A reforma de São Januário está cada vez mais próxima de sair do papel e se encontra em estágio avançado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. E a aprovação dela por parte dos vereadores poderá beneficiar diretamente o projeto de estádio do rival do Vasco, o Flamengo.
Ponto em comum
A reforma de São Januário e o projeto de estádio do Flamengo possuem um ponto em comum: o mecanismo de "potencial construtivo" sugerido pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
No caso de São Januário, o potencial construtivo já foi aprovado pela prefeitura e está sendo apreciado pela Câmara. Ele já teve uma audiência pública e passará por pelo menos mais duas antes de ir para votação. Caso os vereadores sinalizem positivamente ao projeto, o Vasco poderá vendê-lo no mercado para aplicar, obrigatoriamente, na reforma de seu estádio. Calcula-se que o Cruz-maltino conseguirá arrecadar cerca de R$ 500 milhões.
No caso do Flamengo, o prefeito Eduardo Paes colocou duas possibilidades de potencial construtivo: uma para a Caixa Econômica Federal e outra para a sede flamenguista da Gávea.
Classificação e jogos
Em relação à Caixa, o mecanismo seria para seu terreno na região do Gasômetro, no Centro (RJ). Com isso, o banco estatal poderia arrecadar verbas em outros pontos da cidade e baratearia a região para o Rubro-Negro, que tem o desejo de construir ali seu estádio.
Porém, a possibilidade que se tornou mais concreta é para a sede da Gávea. O dinheiro arrecadado teria que ser usado, obrigatoriamente, na obra de seu estádio. Uma reunião para debater o tema aconteceu no dia 15 de abril entre o presidente rubro-negro, Rodolfo Landim, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
O Flamengo, no entanto, ainda encontra resistência da Caixa. Clube e banco estatal não chegaram a um denominador comum na questão de valores e compra do terreno no Gasômetro. De qualquer forma, ter o potencial construtivo em mãos já é um grande passo, e a possível aprovação do mecanismo para o Vasco é um indício de que o mesmo deverá ocorrer com o Rubro-Negro.
Paes faz lobby para estádio do Fla no Gasômetro
Eduardo Paes voltou a fazer lobby em favor do estádio do Flamengo no Gasômetro. Desta vez, durante ação para divulgar o novo projeto da Prefeitura: o Parque do Porto, um projeto ambiental de modernização da zona portuária do Rio.
O prefeito citou a possibilidade do estádio na região, já que o Gasômetro fica próximo. Na postagem, instigou o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), ex-secretário de Fazenda e Planejamento de Eduardo Paes no início da gestão.
É isso, meu Prefeito! ?? https://t.co/V5x2rJ1PU7
-- Pedro Paulo (@pedropaulo) May 19, 2024
Pedro Paulo é homem de confiança de Paes e foi escolhido pelo prefeito para ficar à frente do projeto do Flamengo. O deputado é flamenguista e tem feito reuniões com dirigentes rubro-negros e lideranças de organizadas.
O UOL tenta contato com Pedro Paulo desde a última sexta-feira (17). A assessoria de imprensa do parlamentar prometeu uma entrevista, mas até o momento ela não ocorreu. Caso aconteça, o assunto será atualizado.
O que é Potencial Construtivo?
A legislação urbanística da cidade determina limites para edificações nas diferentes regiões — ou seja, quanto poderá ser construído em um terreno em cada bairro. No caso de um estádio de futebol, nem todo esse limite é utilizado — já que não há construção no gramado, por exemplo.
Em São Januário, um total de 197 mil metros quadrados de construção autorizada pela legislação não serão utilizados. O projeto permite que essa área seja negociada para ser aplicada em outras regiões, onde a área máxima construída seria menor pela legislação local.
O índice de aproveitamento desse potencial varia de acordo com a área. Na transferência para a região da Avenida Brasil, por exemplo, cada metro quadrado transferido de São Januário vai gerar um aproveitamento de 1,73 metro quadrado. Ou seja, quem adquirir 100 metros quadrados de potencial poderá construir 173 metros quadrados em um terreno na Avenida Brasil.
Já os trechos da Barra da Tijuca terão aproveitamento significativamente menor: cada metro quadrado transferido de São Januário poderá se transformar em áreas construídas que variam de 0,21 a 0,52 metro quadrado. Ou seja, 100 metros quadrados de São Januário virariam de 21 a 52 metros quadrados, dependendo do trecho.
O UOL apurou que três empresas estão dispostas a comprar o potencial construtivo de São Januário: uma famosa rede de hospitais, uma construtora e um fundo imobiliário.
Presidente do Vasco, Pedrinho pretende iniciar as obras em dezembro de 2024. O projeto de ampliação e modernização prevê um estádio para cerca de 47 mil pessoas.
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