Bomba, sangue e revolta: a cronologia do ataque ao ônibus do Fortaleza

O pós-jogo de Sport 1x1 Fortaleza, duelo realizado na noite de quarta-feira (21) pela Copa do Nordeste em São Lourenço da Mata (PE), teve ataque ao ônibus com a delegação da equipe cearense. Seis jogadores ficaram feridos e precisaram ser encaminhados a um hospital.

Cronologia do caso

O Fortaleza deixou a Arena Pernambuco já nos primeiros minutos de quinta-feira. Antes disto, o trâmite pós-partida ocorreu normalmente, com a realização da entrevista coletiva por parte do técnico Juan Pablo Vojvoda.

O ônibus seguiu pela BR-408 antes de entrar na BR-232 rumo ao centro do Recife — o clube estava hospedado em um hotel da cidade.

O veículo foi alvo de pedras e bomba no bairro Curado, a cerca de 7 km do estádio e já na zona oeste da capital pernambucana.

Os suspeitos são membros de uma torcida organizada do Sport, e ninguém foi preso até o momento. Há um vídeo, inclusive, que mostra alguns homens planejando o ato antes da partida em questão.

Ônibus do Fortaleza foi atacado por torcedores do Sport após jogo entre as equipes
Ônibus do Fortaleza foi atacado por torcedores do Sport após jogo entre as equipes Imagem: Matheus Amorim / Fortaleza EC

Várias janelas e poltronas acabaram destruídas, e ao menos seis jogadores sangraram diante dos ferimentos: o goleiro João Ricardo, o lateral-esquerdo Escobar, o lateral-direito Dudu, os zagueiros Titi e Brítez e o meio-campista Sasha. Eles foram levados ao Real Hospital Português, e os dois primeiros passaram por suturas e levaram pontos.

Outros atletas e até o CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, divulgaram o momento nas redes sociais. As imagens mostraram os danos causados na parte interna do ônibus, que era fretado e não tinha elementos visuais do time.

A delegação chegou ao Ceará na manhã de hoje, e o Fortaleza não quer jogar até que os atletas feridos se recuperem. O clube tem um confronto inicialmente programado para a quinta-feira (29), pela Copa do Brasil, contra o Fluminense-PI, novamente fora de casa.

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Veja principais reações

Marcelo Paz, CEO do Fortaleza, desabafa: "O Fortaleza não tem que voltar a campo enquanto seus jogadores lesionados estejam recuperados e enquanto os agressores não forem punidos. Estou com prejuízo emocional, físico e que chega no prejuízo técnico. Meu goleiro está com sete pontos na cabeça, o Escobar, que é o único lateral que eu tenho, porque o Bruno Pacheco está lesionado, está com 13 pontos no rosto e teve um trauma cranioencefálico. Quem vai arcar com isso? Nosso posicionamento é de não jogar até que eles se recuperem, espero que se recuperem logo, mas também a punição, porque a impunidade é a mãe do próximo crime. Se não houver punição, vai ter outro, até morrer alguém."

Sport lamenta: "O Sport Club do Recife repudia veementemente os atos de violência praticados contra o ônibus da delegação do Fortaleza Esporte Clube na saída da Arena de Pernambuco após a partida desta quarta-feira. Os absurdos atos de violência não condizem com a real conduta e comportamento da torcida rubro-negra, tampouco com os valores do clube — que sempre irá abominar esse tipo de postura."

Yuri Romão, presidente do Sport, repudia: "Presidentes de clubes, federações, CBF e o poder público em geral: chegou a hora de dar um fim nisso. Já aconteceu com outros clubes, e amanhã teremos novas vítimas. Até quando vamos viver esse clima de terror, em que um resultado ou uma simples partida de futebol leva a isso? Por causa de alguns, grande parte das torcida é prejudicada."

CBF aciona STJD: "[...] É lamentável e inadmissível iniciar mais um ano chamando a atenção para este tema gravíssimo que é o da violência fora dos estádios. A CBF confia no trabalho da Polícia e das autoridades competentes, para que os responsáveis por estes atos sejam punidos exemplarmente e, para tanto, está encaminhando para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva a notícia do fato para que aquele órgão adote todas as medidas pertinentes à apuração e punição dos responsáveis. Que cada vez mais episódios como esses sejam varridos do cenário do futebol brasileiro."

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STJD passa para o poder público: "[...] Por se tratar de infração ocorrida fora do estádio, o Tribunal do Futebol destaca que a competência para análise e denúncia é exclusiva da Secretaria de Segurança Pública do estado. Cumpre destacar ainda que, caso haja a identificação dos responsáveis pelos atos, a Procuradoria analisará possíveis medidas contra as torcidas identificadas. O STJD lamenta que episódios como esse ainda aconteçam no futebol brasileiro e reafirma o compromisso de trabalhar por um futebol mais justo e sem violência."

O que pode acontecer?

Ônibus do Fortaleza foi atacado por torcedores do Sport
Ônibus do Fortaleza foi atacado por torcedores do Sport Imagem: Matheus Amorim / Fortaleza EC

O advogado Matheus Laupman falou, ao UOL, sobre uma possível punição ao Sport. Para ele, o tema central da questão é o entendimento da Justiça Desportiva se o local em que ocorreu o ataque foi dentro ou fora da Praça Desportiva (Arena Pernambuco).

"Caso entendemos que o ocorrido se deu dentro da Praça Desportiva, o Sport poderá ser apenado com multa de R$ 100 a R$ 100 mil por infração ao artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). No que diz respeito aos torcedores, acredito que, uma vez identificados, estes devem sofrer sanções penais atreladas a agressão física", disse.

Laupman descartou a possibilidade do Sport sofrer outros tipos sanções mais pesadas, como por exemplo a sua exclusão da Copa do Nordeste.

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"No que diz respeito ao Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF, o documento remete que a segurança da partida em síntese será de responsabilidade das federações estaduais e ao clube mandante. Mas nada comenta sobre a saída ou chegada nos estádios ou arenas esportivas", finalizou.

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