O colunista Mauro Cezar Pereira criticou no Posse de Bola o oba-oba em torno de Fernando Diniz após o Fluminense vencer a Recopa Sul-Americana. Segundo ele, Diniz foi muito conveniente ao encher a bola de suas próprias ideias após a conquista do título inédito.
'Diniz vende uma narrativa que não é a realidade': "Eu não gostei da entrevista dele no final. Primeiro, ele vem defender: 'tá vendo, os caras entraram e mudaram o jogo, eles têm mais de 30 anos'. Sim, entraram três jogadores na metade do segundo tempo, Douglas Costa, Marcelo e Renato Augusto, ou seja, entraram para jogar 20 e poucos minutos. Por que ele não começou com Marcelo? Porque o Marcelo talvez não consiga render tanto os 90 minutos, como jogou pouquíssimo lá em Quito, porque ter um time com vários jogadores acima dos 30 anos não é a receita, o título do ano passado deu certo, mas é muito mais exceção do que a regra, tanto que esses jogadores quando ficam mais velhos, passam a valer menos no mercado, porque não tem mais a mesma resistência de quando era mais jovens. Isso é uma coisa evidente. Então, ele vende uma narrativa que também não é a realidade".
'Diniz não é um revolucionário': "Venceu, bacana, Recopa, é um título a mais, é um título inédito, a torcida ficou feliz, foi uma vitória de muita coragem, mesmo sem jogar muito bem, mas achei um pouco chato essa coisa do Diniz, acho também que é um recorte muito favorável, tem que pegar o combo. Brasileiro do Fluminense: muito fraco fora de casa, em casa, fortíssimo. Muito desequilíbrio, ganhou a Libertadores, mas não teve uma campanha perfeita e a passagem dele pela seleção foi um desastre, perdeu três jogos seguidos, foi um desastre. Aí fica esse discurso como se o Diniz fosse um revolucionário, não, ele só é um técnico de futebol que foge do lugar-comum (e isso eu acho uma virtude, sempre elogiei) dos técnicos brasileiros, que é jogar sem a bola, sem agredir o adversário; ele, não, é corajoso, põe o time dele para jogar como ele acha que tem que jogar. Faz questão da bola, agride, ataca, não deixa de atacar com um homem a menos, essas são as virtudes".
'Comparar Diniz com Cruyff? Estão de sacanagem!": "É um discurso de muita conveniência do momento também, especialmente a parte que os caras de 30 anos entraram e mudaram o jogo. Sim, entraram aos 30 do segundo tempo, para jogar um pedaço do jogo, o Marcelo, o Renato e o Douglas podem ajudar, mas ele vai contar com Marcelo e Renato Augusto no começo quantos jogos no ano, direto? Vão aguentar, provavelmente não, isso não é um palpite, é uma conclusão com base no histórico recente desses jogadores, são veteranos. É muito exagero, houve até uma declaração do auxiliar dele, comparando o Diniz com o Cruyff, ainda não dá, aí é demais, o Diniz está para o futebol brasileiro como o Cruyff está para o futebol, aí não dá, aí está de sacanagem, vá puxar o saco do chefe assim não sei aonde, aí é dose para javali. Quer elogiar o cara, elogia, mas sem excessos: comparar ao Cruyff? Parei, diria José Trajano".
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