O ex-jogador Carlos Alberto é famoso no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Não pelos feitos no futebol, mas por ter se tornado um vizinho problema.
A cena em que ele, aparentemente bêbado, discute com uma namorada e quebra os retrovisores do carro dela na área comum do condomínio não foi só um dia caótico. Mas é o retrato da explicação para um processo judicial que tenta expulsá-lo do quadro de moradores.
As informações a seguir constam de processo que o condomínio move contra o ex-jogador e ao qual o UOL teve acesso.
Do carro danificado à urina no corredor
Na madrugada de 12 de dezembro de 2022, a moradora do apartamento 403 acordou muito assustada, por volta das 5h.
Um homem com celular na mão, totalmente embriagado, segundo o relato dela, estava batendo com força na porta.
O sujeito em questão era o vizinho do 402, Carlos Alberto, que estava batendo na porta errada. Um contraste com aquele meia que surgiu no Fluminense, foi campeão mundial pelo Porto e ainda passou por grandes clubes, como Corinthians, São Paulo, Vasco e Botafogo.
Mais tarde, depois de pedir ajuda à portaria, a vizinha saiu de casa e percebeu que o chão do corredor em frente à porta estava molhado. O capacho estava ensopado. Não era preciso exame de laboratório. A equipe de limpeza percebeu que era urina.
O líquido e as batidas na porta foram o desfecho de uma noite caótica para Carlos Alberto. Horas antes, ele estava discutindo com uma mulher que seria sua namorada no estacionamento do condomínio.
Gritava e tentava impedir que ela saísse com o carro. Chegou a deitar no chão para travar a saída. A discussão durou cerca de meia hora. E já eram quase 23h.
Quando ele se levantou, aparentando estar bêbado, Carlos Alberto ainda fez ameaças: "Liga para a polícia que tu vai ver! Tu viu que tu fez? Tu quebrou o meu pé. Chama a polícia. Eu vou contar que teu marido é assassino e você participa. Vou te f... Vou quebrar o seu retrovisor".
Com o pé direito, que não estava quebrado, Carlos Alberto deu um bico em cada espelho e o carro se movimentou logo em seguida.
O episódio do retrovisor e da urina aconteceu cerca de três anos e meio após Carlos Alberto começar a dar dor de cabeça aos vizinhos.
Barulho e festas na madrugada
Pelo menos 36 das 50 ocorrências contra ele envolvem barulho excessivo e fora de hora, com festa, música alta e batucada.
Ainda tem garrafa de vidro na piscina, pontas de cigarro em cima de um carro, insulto a porteiro e arremesso de garrafas pela varanda.
"Este morador, como é de conhecimento de todos, inclusive da administração, vem ao longo dos anos destratando funcionários e até mesmo agredindo e colocando as vidas de todos em risco, fora o barulho com músicas altas fora do horário", reclamou uma moradora junto à administração do condomínio.
Quem sofre mais, considerando as ocorrências, é o casal de moradores do 302, abaixo do apartamento de Carlos Alberto.
Em março de 2023, o ex-jogador teria feito festas barulhentas em dois dias seguidos. O vizinho de baixo até pediu que ele parasse, mas não adiantou.
O morador em questão chegou a chamar a polícia mais de uma vez. Mas Carlos Alberto voltou a fazer barulho quando os agentes foram embora.
Outro dia, teve "tambores, gritaria e palavrões" entre 3h e 9h da manhã.
As multas de quase R$ 20 mil
Nos registros do condomínio, há pelo menos 50 ocorrências contra Carlos Alberto. Três multas foram aplicadas, totalizando R$ 19.601,10.
Uma delas foi porque a namorada do ex-jogador, Julieta Novaes, quase atropelou um funcionário do condomínio.
Ela entrou no local sem esperar a autorização do morador — Carlos Alberto, no caso. A mulher aproveitou que a cancela subiu para que outra pessoa passasse e entrou com o carro.
O funcionário do condomínio tentou impedir, quase foi atropelado, mas conseguiu desviar do veículo.
As outras duas multas foram por:
- Beber cerveja com garrafa de vidro na piscina, com som alto.
- Conversar alto e ouvir música alta de madrugada.
Quando o condomínio fez uma notificação extrajudicial a Carlos Alberto sobre as multas e conduta, o advogado do ex-jogador alegou "que seu cliente não fez nada e que o condomínio não dispõe de provas para acusá-lo", segundo consta em ata.
O que a Justiça já decidiu
Em fevereiro deste ano, a Justiça concedeu uma liminar parcialmente favorável ao condomínio.
O juiz Diego Isaac Nigri determinou que Carlos Alberto "cesse a prática de atos de perturbação do sossego e da segurança do condomínio, devendo respeitar as normas de convivência condominial, estabelecidas na convenção".
A cada notícia de ato de descumprimento da liminar, o ex-jogador ficou sujeito a multa de R$ 5 mil.
Mas não excluiu Carlos Alberto do condomínio porque essa medida seria excepcional, "que demanda, naturalmente, instrução processual robusta, não sendo prudente, tampouco razoável, determiná-la por decisão liminar".
Outro lado
"Bom, mediante a tudo que foi noticiado, venho me posicionar, porque na minha vida inteira nunca me escondi. Sobre o vídeo, que só tem uma parte, ele é verdadeiro e não foi com uma vizinha e, sim, com uma ex-namorada minha (Julieta Novaes). Isso tem anos e, na época, custeei o prejuízo, nos resolvemos e ficamos bem.
Agora, absurdos como orgias sexuais em varanda e outros fatos não são verdade são meramente fantasiosos. Enfim, tenho família e princípios. E quem tiver tentando me difamar sofrerá as medidas judiciais cabíveis!
E vale lembrar que isso tudo só começou porque fiz uma reclamação contra uma obra que está perturbando a todos há mais de dois meses no condomínio. No mais, a todos que se preocupam, estou bem e o restante vai ficar em sigilo! Obrigado".
Carlos Alberto
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