Coordenador do Palmeiras diz como clube atingiu hegemonia de 'PSG e Bayern'

Daniel Gonçalves é coordenador de performance do Palmeiras e está no clube desde 2020 — ele é considerado pela diretoria como um dos principais nomes do Núcleo de Saúde e Performance. Nesse período no clube, ele já fez parte de 11 títulos e, em entrevista ao UOL, explicou como o Alviverde chegou a essa hegemonia que só se vê no futebol europeu.

O que ele disse

O futebol brasileiro há alguns anos era sazonal. A equipe vencedora ganhava e ficava sem ganhar um tempo. Mas agora com processo estruturado, padrões bem definidos, ajustes sempre, apetite por novas conquistas, temos mais condições de conquistar resultado. Viramos esse modelo no futebol brasileiro. Bayern, o Manchester City no futebol inglês, o PSG, clubes italianos de Milão [Inter e Milan], percebemos que as grandes equipes vencem, mas elas conseguem se estruturar e se manter no topo, e isso está rolando no futebol brasileiro. Resiliência de saber lidar com a pressão, não se contentar com o que foi para o passado, ter essa visão futurista de lutar por inovações. A cobrança da torcida molda nosso dia a dia, cada clube tem seu padrão, mas por isso nós somos o maior campeão do Brasil.

'Eu vejo muitas semelhanças entre Abel e Vanderlei Luxemburgo'

Daniel chegou ao Palmeiras com Vanderlei Luxemburgo no início de 2020. Eles fizeram um trabalho no ano anterior no Vasco e reeditaram a parceria no Palmeiras.

Anderson Barros, diretor de futebol do clube, também já havia trabalhado com Daniel e foi uma das pessoas que aprovaram sua contratação.

Ele é o responsável por fazer o "meio de campo" entre as informações que o Núcleo de Saúde e Performance recolhe e a comissão técnica de Abel Ferreira. Por exemplo no jogo contra o Independiente del Valle, jogando na altitude de Quito, Daniel foi um dos responsáveis pelo planejamento para os jogadores conseguirem jogar bem em uma situação adversa.

Para Daniel, Luxemburgo e Abel têm muitas semelhanças no modo de trabalho.

Eu vejo muitas semelhanças no Abel e Vanderlei. O Abel tem 20 anos a menos que o Vanderlei, mas o Vanderlei foi de vanguarda, inovador, multidisciplinar de futebol ele fazia desde 90, gostava muito da tecnologia também. O Abel é mais voltado para questões mentais. Hoje em dia tem recurso, Abel quer implementar neurociência, isso influencia no poder mental da equipe. E discurso, desenvolvimento do processo, o atleta tem que acreditar. O atleta está sujeito a oscilação natural, sem muita alegria na vitória e sem depressão na derrota. Ele é antenado e ajustado ao atual momento. Singular. Mesmo sendo estrangeiro, ele soube entender e se adaptar ao real cenário. As pessoas perguntam: 'Abel não faz rachão?'. Ele faz todo dia pré-jogo, ele se adaptou. Ele no dia a dia atua como um brasileiro.

Ele é exigente. Ele acaba tendo essa questão do temperamento, mas se adaptando a outras questões. Isso faz com que todo mundo diariamente procure dar o melhor. Ele mesmo fala que ele quer o melhor de cada um o tempo todo.

Veja outras respostas de Daniel Gonçalves

Palmeiras no topo: "É um modelo institucional. O Palmeiras é um clube de vanguarda. Foi em busca de profissionais que tivessem esse perfil, promovendo profissionais da base ou externos que tivessem a questão da proatividade, da busca tecnológica, científica. Com certeza o clube incentiva. O Anderson [Barros] fala que precisamos manter esse ambiente, e não podemos medir esforços na nossa rotina. Buscamos constantemente o que é novo. Manter protagonismo. Comparamos tudo. Mas também calha com perfil dos profissionais".

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Sua importância no Palmeiras: "A gente como profissional do futebol sabe da real importância nossa. Precisamos ter ciência do nosso posicionamento, entender os elementos do jogo que não só são técnicos ou físicos. Eu tenho que ter a visão do todo. Protagonismo é do treinador e do jogador, mas temos um papel importante. Temos um nível de importância semelhante, acompanhando toda a rotina dos atletas. Estou em todo, todo treino, participante de todas a atividades preliminares e complementares. Tento auxiliar e contribuir no dia a dia".

Relação de Abel com todas as áreas do Palmeiras: "Abel tem visão moderna, João [Martins] também. É necessário a integração. Não faz sentido limitar esses profissionais que são úteis no dia a dia. Quem orbita o jogo tem que estar próximo. Temos que levar o laboratório ou clínica pra atingir esse objetivo. O Abel tem essa visão. Incentivo os profissionais a estarem mais próximos. Ali é o momento mais sensível e agudo das intervenções. Em outros clubes trabalhei com Vanderlei, ele tinha essa visão, Dorival, Barbieri. Óbvio que o modelo do Palmeiras é singular, harmonia, interação entre as áreas, todos se sentem pertencentes. Somos importantes, mas coadjuvantes".

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