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Bad boy com série na Netflix mudou a história de onde a seleção joga hoje

Imagem de Johnny Manziel no Kyle Field Imagem: Eder Traskini/UOL

Do UOL, em College Station (EUA)

08/06/2024 04h00

Classificação e Jogos

O estádio onde a seleção joga neste sábado foi construído em 1905, mas poderia muito bem ser datado de outra forma: 12 d.M., depois de Manziel. O quarterback se tornou uma lenda do futebol americano universitário ao mesmo tempo que é um dos personagens mais controversos dos últimos anos no esporte.

Sua história tem tamanha relevância que ganhou um episódio na série Untold, da Netflix. "Johnny Football" como ficou conhecido, foi o primeiro calouro a vencer o Troféu Heisman, maior honraria universitária, em 2012. Foi o fenômeno "Johnny Football mania" que deu os recursos necessários para a Texas A&M transformar completamente o Kyle Field e aumentar sua capacidade de 82 mil lugares para 102 mil.

Manziel chegou a Texas A&M no ano em que a faculdade mudou para a divisão mais disputada do futebol americano universitário. A equipe era considerada mediana na antiga divisão e muito foi dito sobre não ter condições para jogar na 'SEC'. Mas o quarterback mudou tudo — menos a si mesmo.

Como os amigos diziam já desde a escola, Johnny Manziel jogava futebol americano não para vencer, mas pelo que aconteceria depois de uma vitória: as festas. Quando começou a vencer em Texas A&M era fácil encontrar fotos do quarterback em diversas festas, chegando até a aparecer vestido de Scooby-Doo em uma festa a fantasia.

O comportamento passou a ser notícia, mas Manziel não ligou. Seus técnicos acenderam um alerta e o coordenador de ataque Kliff Kingsbury chegou a ter uma conversa mais dura. Só que em campo ninguém parava Johnny Football

"Ele foi arrastado até o treino de ressaca, treinou e suava bicas. Olhei para ele e disse: é melhor você jogar bem. Ele jogou uma das melhores partidas da vida e pelo resto da temporada e coloquei a bola na mão dele" Kliff Kingsbury, em documentário da Netflix

A 'Johnny Football mania' não permitia ao jogador sequer ir para as aulas e ele precisou fazê-las de forma online. Seu prêmio Heisman rendeu à Texas A&M 37 milhões de dólares de mídia espontânea, além de uma arrecadação recorde de 740 milhões em doações para o instituto. Diretores da universidade não escondiam os benefícios do aumento da popularidade e foi aí que se iniciou o problema.

Troféu Heisman de Johnny Manziel na entrada do Kyle Field Imagem: Eder Traskini/UOL

Johnny Manziel não ganhava um centavo por todo esse desempenho espetacular. E isso o incomodava. A NCAA, liga universitária, não paga salários aos jogadores, mas sim remunera os atletas com bolsas de estudo. No documentário, o ex-jogador é direto ao falar da liga: "Tenho ódio profundo da NCAA".

Manziel não era autorizado sequer a fazer dinheiro com a própria imagem com parcerias comerciais, por exemplo, mas via sua camisa esgotada nas lojas da Texas A&M e participava de diversas sessões de autógrafos. Até que um dia alguém ofereceu dinheiro para que ele autografasse algumas peças e o jogador viu uma oportunidade.

O quarterback passou a aceitar pagamentos altíssimos por sessões secretas de autógrafos em diversos itens. E com esse dinheiro, Manziel fez o que mais gostava de fazer: foi para festas. A NCAA começou a investigá-lo, mas não conseguiu juntar provas suficientes. Em meio a toda a polêmica, Johnny começou a comemorar com um gesto de dinheiro: o 'show me my money', que ficaria eternizado em sua carreira.

Ainda assim, com todo esse histórico, Manziel foi escolhido na primeira rodada para jogar pelo Cleveland Browns, mas fracassou na NFL com problemas psicológicos e de ordem motivacional.

Johnny's Money Bar

Quadro de Johnny Manziel no bar do ex-jogador em College Station (EUA) Imagem: Eder Traskini/UOL

Idolatrado por mais da metade da população de College Station, afinal dos pouco mais de 100 mil habitantes do local cerca de 70 mil são estudantes da Texas A&M, Johnny Manziel abriu um bar com seu nome na cidade.

A reportagem do UOL esteve no local e viu algo muito ao estilo festeiro de Johnny Football. Da rua é possível ver apenas uma porta com o nome do local no vidro que dá acesso a uma escada. Subindo, um salão não muito grande e escuro toca uma música alta como uma balada.

Televisões distribuídas pelo espaço passagem em looping jogos de Johnny Manziel em seus lances mais espetaculares. Um quadro na entrada tem a foto de Johnny com luzes LEDs para destacá-la no ambiente escuro. No canto, duas mesas de 'beer pong' informam que há campeonatos da brincadeira às terças-feiras no local.

Uma réplica do troféu Heisman fica em uma vitrine fechada no chão, meio caído, meio em pé. Pouco destaque para um prêmio em que Manziel foi pioneiro como calouro. Do outro lado, uma cabine de vidro possui uma porta para quem frequenta o bar entrar com duas possibilidades: dinheiro cai do céu ou vento sai do chão para levantar saias.

Réplica do troféu Heisman no bar de Johnny Manziel em College Station (EUA) Imagem: Eder Traskini/UOL

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