Marcelo Silva, com passagem pelo Santos, disse ao UOL que foi pego de surpresa por ter seu nome vinculado ao golpe do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) aplicado a ex-jogadores e negou envolvimento. Ele apareceu em reportagem do Fantástico como sendo investigado pela Polícia Federal como facilitador da fraude.
O que aconteceu
Marcelo afirmou que tomou um susto ao saber do caso e que esperou para se pronunciar. O Fantástico informou na matéria que não teve resposta do ex-jogador, que disse ter aguardado a matéria ir ao ar para entender como estava sendo relacionado. Na sequência, o hoje empresário se manifestou no Instagram, que é fechado.
Ao UOL, ele negou participação e acrescentou que não recebeu qualquer intimação ou citação no caso. A polícia citou que ele é investigado como facilitador em uma das fases do golpe, mas não especificou como se daria o envolvimento dele nos desvios do benefício. A fraude do FGTS atingiu uma série de atletas aposentados e também em atividade.
O ex-Santos decidiu ir nesta terça (4) à sede da PF em São Paulo para entender como está sendo relacionado ao golpe. Ele afirmou que quis procurar as autoridades mesmo ser chamado e se dispôs a provar sua inocência.
Tomei um susto. Estou indo no prédio na PF na Avenida Paulista com meu advogado. Não recebi intimação nem citação. Antes de me procurarem, estou procurando justiça. Estou muito consciente e bem tranquilo. nego todas as participações em todos os casos. não dá para se defender só com palavras. vou me defender com provas. Marcelo Silva, ao UOL
Emocionado, Marcelo lamentou o impacto causado pela vinculação com o golpe. Ele é agente de jogadores e está à frente de uma escolinha de base. Em conversa por telefone, desabafou que não é um milionário do futebol, que não vive de luxos e que se esforça para manter o padrão de vida e pagar a pensão do filho.
Ex-companheiro de time afetado
O golpe do FGTS, segundo a PF, está sendo aplicado por uma quadrilha desde 2014 e possui duas fases. A primeira, até meados de 2017, tinha como alvo atletas brasileiros, como Elano, Ramires e Maikon Leite. Já a segunda mirava apenas estrangeiros e deu prejuízo milionário a Paolo Guerrero, além de ter feito Cueva e Joao Rojas como vítimas.
Apontado como facilitador na primeira fase, Marcelo rechaçou qualquer envolvimento: "Vou lesar um amigo?". Ele jogou com Elano no Santos, no início da década de 2000, afirmou que não teve participação no caso e que vai entrar em contato com o antigo companheiro de time.
Da 1ª fase, vi que quem foi lesado foi o Elano. Ele jogou comigo, não tenho contato próximo, mas vou lesar um amigo? Ramires nunca falei com ele nem por telefone. Marcelo
Contato de advogado
O ex-Santos disse que o único contato que teve com alguém sobre FGTS foi com um advogado que prestou serviço para ele. O ex-jogador foi procurado pelo profissional em questão há cerca de dez anos, que ofereceu checar se teria valores do benefício em aberto.
Marcelo afirmou que recebeu um valor residual de cerca de R$ 10 mil. Desse valor, pagou uma comissão de 20% pelo trabalho realizado pelo especialista na área.
Ele foi acionado posteriormente pelo mesmo advogado, que pediu o contato de ex-jogadores próximos a ele — que também vieram a aderir ao serviço. Marcelo passou o número de quatro ex-atletas com quem convive e relatou que ficou acompanhando para saber se tinha dado tudo certo com eles. Segundo contou, os outros também não tiveram problema com os saques e pagaram a comissão do profissional.
O advogado não é citado na investigação da PF. Marcelo afirmou que vai contar o episódio à polícia e quer entender se foi citado por essa pessoa. "Quero saber se esse cara que fez o serviço para mim deu golpe em alguém posteriormente; É a única pessoa que pode ter me citado, ou alguém que foi lesado por fraude", complementou.
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Marcelo também disse que nunca teve contato com os jogadores estrangeiros afetados nem com nenhum dos outros citados na investigação. "Não conheço nenhum desses caras. não tenho telefone, contato nem convívio", declarou.
O ex-jogador se disponibilizou a apresentar seus dados bancários para comprovar que não teve participação. Os jogadores estrangeiros foram as maiores vítimas no esquema: Guerrero teve prejuízo de R$ 2,3 milhões, enquanto Cueva perdeu R$ 318 mil e Joao Rojas, R$ 585 mil.
Eles abriram uma conta do Guerrero. Eu nunca tinha na vida vida contato com Guerrero, Rojas, Cueva nem com as pessoas que estão envolvidas lá. E conheço muita gente em 31 anos no meio do futebol. Dou extratos bancários para ver se chegou qualquer coisa... tenho dificuldade de manter minhas despesas.
Segundo o Fantástico, Gustavo Gonçalves de Barros recebeu R$ 402,7 mil. Ele é sócio de uma empresa chamada FGL Marketing e Esporte. Outro sócio da empresa, o empresário de futebol Fernando Costa de Almeida mandou em troca de mensagens uma procuração supostamente assinada por Guerreiro à empresa. José Orlando de Almeida também é investigado. Ele é pai de um terceiro sócio da FGL Marketing e Esporte e parente de pessoas que receberam valores do FGTS do jogador peruano
A polícia ainda apura o envolvimento de Sergio Rogério Melo da Costa no esquema. Em 2021, ele foi preso por estuprar garotas de programa e mantê-las em cárcere privado no Rio de Janeiro. É de Sérgio o rosto utilizado no processo de reconhecimento facial de Guerrero para abrir a conta, e as autoridades investigam a participação de uma funcionária do banco privado. As fotos de ambos não foram comparadas em 2022.
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