Lateral cita queda de cabelo por estresse no Corinthians e alívio com saída

Renan Guedes, lateral multicampeão na base com o Corinthians e atualmente no Osijek, da Croácia, deixou o clube longe dos holofotes em 2018. Em entrevista ao UOL, o jogador disse que teve queda de cabelo por estresse quando foi afastado na equipe e relatou o alívio que sentiu quando mudou de clube.

Até hoje eu não sei [motivo de não ter oportunidades]. Osmar Loss subiu para o profissional nessa época depois da Copinha [de 2018], o [Dyego] Coelho assumiu o sub-20 e depois disso, por ser segundo ano de sub-20, eu pensei que eu iria jogar por estar jogando sempre no ano anterior e acabou que não tive mais espaço. Acabei virando terceira opção na lateral e depois não ia mais para o jogo.

Tinha um time B na época do Corinthians, acabei sendo afastado, ficava lá treinando só físico. Foi um momento difícil para mim porque sempre joguei na base. Fiquei praticamente quatro ou cinco meses afastado. [Coelho] Simplesmente pegou e mudou. Não só comigo, tiveram outros jogadores que acabaram não tendo oportunidade com ele, mas não tive justificativa. Até então, respeito a opinião do treinador.

No começo, ficou uma mágoa por tudo que eu vivi lá, tudo o que aconteceu, todos os títulos. Eu ganhei praticamente todos os títulos da base: Mundial, Copinha, Paulista e pelo estado que eu fiquei também. Eu acho que por ser muito jovem e não entender das coisas, eu praticamente estava em depressão. Meu cabelo caiu dos lados por estresse e quando eu saí de lá e fui para o Atlético-MG foi praticamente um alívio para mim.

Fiquei um tempo chateado, mas depois percebi que não era o clube em si, mas as pessoas que estavam no comando naquela época. O clube não tem nada a ver, não tem culpa nenhuma disso.

Da Série D para 'enfrentar' guerra e CR7 na Europa

Renan conviveu com lesões na base do Atlético-MG, mas conseguiu espaço no time profissional em 2018. Recuperado de um problema, ele treinava no CT do clube enquanto o restante do elenco sub-20 estava de férias até que foi chamado por Thiago Larghi, técnico da época, para integrar o elenco.

O lateral fez sua estreia no profissional em 2019, já sob o comando de Levir Culpi. Renan estava emprestado ao Galo por um clube que pertencia ao seu agente da época e esperava uma renovação do contrato, que ia até junho, mas ela não veio.

A carreira do jogador seguiu no Joinville, então na Série D do Brasileirão, a convite de um amigo. Titular no campeonato nacional em 2020, Renan estava com tudo certo para jogar o Paulistão de 2021 pelo São Caetano quando veio um convite do Bahia.

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Na nossa equipe tinham dois jogadores que eram do Bahia. No dia 28 de dezembro, o diretor do Bahia, Jaime Brandão, me ligou. Ele pegou o telefone com os caras que estavam no Joinville comigo. A princípio eu ia para o sub-23.

Renan conseguiu espaço no profissional do Bahia ao longo do ano, foi campeão da Copa do Nordeste, mas o time foi rebaixado para a Série B. Inicialmente, a intenção era renovar o contrato do lateral e emprestá-lo, algo que não estava nos planos dele.

Renan Guedes, do Bahia, marca Mendoza, do Ceará, durante final da Copa do Nordeste de 2021
Renan Guedes, do Bahia, marca Mendoza, do Ceará, durante final da Copa do Nordeste de 2021 Imagem: Kely Pereira/AGIF

O sonho da Europa chegou com o convite do Sheriff Tiraspol, da Moldávia, em janeiro de 2022. A recepção foi em meio a uma guerra que acontece entre o país e um estado separatista chamado de Transnístria.

Tiraspol fica dentro de um país separatista, que é Transnístria. Eles entraram em guerra entre eles [Moldávia e Transnístria], pouco mais de 20 anos atrás e separaram de maneira não oficial, eles têm fronteira e tudo. Quando você chega na capital [da Moldávia], que é Chisinau, tem que pegar mais uma hora de estrada. Eu olhava pro lado, escuridão, frio... Eu falei: 'meu Deus, onde que eu estou indo?'

Além dos conflitos dentro do próprio país, Renan conviveu de perto com a guerra entre Rússia e Ucrânia, já que a Moldávia fica próxima dos dois países. "Estávamos bem próximos da Ucrânia. Inclusive, estava um pouco com medo quando começou tudo, mas, graças a Deus, não aconteceu nada lá na cidade."

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No Sheriff, Renan Guedes teve a oportunidade de enfrentar Cristiano Ronaldo, então no Manchester United. O clube moldávio enfrentou os ingleses na Liga Europa. Para ele, foi como estar dentro de um videogame.

Às vezes, eu parava e ficava olhando para ele. Eu pensava: 'é real mesmo que isso tá acontecendo?'. Eu estou dentro do videogame. O cara é sacanagem, dá a maior atenção. A gente pensa que o cara deve ser maior 'perna', na linguagem que a gente fala, mas eu na hora de entrar já fiquei por último porque ele sempre fica por último. Eu cumprimentei o Antony também e ele. O Cristiano é diferente, a presença você vê que é diferente. Ele conversou normal, deu uma atenção

Renan 'comemorou' não ter marcado o astro português no mano a mano. "Graças a Deus, ele ficou de centroavante lá no Old Trafford, porque o homem é forte. Ele é muito alto, às vezes aparenta que ele é magro, mas é muito forte e rápido. Ele é uma máquina", disse.

Renan Guedes marca Cristiano Ronaldo durante jogo entre Sheriff Tiraspol e Manchester United
Renan Guedes marca Cristiano Ronaldo durante jogo entre Sheriff Tiraspol e Manchester United Imagem: Naomi Baker/Getty Images

O que mais Renan Guedes disse?

Ida para o futebol croata. "Eu tive um treinador no Sheriff que era croata. Quando acabou a temporada no meio do ano passado, o agente brasileiro, que inclusive me levou para o Sheriff, me ligou falando que tinha interesse do próprio treinador, ele também mandou mensagem para eu ir para o Osijek, da Croácia, jogar uma liga top, bem melhor que a de onde eu estava."

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Adaptação à Croácia. "A vida da Croácia tem sido bem tranquila, até por causa do que eu já tinha passado lá na Moldávia. Aqui é primeiro mundo e também você está perto de tudo. Outros países como, por exemplo, Sérvia, Hungria e Eslovênia estão perto, então a adaptação é tranquila."

Pensa em voltar ao Brasil? "Tiveram algumas especulações nesta janela, algumas equipes da Série B. Para voltar para o Brasil, só se fosse uma coisa muito boa, tanto para mim, quanto para minha família. Aqui fora, o cara vive bem, a família também."

Renan Guedes, lateral com passagem pelo Corinthians, atuando pelo Osijek, da Croácia
Renan Guedes, lateral com passagem pelo Corinthians, atuando pelo Osijek, da Croácia Imagem: Davor Javorovic/Pixsell/MB Media/Getty Images

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