Clube repudia qualquer ato de violência e lamenta profundamente os fatos ocorridos nesta quarta-feira (14), no setor de cadeiras cativas do Estádio Santa Cruz, que é destinado exclusivamente a torcedores do Botafogo.
Se faz necessário informar que o torcedor envolvido neste episódio adquiriu o plano Torcedor Cativo, que dá acesso aos jogos do Botafogo no setor, na manhã da partida, quando assinou o termo de uso do espaço.
Ele também foi orientado que o setor era exclusivo para a torcida botafoguense, o que consta na notícia oficial sobre ingressos para o jogo e no mapa de acesso divulgado nas redes sociais.
Não há setor misto no Estádio Santa Cruz.
Infelizmente, as informações e orientações foram ignoradas pelo torcedor em questão, colocando em risco seus familiares e todas as pessoas próximas do local onde ocorreu o triste episódio.
O Botafogo Futebol Clube continua apurando os fatos, para que medidas internas possam ser executadas."
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