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'Eu era flamenguista até vestir a camisa do Cruzeiro', diz Luvannor

Luvannor, do Cruzeiro, comemora gol contra o Vasco pela Série B do Brasileirão Imagem: Alessandra Torres/AGIF

Felipe Silva

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/05/2024 13h49

A passagem pelo Cruzeiro na Série B em 2022 marcou a vida do atacante Luvannor. Tão grande foi o impacto a ponto de fazer o jogador de 34 anos esquecer o passado flamenguista para virar mais um torcedor da Nação Azul.

O que aconteceu

Luvannor ajudou a recolocar o Cruzeiro na Série A em 2023. O jogador, que atualmente defende o Al-Bukiryah, da Arábia Saudita, foi peça importante da equipe na segunda divisão, com sete gols marcados, e em pouco tempo ganhou o carinho dos torcedores.

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Nascido em Campo Maior, cidade no estado do Piauí, Luva era torcedor do Flamengo. Seu pai, Paulo Henrique, tem como ídolo Zico e chegou a enquadrar uma foto do encontro filho com o Galinho de Quintino ocorrido em 2015, em Dubai.

Pai de Luvannor é fã de Zico e enquadrou foto do filho com ídolo do Flamengo Imagem: Arquivo pessoal

Zico é referência não só minha mas como para muitos brasileiros. Ele estava fazendo pré-temporada com o Goa, da índia, no nosso CT em Dubai, e aproveitei para tietar. O Zico para o meu pai, flamenguista, é como se fosse o Ronaldo (Fenômeno) para mim. Eu mandei a foto para o meu pai e ele fez um quadro grande. Quando menor, joguei no CFZ (Centro de Futebol Zico) em Brasília, então tive essas questões em comum. Luvannor, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Eu era flamenguista até vestir a camisa do Cruzeiro.

Foi uma coisa fora do normal o que senti pelo clube, torcida, jogando e defendendo aquela camisa pesadíssima. Se passar jogo do Cruzeiro na televisão, seja duas horas da manhã, eu vou assistir. A família toda é nação azul. Luvannor.

Artilharia e idolatria na Europa

Com 62 gols, Luvannor é o maior artilheiro da história do FC Sheriff, da Moldávia. A equipe do Leste Europeu tem aparecido com frequência nas principais competições europeias, como Champions League e Europa League.

O Sheriff foi a primeira equipe de Luva no futebol do exterior. Na sequência, atuou por Shabab Dubai, Al-Ahli-UAE e Al-Whada-UAE. Em três passagens pelo clube da Moldávia, o atacante atuou em mais de 130 partidas, e conquistou três títulos nacionais.

Para mim é muito gratificante. O Sheriff foi o clube que abriu as portas para mim, onde pude mostrar as minhas qualidades como jogador profissional. Se hoje sou o que eu sou é graças também a oportunidade que eles me deram. Tive passagens por alguns clubes no Brasil antes do Sheriff, mas não consegui ter sequência. Na terceira passagem pelo clube me tornei o maior artilheiro e isso me deixa muito feliz. Foi uma forma de retribuição ao clube. Luvannor

Novo desafio

Luvannor deixou o Sheriff ao final de 2023. Apesar da idolatria no clube, o atacante aceitou uma proposta do Al Bukayrihah, da Arábia Saudita. A equipe disputa a segunda divisão do futebol nacional e encontra dificuldades na temporada, mas contou com os gols do jogador para escapar de um rebaixamento. O brasileiro marcou nove vezes em nove partidas.

Luvannor vive grande fase no futebol saudita Imagem: Reprodução/Instagram

Voltar para o mundo árabe é ficar próximo da minha família. Meus filhos praticamente cresceram em Dubai, estudam e têm amigos. Recebi muitas cobranças nos últimos anos por parte da minha filha, no tempo que passamos no Brasil ela sentia saudades da cidade. Estando na Arábia Saudita eu consigo ter essa facilidade de estar com a minha família toda semana. Luvannor

Veja outros trechos da entrevista do UOL Esporte com Luvannor

Dupla com Jô, ex-Corinthians, no Shabab Dubai

Cheguei nos Emirados em 2014, trabalhei com o técnico Caio Júnior e ele foi muito importante no começo, um paizão. Na segunda temporada chegou o Jô na equipe. Foi até engraçado, estava de férias na Moldávia e recebi uma mensagem do Jô, se apresentando e dizendo que jogaríamos juntos. Pensei que se tratava de um golpe, mas comecei a trocar uma ideia e vi as notícias que de fato ele estava chegando na equipe. Foi bacana demais a convivência com ele lá, conviver e dividir o vestiário, um jogador experiente e com muita história.

Luvannor e Jô atuaram juntos no Shabab Dubai, em 2015 Imagem: Reprodução/Instagram/Luvannor

Gostávamos de jogar videogame na concentração e eu nunca conseguia ganhar dele, ele era muito bom (risos).

Saída do Cruzeiro

A minha saída foi bastante profissional. Jogamos o último jogo (em 2022) e saímos de férias, estava no planejamento esse período e depois a reapresentação, mas fui avisado que o clube não contaria mais comigo, por conta da idade e investimentos em outros atletas. Não fiquei magoado, entendi a decisão da diretoria também, querendo ou não é uma empresa e eles estão ali para fazer o melhor para o clube. Aceitei de forma normal e toquei a minha vida. Só tenho a agradecer por tudo.

Sonho de voltar

Eu me preparo a cada dia. Se um dia me ligarem, estarei pronto para isso (voltar ao Cruzeiro). Sei que jogo em um campeonato inferior, mas tento trabalhar e ficar em forma para que, se um dia tiver um convite, estarei preparado.

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