Ex-Palmeiras se aposentou aos 29, virou empresário e é disputado na várzea

O lateral direito Luís Felipe surgiu como uma das grandes promessas da base do Palmeiras e ganhou destaque pelo Alviverde na disputa da Série B do Campeonato Brasileiro de 2013. No entanto, um ano depois, ele deixou o clube após quase dez anos pela porta dos fundos.

Chegou um certo momento que teve essa situação em que pedi um contrato alto [para renovar com o Palmeiras], mas na minha cabeça eu já estava há quase dez anos no clube. Eu tinha dado prioridade para o Palmeiras, só que o Palmeiras estava passando por momentos difíceis na época. E, às vezes, a gente não queria ou não entendia o processo. Às vezes nós só olhamos para nós, o que é normal, para depois olhar o problemas dos outros. Acabou que eu escolhi parar no futebol português, no Benfica. Luís Felipe, em entrevista ao UOL.

A ida precoce para a Europa não funcionou para Luís Felipe. O lateral encerrou a carreira com apenas 29 anos após muitos empréstimos em equipes de menor expressão no Brasil, e hoje usa a carreira como exemplo aos mais jovens que querem seguir o caminho do futebol.

O que aconteceu

Em 2013, o Palmeiras havia acertado a prorrogação do vínculo de Luís Felipe até o fim de 2014. Porém, o clube redigiu o contrato com um erro de digitação na Federação Paulista de Futebol e fez o acordo "vencer" em dezembro do ano anterior.

Para renovar mais uma vez, Luís Felipe não aceitou os mesmos termos combinados anteriormente e pediu uma boa valorização salarial. Mas a diretoria do Palmeiras não aceitou a postura do jogador, o afastou e encerrou sua passagem no clube.

Em julho de 2014, Luís Felipe foi apresentado com novo reforço do Benfica. O Alviverde recebeu cerca de R$ 3 milhões pela transferência.

"Acho que eu fiz a escolha certa"

Luís Felipe não conseguiu se firmar no Benfica, foi emprestado ao Joinville, Paysandu e ao Rio Claro, retornou ao futebol português atuando pelo Vitória FC, e encerrou a carreira após passagens pelo São Caetano, Villa Nova-MG e Portuguesa Santista. Ele reconhece que precisava ter sido menos imediatista no Palmeiras, mas não se arrepende da escolha que fez.

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Eu acredito que sim [fui imediatista naquela época]. Até porque você tem uma proposta do Benfica nas mãos e vê que o Palmeiras está passando por alguns problemas... quantos meninos daquela idade que eu tinha, uns 20 anos, iriam ter um pensamento dessa maneira? Esperar uma chance no Palmeiras ou uma transferência para o Benfica? Eu pensei na minha carreira, estava indo para um time grande na Europa e financeiramente iria mudar a minha vida. E eu acho que eu fiz a escolha certa. Eu não me arrependo, sou muito grato ao Palmeiras.

Luís chegou ao Benfica e não tinha espaço no elenco, sua primeira opção foi um empréstimo de volta ao futebol brasileiro para recuperar a boa forma e depois ser aproveitado pelo clube português.

Mas isso não aconteceu. Pelos clubes que passou não teve uma grande sequência de jogos e acabou vencido pelo mental — que levou ao fim da sua carreira de forma precoce.

Eu escutava muito isso dos mais velhos: o maior problema é o mental. Eu parei muito novo por causa disso, porque eu já não tinha mais cabeça para continuar no futebol. Estava me estressando comigo mesmo, porque eu me cuidava, mas as coisas não aconteciam. Estava saturada. Eu tive uma lesão séria, quebrei o tornozelo em 2019 e até hoje eu sinto dor, tenho uma placa no pé por conta disso.

A vida de empresário

Luis Felipe e Claudinho, ex-RB Bragantino, em encontro na Rússia
Luis Felipe e Claudinho, ex-RB Bragantino, em encontro na Rússia Imagem: Reprodução
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Hoje, com 33 anos, Luís Felipe trabalha na Elenko Sports, de Fernando Garcia e Guilherme Miranda. A Elenko cuida da carreira de diversos jogadores importantes do futebol brasileiro: Malcom, Claudinho, Nino, Guilherme Arana, além de muitos outros.

Sem futuro no futebol, Luís pediu uma oportunidade aos empresários que conheceu quando esteve no Benfica e foi atendido. Luís diz que não tem a fórmula do sucesso, já que ele mesmo parou cedo, mas tenta passar a experiência que viveu para os mais novos.

Eu tenho bastante contato com atletas atualmente, tento passar para eles o que eu vive lá atrás. Eles me mostram o que estão passando hoje também. Eu não tenho a fórmula do sucesso, tanto é que parei com 29 anos, joguei muito pouco. Tentamos passar aquilo que vivemos nesses 10, 15 anos de experiência

Rei da Várzea?

Apesar de ter abandonado o futebol profissional de forma precoce, Luís Felipe foi convidado por um amigo para jogar no futebol de várzea. A ideia era jogar apenas para "espairecer", mas o negócio ficou sério.

Luís Felipe ganhou destaque atuando como lateral direito e por ter uma bola parada muito precisa. Ele é disputado pelos principais clubes da várzea para a disputa dos principais campeonatos: a Supercopa Pionner e a Supercopa Zona Leste.

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O ex-jogador revelou que teve um professor muito importante na bola parada, e que deixa saudade até hoje no torcedor do Palmeiras: Marcos Assunção.

Quando eu era profissional, eu sempre me especializei em ter alguma coisa diferente comigo. Seja bater na bola, seja ter velocidade ou algo do tipo. Eu não era tão veloz assim. E, cara, meu pai sempre falou que bola parada é treinamento. É treinamento, são esses tipos de coisa que eu levei para a minha vida. E quando eu subo para o profissional do Palmeiras, eu já treinava muito na base, nessa situação de bola parada e quando eu subo para o profissional do Palmeiras, eu encontro o Marcos Assunção lá. Você vê aquele cara todos os dias se dedicar, igual ele se dedicava para aperfeiçoar o que ele tinha de melhor, que era uma batida na bola. Eu acho que eu comecei a acompanhar isso. Eu tive um professor ali, que você gosta de admirar todos os dias.

Na várzea, Luís Felipe já foi campeão da Copa Martins Neto (2023), jogando pelo Jardim Verônia e campeão da Taça Cidade de Sorocaba, atuando pelo Vila Helena.

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