Nova regra de impedimento validaria 99% dos gols anulados? Veja debate
Do UOL, em São Paulo
25/05/2024 17h08
A ideia de uma nova regra do impedimento, elaborada pelo ex-técnico e hoje chefe de desenvolvimento global da Fifa Arsène Wenger, virou tema da última edição do "De Primeira", programa do UOL Esporte no YouTube — a mudança elimina o conceito que chamamos de "mesma linha", com infração apenas quando todo corpo de um jogador atacante estiver à frente de seu adversário.
PVC e Renato Marsiglia discutiram os possíveis problemas caso a proposta seja aplicada no futebol. Para o ex-árbitro e hoje professor da FGV, a mudança validaria 99% dos gols anulados atualmente.
Se houver essa mudança que o Wenger quer, 99% do que é discutido fica sem discussão — e quando houver a discussão, fica mais fácil de resolver porque é uma linha só, não precisa traçar duas. Quase que zera a discussão do impedimento. Meu problema com o VAR não é com o impedimento, porque impedimento é factual Renato Marsiglia, no "De Primeira"
PVC pontuou um detalhe na questão ao falar sobre a criação de "novos problemas" com a inserção da ideia de Wenger na prática.
Eu concordo, mas tem um detalhe: se você continuar procurando pelo em ovo, você terá um problema menor, mas diferente. Você vai ter que parar sete minutos para ver se tem uma parte do corpo encostado ou não. A lógica inglesa é a seguinte: durante 150 anos, a gente sabia o que era impedimento ou não sem ter o VAR, sem a régua. É impreciso? Claro, mas a lógica da regra do jogo é o fair play, e a gente está pegando uma lupa para ver se está [impedido] mesmo. Eu discuto o princípio: se tenho que pegar uma lupa para ver se tem um pedacinho da trava da chuteira que vai dar impedimento, a gente pode ter o mesmo problema. PVC, no "De Primeira"
Mudança brusca?
A regra de impedimento, hoje, funciona da seguinte forma: qualquer parte do corpo é suficiente para a paralisação do lance — exceto braços e mãos. A intenção da nova proposta é reduzir o número de impedimentos e detectá-los de forma mais simples.
O plano de Wenger foi apresentado no segundo semestre de 2023 e foi apelidado de "regra da luz do dia". O ex-treinador trabalha como chefe de desenvolvimento global de futebol da Fifa.
De acordo com o "The Athletic", um dos testes foi realizado em jogos no sub-18 na Itália. Outros testes aconteceram ainda em competições de base na Holanda e Suécia.
A proposta é vista como vantajosa para os atacantes, que podem se beneficiar com a possível alteração na regra. Porém, ainda não há indicativos que a mudança possa ser aplicada em breve ou se a ideia será rejeitada, como já aconteceu com outras recomendações.