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Telê Santana e 'mestiçagem': o DNA da zebra que tenta vencer o Flamengo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

29/03/2024 04h00

Das inspirações em Telê Santana a um estilo que definido como "mestiçagem" de fatores. Assim o técnico Carlos Vitor moldou o DNA do Nova Iguaçu, time sensação do Carioca e que vai disputar a final pela primeira vez. Logo contra o poderoso Flamengo.

Hoje aos 52 anos, e ex-meia do próprio Laranja da Baixada nos anos 1990, o treinador cita um time histórico rubro-negro ao falar sobre os conceitos implementados à beira do gramado.

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"[Trabalhei] Com o Carlos Alberto [Sotelho], que jogou naquele Flamengo de 1981, era reserva do Toninho Baiano. E sou um fã incondicional do Telê Santana. Eu fiquei muito feliz pelo que eu vi a seleção de 1982, mesmo ela não vencendo [a Copa]. Depois, com o São Paulo, um jeito diferente de jogar, um futebol bem desenvolvido, que nos sustenta com muita alegria", disse ele, ao UOL, no Futsummit, evento no qual deu palestra ontem, no Rio.

Carlos Vitor tem um trabalho longevo no Nova Iguaçu. Viu e viveu muita coisa desde que passou a fazer parte da comissão técnica permanente e nas idas e vindas como técnico principal do time. A passagem atual começou no início de 2021. Olhando para si como treinador, ele se enxerga hoje como fruto de quem já está no mundo do futebol há alguns anos, e absorveu experiências diversas.

Eu vou dizer para você que é uma mestiçagem de empirismo, de estudo, de leitura, de ter trabalhado com pessoas, realmente, capacitadas, com as quais você também colhe algumas coisas que fazem com que você cresça. É uma mestiçagem.

Dá para encarar o Fla?

Com essa bagagem, o treinador tenta implementar em campo "uma réplica do que viu no passado". Como ele mesmo define, "um futebol vistoso, com boa troca de passes, um jogo para frente, agressivo, entendendo bem as fases do jogo".

Não por acaso o Nova Iguaçu se classificou em segundo na Taça Guanabara e deixou o Vasco para trás na semifinal, depois de jogar melhor e criar mais chances ao longo dos 180 minutos.

O treinador aponta para dois fatores que considera primordiais na caminhada do Nova Iguaçu no Carioca: o estudo na montagem do elenco e a questão psicológica. Aí, foi possível juntar a turma atual, que tem Bill, Carlinhos, Yago, o goleiro Fabrício e outros jogadores de destaque na campanha.

"Há bancos de dados em que se consegue colher grandes informações para as características daquilo que nós queremos com relação ao nosso jogo. Deu um encaixe perfeito. E a coisa foi caminhando, ficando consistente. Trabalhamos muito o lado psicológico, que é algo que é fundamental. Fomos fazendo bons resultados, foi reproduzindo aquilo que tínhamos como ideia, e consequentemente, estamos colhendo os frutos", disse ele.

O Nova Iguaçu troca passes, joga para cima, cuida bem da bola e usa velocidade. Mas frente ao Flamengo, vai manter o estilo que adotou ao longo do Estadual? O comandante é enfático ao responder:

"Você vai falar de Flamengo, você vai falar de questões orçamentárias, nível de jogadores... Está falando do melhor time da América hoje. Mas acho que chegamos até aqui e não temos como recuar. Não pode perder a identidade, o DNA, aquilo que nos trouxe até aqui. Lógico, tem de ter um cuidado maior, não resta dúvida. Nossos pés vão estar no chão, mas conhecemos a nossa capacidade e o que nós podemos fazer", completou.

Técnico Carlos Vitor, durante treino do Nova Iguaçu Imagem: Vitor Melo/NIFC

Descoberto em pelada e nome 'artístico'

O treinador foi meia do Nova Iguaçu entre 1993 e 1999. Ele foi descoberto por Vitor Lima, ex-diretor e hoje vice-presidente do clube, quando disputava um torneio amador.

O então jovem jogador foi chamado para fazer uma avaliação e acabou contratado. Pelo clube da Baixada Fluminense, foi campeão da Série B do Carioca em 1994. "O vi jogando, tinha 20, 21 anos. O nosso profissional começou em 93 e eu o convidei para cá. Era um jogador técnico, elegante. Ele jogou até 1999, quando parou", lembra o dirigente.

É por causa de Vitor Lima, inclusive, que o técnico tem um "nome artístico". Carlos Alberto Carreiro de Carvalho ganhou o "Vitor" devido à relação que construiu com o vice-presidente.

"Como morávamos próximos, íamos junto aos treinos e tínhamos essa relação no dia a dia. O pessoal, de brincadeira, começou a chamar de Carlos Vitor".

É com esse DNA misturado, do nome artístico às ideias, que o técnico tenta deixar sua identidade marcada na história do Carioca.

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