Os dois principais estádios de Porto Alegre vivem momentos diferentes. Enquanto o Beira-Rio, do Inter, secou, evidenciando um cenário de destruição, a Arena do Grêmio segue com setores — entre eles o gramado — submersos. Se ambos estão próximos ao curso do Guaíba, por que o comportamento da água é diferente?
A explicação
Para entender os cenários diferentes o UOL consultou o professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Primeiro é importante salientar que Beira-Rio e Arena, ainda que próximos do Guaíba, estão em locais diferentes da capital gaúcha. O estádio do Inter fica no bairro Praia de Belas, entre o centro e o sul de Porto Alegre. A Arena do Grêmio está no bairro Humaitá, zona norte da cidade, quase divisa com o município de Canoas, um dos mais atingidos pela tragédia climática.
Portanto, os estádios de Inter e Grêmio sequer fazem parte do mesmo polder (área que fica protegida pelo sistema de diques, casas de bombas e cortinas de concreto).
Classificação e jogos
Dornelles explicou que no caso do Beira-Rio, não há comportas para evitar que a água chegue até a região urbanizada. A entrada de água se deu pelas casas de bombas, que precisaram ser desligadas em razão da inundação.
Nos últimos dias, duas das três casas de bombas da região foram restabelecidas, drenando a água de sua área.
Já em relação à Arena do Grêmio, a situação é diferente. Lá há comportas, que ainda apresentam vazamento, deixando passar água do Guaíba que segue acima da cota de inundação — ainda que tenha recuado recentemente.
A casa de bombas mais próxima da Arena foi religada, no entanto ela não consegue vencer a quantidade de água na região. "Seria necessário outras casas de bomba operando, mas para ligar precisa secar os motores, e ainda estão muito inundados", contou Dornelles.
Além disso, o nível do Guaíba é mais alto na região da Arena do que do Beira-Rio.
A tendência é que o escoamento da região onde está o estádio gremista demore ainda alguns dias. Mas tudo depende da condição climática e da retomada do funcionamento das casas de bombas.
É a mesma situação do aeroporto, rodoviária, centro histórico. Ali alagar é frequente, mas não inundava desde 1967
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