Presidente do Sport diz: 'intuito era matar', mas 'é injusto punir o clube'
Colaboração para o UOL, em Aracaju
27/02/2024 12h54
Em entrevista exclusiva ao De Primeira, o presidente do Sport, Yuri Romão, classificou como "um ato terrorista" o ataque de torcedores organizados do clube ao ônibus do Fortaleza.
Porém, Romão afirmou que a punição imposta pelo STJD ao Sport é injusta porque o clube não teve responsabilidade pelo atentado, que aconteceu numa rodovia federal no retorno da Arena Pernambuco, situada em São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife. Seis jogadores do Fortaleza ficaram feridos.
Quais medidas o Sport está tomando?: "A gente está colocando em prática algumas decisões que a gestão tomou logo após o acidente. Estamos oficiando os órgãos de segurança do estado e afastando alguns sócios que, em cruzamento com dados da defesa social, têm inquéritos policiais em andamento. Esses sócios estão sendo suspensos e depois o Conselho Deliberativo vai determinar a expulsão ou não do quadro associativo. Com relaçãoà ajuda a qualquer organizada, a gente não ajuda, não damos ingresso. Se já não tinha, agora é que não vai ter mesmo".
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'O intuito era matar': "Vamos começar a restringir a entrada na Arena, onde estamos jogando no primeiro semestre, que as organizadas entrem com seus uniformes, começar a descaracterizar isso. A gente não pode proibir, quem pode é o Poder Judiciário, os órgãos de segurança, o Ministério Público, tudo que está no âmbito administrativo a gente vai fazer. Passou de qualquer limite a partir do momento que as pessoas começam a sair de casa com o intuito de matar, o que fizeram com a delegação do Fortaleza o intuito era matar, o intuito era agredir profissionais, pessoas que estavam trabalhando, voltando para o hotel e jogaram pedras, bombas. Tudo isso é chocante, as imagens são claras em relação a isso".
'A punição ao Sport é injusta, não concordo': "Sobre quem pede a exclusão do Sport das competições ou mesmo em relação à punição que o STJD está querendo impor, eu queria dizer que o Sport tem quatro milhões de torcedores, não são 100 pessoas, ou 100 bandidos, que dizem o que é a torcida como um todo, acho que há um exagero. Logicamente, há uma comoção no país pelo que ocorreu, somos um povo solidário, pela comoção, eu entendo, mas a gente não pode punir quatro milhões de pessoas em função de 100 indivíduos que saem de casa com o intuito de fazer o mal, de praticar o terror, porque aquilo foi um ato de terrorismo. No que diz respeito a todo regulamento, a matriz de risco que a Polícia Militar nos impõe, tudo isso o Sport Clube do Recife cumpriu à risca, ninguém até agora contestou isso, o Sport cumpriu à risca, tudo que foi necessário nós fizemos. Então, como presidente, eu digo que é injusto uma punição que estão querendo impor ao clube, de forma educacional, mas eu não concordo".
'Abuso de poder do procurador do STJD': "Há uma extrapolação no pedido do procurador Ronaldo [Piacente, do STJD], eu diria até um abuso de poder. A Associação Sport Clube do Recife não é onipresente, não pode estar monitorando com câmeras ou mesmo com segurança uma rodovia federal, não tem como isso. O que está dentro do âmbito da praça esportiva, como manda o regulamento e inclusive a Lei Geral do Esporte (da qual eu fui partícipe, fui a todas as sessões na Câmara Federal na elaboração dessa lei), nós cumprimos à risca, não teve nenhum incidente nem dentro nem na praça esportiva, no estacionamento, entrada e saída. Não estou aqui querendo minimizar o acidente como um todo, eu sou pai de família e torcedor, eu frequento a Ilha do Retiro desde os oito anos, estou com 55 anos, então eu me sinto triste com o que ocorreu. Eu acho que há necessidade não só dos órgãos de segurança, o Poder Judiciário, ajudar aos clubes, inclusive o Sport".
'Os próprios dirigentes não estão preocupados': "No segundo semestre do ano passado, o então ministro Flávio Dino lançou um programa em Brasília, tinham três presidentes: eu, o presidente do Ceará e o presidente do Flamengo, três, e todos nós fomos convidados a participar da audiência com o então ministro Flávio Dino. Então, os próprios dirigentes não estão preocupados com esse problema, só que a grande maioria já teve problema com isso".