Márcio Machado foi um dos protagonistas da marcante vitória do Cianorte por 3 a 0 sobre o Corinthians, na Copa do Brasil de 2005, com direito a dois gols, sendo um deles de bicicleta. Enquanto os dois times reeditam hoje o confronto, 19 anos depois, o paradeiro do ex-atacante é desconhecido.
O que aconteceu
O UOL tentou localizar o ex-jogador, mas ninguém ouvido pela reportagem soube dizer onde ele está. A busca começou após ex-atletas do Cianorte entrevistados sobre o jogo histórico afirmarem que perderam contato com ele há anos.
Márcio não tem redes sociais nem um número de telefone conhecido. O UOL chegou a ligar para um telefone que seria dele, mas a pessoa do outro lado da linha, apesar de ter o mesmo nome, disse que não era o ex-atacante.
Adir Kist, ex-goleiro do Cianorte, teve uma tentativa frustrada de encontrar o antigo companheiro, em 2018. Ele, que após encerrar a carreira assumiu como diretor do clube até o ano passado, queria convidar Márcio para a partida festiva da inauguração do centro de treinamento, que contou com a presença de "lendas" do time paranaense. Não conseguiu contato na época e segue sem notícias.
Classificação e jogos
Diego Cabral, ex-zagueiro, disse que viu o Márcio pela última vez em 2011, quando foi para o Inter de Santa Maria-RS. Ele contou que o ex-atacante, natural da cidade, foi visitá-lo na ocasião, e que os dois relembraram da partida marcante que fizeram contra o Corinthians.
Inauguramos o CT do Cianorte em 2018. Na época, quis promover um jogo com ex-atletas, não consegui localizar Márcio desde então. Não sei o que aconteceu dele, lembro que foi para a Alemanha. E olha que para não achar uma pessoa nos dias de hoje, com redes sociais... Não consegui trazer para o evento do CT e não consigo mais falar com ele. Adir Kist, ao UOL
Em 2011, tive um contrato assinado com o Inter de Santa Maria-RS. Márcio é de lá, último contato que tive com ele foi quando ele foi no campo conversar comigo, relembramos a história de 2005. Atualmente não tenho contato. Diego Cabral, ao UOL
O Cianorte também não sabe o paradeiro do ex-jogador. A reportagem tentou contato com o Inter de Santa Maria por telefone e por e-mail, mas não teve retorno.
As Secretarias de Esporte de Cianorte e de Santa Maria também desconhecem a localização de Márcio. Colegas da imprensa local foram mobilizados na procura, que seguiu sem resposta.
"Jogo da vida"
O confronto em 2005 foi a única ocasião em que Corinthians e Cianorte se enfrentaram. Naquela época, o time paranaense dava seus primeiros passos em competições nacionais três anos após sua refundação. Após passar na primeira fase da Copa do Brasil pelo antigo Cene, do Mato Grosso do Sul, o adversário foi o gigante paulista.
Os jogadores trataram o duelo como "o jogo da vida". Houve até promessa do presidente do clube por uma premiação se o Cianorte "forçasse" o segundo jogo. Na época, o regulamento previa que não teria partida de volta se a equipe visitante vencesse por dois gols de diferença na ida.
O Cianorte chocou o Corinthians — e o Brasil — ao vencer o primeiro jogo por 3 a 0. O placar foi construído nos primeiros 20 minutos e causou uma euforia nacional diante da possibilidade de zebra contra o clube do Parque São Jorge.
O Corinthians aplicou 5 a 1 na volta em São Paulo e se classificou, mas o confronto ficou marcado na história do Cianorte. O feito do modesto Cianorte no jogo de ida ainda foi amplificado quando o Corinthians se sagrou tetracampeão brasileiro naquele mesmo ano.
O que ex-jogadores do Cianorte disseram sobre
Adir Kist: "Era um clube com dois anos de existência, em sua participação a nível nacional. Com 20 minutos de jogo, a gente ganhava por 3x0. O Corinthians não se encontrava em campo, mesmo sendo aquele time que foi campeão brasileiro no mesmo ano, com atletas da seleção argentina e brasileira. A gente via que eles brigavam entre eles. Quando quiseram entrar no jogo, não conseguiam. Foi um feito marcante, deu uma euforia muito grande na região. A gente foi vítima disso, criou-se euforia no pais inteiro e trouxe para nós uma responsabilidade que a gente não tinha como sustentar. Com a força da torcida, o Corinthians fez o resultado. Foi um jogo que ficou na história do Cianorte, colocou o clube no cenário nacional".
Diego Cabral: "Para nós, foi uma satisfação imensa estar jogando contra Corinthians, pela grandeza do clube e pelos jogadores que estavam lá. Para nós, foi declarado como 'jogo da vida', momento único. Na época, eu tinha 20 anos, era o mais novo do elenco, praticamente. Tínhamos que fazer o nosso jogo da vida, professor Caio Júnior sempre passou isso para gente. Tiveram momentos do jogo em que a gente olhava o semblantes dos corintianos e percebia que não sabiam o que estava acontecendo. A agente aproveitou a oportunidade, foi um jogo que tudo que a gente fazia dava certo. Já no segundo jogo aconteceu tudo o inverso. Foram os dois maiores jogos da minha carreira".
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