Clube do Rio vive saga para primeiro jogo em Porto Alegre desde enchentes
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Porto Alegre (RS) receberá seu primeiro jogo de competição oficial da CBF nesta quarta-feira (29), às 18h30, quando o São José receberá o Volta Redonda pela Série C. Para chegar até o local, o clube carioca precisará enfrentar uma verdadeira saga em virtude das consequências da tragédia na capital gaúcha.
Estádio não foi afetado, mas acesso ainda é difícil
O estádio Passo D'Areia, que sediará a partida, não foi afetado pelas enchentes. Com gramado sintético, ele fica situado no bairro de Santa Maria Goretti, na Zona Norte de Porto Alegre.
A cidade, porém, segue com o aeroporto fechado e com poucas alternativas de acesso e saída via estrada. Por isso, o deslocamento do Volta Redonda será longo e feito em partes:
Londrina (PR) / São Paulo (SP) - Após empatar em 1 a 1 com o Londrina, no último domingo (26), o Voltaço viajou de avião até São Paulo e treinou nesta segunda (27) no CT da base do Corinthians.
Guarulhos (SP) / Passo Fundo (RS) - Na manhã desta terça (28), o Volta Redonda pegou um avião no aeroporto de Guarulhos (SP) e seguiu para Passo Fundo, cidade do interior do Rio Grande do Sul que fica a 289 quilômetros de Porto Alegre (RS).
Passo Fundo (RS) / Porto Alegre (RS) - O trajeto até a capital gaúcha será feito de ônibus e o clube prevê muitas horas de viagem:
Em Passo Fundo nós descemos e vamos de ônibus até Porto Alegre. Devem dar, mais ou menos, umas seis ou sete horas, dependendo de como estiverem as estradas
Flávio Horta, presidente do Volta Redonda
Porto Alegre (RS) / Florianópólis (SC) - O Voltaço dormirá em Porto Alegre após a partida. No dia seguinte, viaja de ônibus até Florianópolis (SC), num trajeto de 463 quilômetros e calculado também em cerca de sete horas.
Florianópolis (SC) / São Paulo (SP) / Rio de Janeiro (RJ) - Da capital de Santa Catarina o Volta Redonda pegará um avião até São Paulo e, de lá, um outro até o Rio de Janeiro (RJ).
Rio de Janeiro (RJ) / Volta Redonda (RJ) - Da capital carioca o Voltaço ainda terá um deslocamento de ônibus de 133 quilômetros até sua cidade natal, que leva o mesmo nome do clube. O trajeto é de cerca de duas horas.
Treino do São José era facultativo e funcionários perderam casa
O São José enfrentou muitas dificuldades mesmo não tendo o estádio afetado pelas enchentes. A situação ficou um pouco mais normalizada somente nos últimos dias.
Os treinos estavam sendo facultativos. Por conta das dificuldades de locomoção pela cidade, muitos jogadores e funcionários não conseguiram ir ao clube. As atividades só foram retomadas com todo o plantel na semana passada.
Ao menos dois funcionários perderam suas casas: um preparador físico e um preparador de goleiros.
Infelizmente, nosso preparador físico perdeu tudo, a mãe dele perdeu tudo. Outros companheiros também não estão conseguindo treinar porque moram em situação bem difícil. Tem fotos aqui que, se mandar, o cara fica triste
Zagueiro Carlos Alexandre, em entrevista ao canal do clube, no dia 8 de maio
Vários jogadores participaram ativamente de resgates e entregas de doações. O próprio estádio Passo D'Areia tem servido de ponto de coleta.
O jogo contra o Volta Redonda é tratado como o "Dia da Retomada". O torcedor que doar um quilo de alimento não-perecível ou um produto de limpeza pagará meia-entrada (R$ 25). Os donativos serão enviados às vítimas das enchentes.
Clubes divergiram sobre paralisação
São José e Volta Redonda divergiram sobre a paralisação na Série C. O clube gaúcho foi a favor, já o carioca se posicionou contra. No total, dos 20 clubes da competição, somente oito votaram para que o torneio parasse.
O São José, inclusive, fez um pedido formal junto com Ypiranga e Caxias, os outros dois clubes gaúchos na competição. O manifesto foi enviado à CBF e à federação gaúcha, e solicitava a paralisação completa das rodadas até o dia 31 de maio, algo que não foi atendido.