Santos: Gil driblou 'vida errada' pelo futebol e se viu em Pelé na infância
Gil nunca fez escolinha de futebol. O aprendizado e experiências foram adquiridos nas ruas de Campos de Goytacazes, uma cidade do Rio de Janeiro, onde ele jogava bola sem sequer imaginar que isso um dia seria sua profissão.
A influência do futebol veio por meio de seus primos, que os chamavam para jogar bola sempre que pintava a oportunidade. Além de um hobbie, também era um escape para se afastar de amizades que seguiram o caminho errado. Seu pai, muito cuidadoso, o alertava com frequência sobre essas relações.
Entre um jogo ou outro, Gil foi abordado por um olheiro. Paulo Marcos, que na época estava à frente do Americano. O zagueiro não pensou duas vezes antes de agarrar a oportunidade de fazer um teste como Juvenil. E entre 50 garotos, passou.
Ele [Paulo Marcos] que me viu. No meu primeiro jogo no profissional, o treinador era o Walter Ferreira, e ele [Paulo] era o diretor. Aí o Walter foi perguntar para ele 'ele aguenta jogar?'. E eu com 15 para 16 anos de idade... o Paulo respondeu 'ele só tem duas chances... ou ele joga futebol, ou ele vira os amigos dele'. E eles sempre foram... da vida errada. Ele contou isso para mim. Falou 'eu tenho certeza que ele vai querer jogar futebol. Ele só tem duas chances na vida dele'
Gil, zagueiro do Santos, ao UOL com exclusividade.
Ao ingressar no futebol, Gil tinha o histórico de atuar na defesa quando mais jovem, mas ainda assim fez testes e quase deixou a zaga para o meio-campo. Com 1,92 de altura, o jogador brincou com a situação e reforçou o quão maluco é ter ganhado a oportunidade sem a intenção de se profissionalizar.
"Fiz um teste de meia-atacante, você imagina? Desse tamanho [risos]. Ia ser um Giuliano da vida! Já pensou? Não tem como. Aí o Paulo Marcos, treinador do Americano da época, falou 'não, vai pra zaga'. Mas para mim é muito louco. Muito louco, muito louco mesmo, de verdade", disse.
Fora dos gramados, Gil tem alguns hábitos para passar o tempo e as redes sociais não estão incluídas na rotina dele. O defensor gosta da leitura e não tem preferência de estilo. A biografia de LeBron James, lenda do basquete e ídolo do jogador, está nos planos.
NBA também é um hábito. Gil acompanha toda a competição e é muito fã do esporte. Agora, ele busca entender um pouco mais do futebol americano por indicação do goleiro Cássio, velho amigo que fez no Corinthians.
Fã de Pelé, o jogador ainda se vê privilegiado por atuar no clube do Rei. Ele se recorda de, quando mais jovem, se reconhecer no homem preto com qualidade indiscutível nos gramados. Hoje, o mesmo ouve em todo minuto 10 uma música que ecoa o estádio em homenagem à sua referência.
Tem a música, né? Só Pelé... Só Pelé que jogou no meu Santos... é impressionante, uma coisa absurda. E a cidade também vive isso, né? Acaba o jogo e às vezes eu estou em casa e vem só essa parte do 'só Pelé.... só Pelé...'. Não dá pra explicar. Tem dias que chego aqui no centro de treinamento de carro e vejo a comemoração dele estampada. É coisa de maluco, coisa de louco. Muito bonito eu estar em um clube dessa grandeza
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