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Renato tem razão? Como é a cobertura de treinos no Brasil e na Europa

Renato Gaúcho defende que a imprensa fique longe dos treinos Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

16/03/2024 04h00

Classificação e Jogos

Após o último jogo do Grêmio, Renato Gaúcho defendeu a imprensa longe dos treinos de sua equipe. Ao fechar as portas do CT, Portaluppi disse que a maioria dos clubes brasileiros age desta forma e que na Europa os jornalistas não têm qualquer acesso às atividades.

Mas será que é assim mesmo? A reportagem do UOL foi atrás de respostas nos principais clubes do país e nos maiores centros da Europa. E o veredito é: Renato tem certa razão.

Como é no Brasil

Nenhum time é frequente na abertura completa dos treinos para a imprensa. O Grêmio de Renato, inclusive, era o único que abria ao menos um treino inteiro semanalmente.

Há casos em que as atividades são sempre fechadas, como Palmeiras e Atlético-MG. No Galo, até mesmo entrevistas coletivas de dia a dia são virtuais.

A maioria dos times abre os trabalhos eventualmente e por períodos reduzidos. Normalmente, 15 minutos durante o aquecimento ou no fim das atividades.

Entrevistas coletivas são raras e marcadas com antecedência, exceto na apresentação de reforços em que todos realizam eventos com momento para fotos e entrevista.

Veja caso a caso

Atlético-MG - No Galo, a imprensa não tem acesso algum aos treinamentos. As atividades são sempre fechadas. Há duas coletivas por semana realizadas de forma virtual. No ano passado, houve um único dia de treino aberto, em caráter excepcional.

Botafogo - A maioria dos treinamentos é totalmente fechada. Eventualmente, há 15 minutos liberados para gravação de imagens durante o aquecimento dos atletas. No ano passado, o Botafogo chegou a fazer coletivas semanais, porém abandonou o projeto e atualmente as entrevistas são esporádicas. Exceto em apresentação de reforços, que sempre tem coletiva.

Corinthians - O Corinthians fez, no começo do ano, um treinamento totalmente aberto. Atualmente, as atividades têm pequenos períodos abertos eventualmente, no início ou no final do trabalho. Entrevistas coletivas ocorrem só em apresentações de jogadores.

Cruzeiro - O Cruzeiro abre seus treinamentos raramente. Quando o faz, libera a presença da imprensa durante a atividade e depois realiza entrevistas com alguns jogadores. Mas são situações bem pontuais. Coletivas normalmente ocorrem apenas em apresentações de reforços.

Flamengo - A maioria dos treinamentos é totalmente fechado. No começo do ano passado, uma atividade foi aberta por 15 minutos, mas tal conduta não se repetiu. Exceto durante a pré-temporada realizada em Orlando (EUA), quando houve um treino totalmente aberto e outros por alguns minutos. Coletivas são raras, exceto em apresentação de reforços.

Fluminense - A maioria dos treinamentos é totalmente fechado. Eventualmente, há 15 minutos liberados para gravação de imagens durante o aquecimento dos atletas. No último dia 6, o Fluminense marcou uma coletiva com Arias, a última até a publicação deste texto. As entrevistas são esporádicas, sempre marcadas com antecedência. Exceto em apresentação de reforços, que sempre tem coletiva.

Grêmio - Até o início deste mês, o Grêmio abria treinamentos completos semanalmente. A maioria das atividades era aberta para imprensa, e coletivas ocorriam eventualmente. Desde o começo de março, Renato optou por fechar totalmente as atividades.

Inter - Não há um número fixo de treinamentos abertos, depende muito das atividades que serão realizadas. Quando são abertos, os treinamentos têm um período liberado para a imprensa, e depois os jornalistas se retiram do campo. Coletivas são esporádicas e acontecem de acordo com a avaliação do clube.

Palmeiras - No Palmeiras, os treinamentos são totalmente fechados. Coletivas só acontecem em apresentações de reforços.

Santos - O Santos fecha a maioria dos seus treinamentos. Eventualmente, as atividades são abertas por alguns minutos, no começo (aquecimento) ou fim do trabalho, nunca na parte tática. Não há coletivas no dia a dia, apenas em apresentações de reforços.

São Paulo - Desde o fechamento das atividades em razão da pandemia da covid-19, todos os treinamentos do São Paulo são fechados. Entrevistas coletivas ocorrem após os jogos e em apresentações de atletas.

Vasco - A maioria dos treinamentos é totalmente fechado. Eventualmente, há 15 minutos liberados para gravação de imagens durante o aquecimento dos atletas. A exemplo do Botafogo, o Vasco chegou a fazer coletivas semanais, porém deixou de lado o projeto e atualmente as entrevistas são esporádicas. Exceto em apresentação de reforços, que sempre tem coletiva.

Como é na Europa

No Real Madrid e no Barcelona, da Espanha, a imprensa não tem qualquer acesso aos treinamentos. No máximo, uma roda de bobinho, por 15 minutos na véspera do jogo, e ainda assim a quase 100 metros de distância. O treinador dá coletiva na véspera dos jogos. Na Liga dos Campões, um jogador fala antes dos jogos em coletiva. A conduta é praticamente a mesma em todos os times espanhóis.

Na Premier League, treinamentos são totalmente vetados para a imprensa. Os jornalistas têm acesso a 15 minutos de aquecimento antes dos jogos e as empresas que possuem direitos de transmissão têm acesso melhor, mas ainda assim com grandes restrições. O cenário é semelhante em clubes italianos.

Em Portugal, todos os treinamentos, independentemente da relevância dos clubes, são fechados. É uma cultura que dura mais de 20 anos. Entrevistas coletivas são concedidas apenas pelo treinador, na véspera dos jogos. Jogadores não dão entrevista nem mesmo quando são apresentados oficialmente. Só há treinos abertos quando existe uma obrigação imposta pela Uefa, por 15 minutos.

Nos clubes europeus, as restrições são ainda maiores. Em muitos países, sequer há zona mista após os jogos para que os jogadores concedam entrevistas. Apenas as empresas detentoras de direitos de transmissão têm acesso aos atletas.

* Colaboraram: Eder Traskini, Luiza Sá, Alexandre Araújo, Bruno Braz, Flavio Latif, Gabriela Brino, André Martins, Thiago Arantes e Bruno Andrade. Do UOL, em São Paulo, Rio de Janeiro, Barcelona (ESP) e Lisboa (POR).

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