Abel compara Estevão a Endrick e quer joia na Disney: 'Pode me convidar'
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O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, comparou Estevão, nova joia alviverde, a Endrick, que tornou-se um dos pilares da equipe nos últimos meses. O português também aproveitou a entrevista coletiva pós-vitória sobre o Liverpool-URU na Libertadores para brincar sobre a "recomendação" de os jovens visitarem a Disney.
O que ele falou?
Estevão na "fase Disney"? Está sim, e se ele quiser, quando for, pode me convidar porque não fui lá e gostaria muito de ir. É algo que esses moleques nunca podem perder: a alegria e o prazer no que fazem. Vocês [da imprensa] são ótimos, sei que procuram fazer o trabalho da maneira de vocês, mas o nível das críticas aqui é acima do tom, é agressivo. Este moleque não tem nem 30 anos, nem maior de idade é, tem que ouvir os conselhos dos pais. No meu país, não dá para votar e nem carta de motorista pode tirar. O que digo a ele é o que digo aos meus filhos e filhas: tudo no tempo de Deus, sejam felizes, quando tiver que ir a Disney vai, porque o outro [Endrick] também foi e acabou vendido para o Real Madrid — mas espero que ele [Estevão] não seja vendido e fique aqui conosco.
Futuro da joia. "Feliz por ele ter feito um belo jogo, mas do mesmo modo, já disse: calma. Amanhã, vai ser bonito, todo mundo vai falar. Fico feliz porque ele merece. É dar os parabéns aos pais dele, ele é um bom moleque. O futuro das novas gerações do Brasil tem meninos de bom coração. Se todos tratarmos bem o Estevão, acredito que, em cinco ou seis anos, as coisas podem ser muito boas não para mim, mas para o Brasil."
Faltou torcedor? "Eu queria ter visto o estádio cheio e não vi, e ninguém pode facilitar: nem treinador, nem jogador e nem torcida. O estádio tem que estar sempre cheio. Ontem, vi jogos da Sul-Americana com estádios cheios. Isto é Libertadores. Aceito que exijam tudo dos jogadores e treinadores, mas quanto mais pessoas forem ao nosso chiqueiro, melhor. Nas nossas vitórias em casa, 30% é deles, e hoje só tivemos 15% da força deles. Queremos 30% da força, e para isso temos que ter o nosso chiqueiro sempre cheio. Senti falta daqueles que não vieram hoje."
Susto pós-gol uruguaio. "É verdade que sofremos o gol no início e ficamos muito nervosos. Voltamos ao que fizemos um pouco contra o Santos, sem construir com critério. É preciso ter mais bola e ter mais jogo, construindo de forma apoiada. Tínhamos que ganhar este jogo. Fico feliz porque os jogadores estiveram bem, os moleques estão felizes. Só preciso que tenham cuidado com o que a imprensa vai dizer sobre eles e que mantenham os pés no chão. A jornada é longa e a linha é muito tênue entre o elogio e a crítica. É o que digo a ele, ao Luis Guilherme e aos outros: acreditem no Palmeiras e em nós, façam o que sabem fazer porque o Palmeiras tem recursos suficientes para ajudar, para que assim eles não comecem a voar nos elogios."
Papo no vestiário. "Para ser sincero, meus jogadores sabem: quando ligam o modo competitivo, podem ganhar contra qualquer equipe, assim como podem perder quando não ligam. Achei que nós entramos um pouco desligados. Sofremos o gol cedo e isso condicionou. A correção no intervalo foi pouca coisa: temos que ter mais bola para poder atacar bem, e não perder a bola entre espaços. Foram muitos erros técnicos no 1° tempo, é o que eles queriam. O jogo estava muito ajeitado para as transições do adversário. Precisamos ter calma e ligar mais passes para desmontar a linha de cinco. Fizemos isso bem no 2° tempo e nossa atitude competitiva foi melhor. Não podemos dar espaço e ver o adversário pensar que pode vir ao nosso estádio e ganhar o jogo. Foram as coisas que mudaram: mais bola no 2° tempo, mais atitude competitiva para deixar a equipe chegar bem ao gol. Foram três, poderiam ter sido mais gols."
Ansiedade. Se eu pudesse pedir 'tempo' no 1° tempo, teria feito. Rapidamente, após sofrer o gol, fomos muito precipitados. Era só fazer um pequeno ajuste. O Luis Guilherme saiu por ansiedade da equipe, não porque estava mal. Eu só queria um a mais na área. Era manter a calma e atacar bem, ter a bola e ligar passes preparatórios. Foi o que não fizemos no 1° tempo por um bom tempo, ficamos muito ansiosos. É possível sofrer um gol seja contra a equipe que for, isso não pode tirar nosso discernimento de continuar seguindo nossos princípios, foi o que falei no intervalo. Era fundamental ter controle de jogo por meio de uma posse para atacar bem e chegar ao gol com qualidade. Começamos a correr menos para jogar mais. [...] Foi a grande diferença: calma, ter a bola com uma intenção de desorganizar o adversário e atacar de forma estruturada. O ataque interfere na defesa e a defesa interfere no ataque. São coisas interligadas."
Defesa vazada. "O futebol é mágico e ainda bem que ele é assim, você não tem certeza de nada. A força mental de uma equipe vem de saber lidar com essa incerteza do resultado. É focar nas suas tarefas, e mesmo você fazendo bem suas tarefas, pode sofrer gols. O que sabemos é que, do modo geral, nossa equipe tem um dos melhores ataques e uma das melhores defesas nas competições. Não quero sofrer gols, mas há circunstâncias do jogo: faltas, gols contra, gols mágicos, adversários de qualidade... não jogamos sozinhos. Parece que o Palmeiras joga sozinho, mas não. Nosso talento é o trabalho, a amizade, o compromisso, o respeito... somos apaixonados pelo que fazemos, mas não posso garantir aos meus jogadores que não vamos sofrer gols. Tenho que dizer que, quando isso acontecer, seja sofrendo ou fazendo, não podemos alterar nossa forma de jogar: aconteça o que acontecer, temos uma forma de jogar e princípios, esteja como estiver o resultado."
Comparação com Fórmula 1. "Mais do que a tática, tem a ver com questões técnicas. Felizmente, tivemos ordem, critério, intenção, organização... as equipes são como os carros de Fórmula 1: a cada corrida, é preciso afinar sempre. A cada jogo, temos que apertar parafusos e ajustar o setup da nossa equipe para tirar o máximo de rendimento em cada jogo."