Andarilho, Diego Costa foi servente de pedreiro antes de liderar São Paulo
Quem vê Diego Costa freando os principais atacantes do país ao defender o São Paulo não imagina que o camisa 4, que retomou a titularidade do Tricolor em 2024, já precisou encarar outro tipo de obstáculo.
Força no campo (e nas obras)
O zagueiro de 24 anos relembrou as dificuldades do início de sua trajetória no futebol em entrevista ao UOL no CT da Barra Funda.
Nascido em Campo Grande (MS), ele saiu de casa aos 12 anos para tentar, sem sucesso, a sorte em clubes espalhados pelo país, incluindo gigantes como Corinthians e Cruzeiro.
O início no esporte, então, parecia estar no Rio Grande do Sul — mais especificamente na Serra Gaúcha. Na época, o versátil jogador, que atuava tanto como zagueiro quanto como volante, foi observado por um olheiro e não pestanejou ao tentar a sorte em outra região do país.
A tentativa também não vingou, e Diego voltou desanimado para Campo Grande. Largar o futebol virou, então, uma opção ao então adolescente.
A última cartada, no entanto, mudou a vida do atleta: ele e seu padrasto encontraram uma oportunidade em Presidente Prudente, cidade no interior de São Paulo localizada a mais de 430 km da capital sul-mato-grossense.
O trabalho como servente de pedreiro virou solução para juntar dinheiro e reinvestir no sonho de ser jogador. O trabalho em obras acabou tornando-se o ponto de partida para uma trajetória vitoriosa nos campos.
Voltei para Campo Grande pensando em desistir. Não queria saber muito de futebol, estava chegando em uma idade [ruim]. Comecei a trabalhar com meu padrasto e apareceu mais uma oportunidade. Ele disse para eu tentar fazer essa viagem, que seria para o interior de São Paulo para alguns testes. Aí, a gente começou a trabalhar, eu trabalhava de ajudante de servente de pedreiro para conseguirmos o dinheiro das viagens. A gente conseguiu o dinheiro, fui fazer os testes e fui para o Grêmio Prudente Diego Costa, ao UOL
Gol contra Corinthians deslanchou carreira
Diego se destacou na equipe do interior paulista e, já observado por poderosos, foi integrado para participar da Copinha de 2015. Na fase de grupos, o Prudente ficou na vice-liderança e, pelo saldo de gols, superou campanhas de outros segundos colocados e avançou.
O adversário na sequência era indigesto para o atleta: o Corinthians, time que já havia recebido o sul-mato-grossense em um passado recente.
O maior campeão da Copinha goleou por 5 a 1, mas o gol do Prudente foi justamente de Diego, de 15 anos, que se enfiou no meio dos zagueiros alvinegros em cobrança de falta e cabeceou para o fundo das redes.
Aquele foi o último jogo do zagueiro antes de chegar ao São Paulo, que não perdeu tempo e levou o então camisa 3 à Cotia poucos dias depois.
Quase dez anos depois, Diego se transformou em um dos nomes mais importantes do Tricolor, chegando a ser, inclusive, capitão sob comando de Rogério Ceni. Hoje, é titular de Thiago Carpini e segue, como nas obras, construindo, trocando "apenas" os tijolos por uma carreira de sucesso.
Hoje, eu falaria para [o Diego adolescente] continuar focando no trabalho e se dedicando, mesmo que às vezes, no futebol, não são 100% das coisas que dão certo. Mas o trabalho e a perseverança sempre se sobressaem sobre todas as coisas Diego Costa, ao UOL