O filho do presidente Lula (PT), Luis Claudio, que ganhou as manchetes ao ser acusado de violência doméstica pela ex-companheira, Natália Schincariol, é diretor de futebol do Parintins FC, do Amazonas.
O que aconteceu
O clube foi fundado em 2021 e, nesse ano, teve a melhor campanha da primeira fase do campeonato amazonense. A equipe está na final da competição estadual. A partida contra o Manaus acontece no próximo domingo (7), às 19h (de Brasília).
Luis foi contratado pelo dono do clube, o empresário Sung Un Song, um antigo crítico do trabalho de Lula. Atuante no mercado de tecnologia, Song tem mais de 30 empresas pelo país, incluindo a produção de equipamentos na Zona Franca de Manaus.
Antes de chegar ao Parintis, Luis Claudio trabalhou com os quatro grandes clubes de São Paulo. Além disso, também administrou o campeonato brasileiro de futebol americano.
Após um período afastado do esporte mais popular do país, Lulinha quis retornar ao futebol. No entanto, ele encontrou dificuldade por ser filho de Lula.
"Fui fazer o curso da CBF para licença B [treinador de base], mas parecia que eu tinha alguma doença transmissível, porque ninguém queria contratar. Elogiavam o currículo, mas na hora de contratar falavam que não podiam com medo de perder patrocínio", disse em entrevista para o UOL.
Passagem pelos quatro grandes de São Paulo
Luís Cláudio trabalhou no São Paulo, Palmeiras, Santos e Corinthians e diz que não teve ajuda do pai em nenhum desses empregos.
Nunca teve influência direta do meu pai. Agora, se as pessoas me contrataram por eu ser filho de quem eu sou, eu não tenho o que fazer. Eu vou, trabalho, mostro meu trabalho, você não vai conhecer uma pessoa que trabalhou comigo que possa reclamar de eu não trabalhar.
São Paulo: "O meu padrinho [de batismo, Roberto Teixeira] é sócio do clube Paulista e tinha alguns diretores do São Paulo na época que eram também sócios lá que eram amigos dele, de conviver no clube. E ele conseguiu essa vaga de estágio pra mim em Cotia. Eu fui pra lá e só num segundo momento souberam que eu era filho de quem eu era."
Palmeiras: "Todo mundo fala: 'você só foi pro Palmeiras, o Luxemburgo só te chamou porque você é filho do Lula'. Quem me apresentou ao Luxemburgo foi um cabeleireiro. Eu que o apresentei pro meu pai depois. O Vanderlei Nunes [cabeleireiro] me apresentou e falou 'o menino tá lá no São Paulo, trabalha pra caramba, ganharam tudo no sub-15, você não quer chamar ele'?"
Corinthians: "Quem me chamou foi o Mano Menezes porque esse mesmo cabeleireiro também cortava o cabelo do dele e falou 'olha, o menino quer continuar trabalhando em São Paulo, você consegue dar uma força pra ele?'", diz, ao ser questionado se a ida ao Corinthians não teve ligação com a amizade entre Lula e Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians.
Santos: "Luxemburgo me chamou. Trabalhei com Neymar. Na época era um bom profissional. Claro que já tinha uma mídia em volta, todo mundo idolatrava o menino, então ele tinha uma soberba dele ali, mas nunca faltou com o respeito, nunca deixou de treinar, nunca deixou de fazer nada. O Vanderlei ficava, depois do treino, uma hora a mais com ele. Aí o Santos foi campeão, sem o Vanderlei, e na festa ele faz uma música contra o Vanderlei. O cara que esticou a mão para ele. Aí você vê o caráter da pessoa". Nota da redação: o episódio é de 2010. Em entrevistas posteriores, Neymar reconheceu que Luxemburgo foi importante em sua carreira.
Futebol americano
Luís Claudio deixou o futebol no início da década passada para investir em futebol americano. Em parceria com o jornalista André José Adler, passou a administrar o torneio 'Touchdown'. Era o campeonato brasileiro de futebol americano, com 17 equipes de sete estados.
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Quero receberO campeonato conseguiu atrair patrocinadores e era televisionado em rede aberta. O fim da parceria aconteceu em 2015, quando Luis Claudio foi investigado na operação Zelotes.
"Era uma operação focada nos juízes do Carf [Conselho Administrativo de Recursos Fiscais], não tinha nada a ver com esporte. (...) O processo que demorou mais foi o meu, que graças a Deus se encerrou", comentou.
Os patrocinadores passaram a evitar Luis Cláudio. "Eu ligava para o diretor de marketing, o cara com quem falava há quatro anos, me chamava de irmão e não atendia. Ou dizia: 'não, Luís, não posso falar agora'".
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