Laudos da Polícia Científica de São Paulo constataram que não houve violência na morte da jovem Livia, e que nem ela nem o jogador Dimas usaram drogas ou bebidas alcoólicas. Os documentos, concluídos nesta semana, foram obtidos pelo Fantástico, da TV Globo.
O que aconteceu
O laudo aponta que não havia fratura nem sinais letais de violência em Livia. Além disso, não foi encontrado esperma do atleta no corpo dela, o que confirma que houve uso de camisinha na relação sexual.
Livia teve uma ruptura de 5 cm de extensão na escavação retouterina — região genital localizada entre o útero e o reto. A lesão foi causada por um "objeto contundente", que não foi especificado.
Especialistas ouvidos pelo Fantástico disseram que ela morreu de hemorragia e explicaram o caso. Eles comentaram que o pênis de Dimas pode ter causado a ruptura, mas que o caso é raro.
Teria hematoma ou outro machucado se fosse sexo forçado, violência sexual, e em outra parte do corpo também. Ela teve uma hemorragia, tanto na parte interna quanto externa. O pênis pode ter levado a essa lesão, o caso dela foi uma fatalidade pelo o que está parecendo pela parte anatômica. Em qualquer caso de sangramento, o tempo faz diferença. Fabiene Vale, da Federação brasileira Assoc. ginecologia e Obstetrícia
A causa da morte foi, na verdade, uma hemorragia aguda com choque hemorrágico. Muitas vezes isso pode ocorrer sem muita dor, e provavelmente só teve início a queixa com os sintomas já de choque: tontura, taquicardia, perda de consciência. [O objeto contundente foi] Especificamente o pênis contra o fundo do saco vaginal. Jairo Iavelberg, médico ginecologista e perito judicial
O advogado de Dimas afirmou que o jogador foi "testemunha de uma fatalidade". "Os laudos deixam claro que houve consentimento e que não houve violência. É um absurdo espremer para tentar buscar algo criminal contra Dimas", frisou Tiago Lenoir.
A família de Livia preferiu aguardar as investigações e não quis gravar entrevistas.
O atendimento
A TV Globo também teve acesso ao depoimento da médica do Samu que atendeu o caso. A profissional disse à polícia que a ambulância não conseguiu entrar no condomínio porque era mais alta que a cobertura do estacionamento e que a equipe andou cerca de 100m até o prédio do jogador até subir ao oitavo andar.
Ela disse que encontrou Dimas fazendo massagem cardíaca em Lívia e falando com um atendente do Samu quando eles entraram no apartamento. A médica complementou que, a partir de então, eles assumiram a emergência, e que não foi necessária fazer uma contenção porque a jovem não apresentava sangramento ativo em nenhuma parte do corpo.
Imagens de câmeras de segurança mostram que um dos socorristas retornou à ambulância para pegar um equipamento. O objeto em questão seria um reanimador manual, usado em casos de insuficiência respiratória, porque o que eles haviam levado não estava "funcionando bem".
Foram 51 minutos do pedido de socorro até a chegada de Livia ao hospital. Ela teve duas paradas cardiorrespiratórias no apartamento, antes de ser removida do local, e depois outras duas antes de morrer. O caso está sendo investigado como morte suspeita e as autoridades ainda aguardam relatórios médicos para verificar se a vítima tinha alguma doença
A defesa de Dimas criticou a demora no atendimento. "Tempo foi fundamental para a evolução do óbito, demorou demais. Será que o Samu está preparado para atendimento obstetrício?", indagou Lenoir.
A Prefeitura de São Paulo se pronunciou sobre o caso. O órgão informou que a ambulância chegou à portaria em 11 minutos após receber o chamado, que os profissionais ficaram retidos na portaria, que não estava avisada da ocorrência, e que a utilização do reanimador manual se dá após os primeiros procedimentos, que ocorreram dentro do tempo previsto no protocolo de atendimento. A administração pública também lamentou o que considerou uma tentativa do advogado de Dimas de "imputar responsabilidade descabida ao Samu, serviço fundamental para salvar vidas".
Saída de São Paulo e situação no Corinthians
Dimas saiu de São Paulo depois do ocorrido e está em Minas Gerais. Ele retornou a Contagem e está treinando pelo Coimbra, seu primeiro clube
O atleta ainda tem contrato de empréstimo com o Corinthians, de acordo com o registro no site da FPF (Federação Paulista de Futebol). Ele foi cedido ao Alvinegro paulista no ano passado, e seu vínculo vai até o início de 2025.
O advogado disse que ele está "extremamente abalado" e que "não tinha mais clima" para permanecer no Corinthians. O meio-campista de 19 anos não quis gravar entrevista ao Fantástico.
Está extremamente abalado com toda essa situação, não tinha mais clima nenhum para jogar mais no Corinthians. Agora está trabalhando, cuidando do corpo e da cabeça para retomar a carreira dele. Tiago Lenoir, advogado de Dimas
O caso
A estudante de enfermagem de 19 anos e o atleta, então com 18, marcaram de se encontrar em 30 de janeiro. Eles se conheciam pelo menos desde o ano passado e conversavam com frequência há cerca de três meses. Os dois lados divergem sobre ter sido ou não a primeira vez que os jovens se encontraram.
Eles se envolveram sexualmente na casa do jogador, e a situação teria complicado após uma segunda relação. Segundo relato de Dimas, os dois estavam sozinhos e fizeram uso apenas de cigarro eletrônico. Ele disse que a jovem teve um mal súbito, desmaiou e que depois percebeu um sangramento na parte íntima dela. Livia foi levada ao hospital municipal do Tatuapé, e ele ajudou a equipe médica a contatar a família da estudante.
O Samu foi acionado uma hora depois que Livia chegou na casa de Dimas. O jogador que teria feito a ligação, segundo o advogado do atleta, e orientado pelo atendende a prestar primeiros socorros.
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