Caso Flora: Pagar luvas na base geraria 'ambiente impossível', diz agente

O caso de Lucas Flora, jovem de apenas 10 anos que deixou o Corinthians e está negociando com o Palmeiras, foi um dos principais assuntos da semana. Claudinei Alves, diretor das categorias de base do Alvinegro, acusou o Alviverde de oferecer R$ 15 mil de salário e R$ 200 mil em luvas para tirá-lo da base corintiana.

O Palmeiras nega que tenha feito qualquer oferta financeira pela joia, e alega que os pais do jogador que escolheram o Alviverde pelo projeto desenvolvido na base do clube nos últimos anos. Em contato com o UOL, Thiago Freitas, diretor de operações da Roc Nation Sports no Brasil, e que trabalha com Endrick desde o início da carreira da estrela brasileira, afirma que a acusação do lado corintiano é equivocada, e que se fossem pagas luvas para atletas tão jovens geraria um "ambiente impossível".

O que ele disse

Palmeiras "roubou" Lucas Flora do Corinthians? "É equivocado dizer que um clube 'tira' um garoto de outro. São crianças, e seus pais têm o direito e obrigação de avaliar o que é melhor para elas, em várias esferas, considerando inclusive questões de curto e longo prazo. Alguns clubes oferecem melhor estrutura, planos, e possuem evidências claras e recentes de que podem oferecer algo melhor a essas crianças e suas famílias".

Palmeiras e Flamengo em evidência na base: "Acompanhamos recentemente a trajetória de Endrick, e indiretamente a de outros talentos no Palmeiras, como acompanhamos a progressão de Vini Jr. no Flamengo, precursor nesse próximo de valorização diferenciada de atletas ainda amadores. Nem Flamengo, nem Palmeiras, pagam "luvas" para crianças ou seus pais. Palmeiras e Flamengo são mais procurados do que procuram, inclusive".

"Ambiente impossível" com luvas na base: "São os dois clubes mais bem-sucedidos nos últimos anos na formação, provocação e negociação de transferências de jovens atletas, e quem tem um filho nesse meio, quer o melhor para ele, e procura pelos melhores espaços, estruturas e oportunidades. Os que quiserem competir com os dois, para manter um atleta que seja visto como um extraclasse, já com dez, onze, doze anos, terão que investir muito e por muito tempo para se equipararem. Não acompanho o jovem que supostamente deixará ou deixou o Corinthians, mas apostaria que o Palmeiras não ofereceu os valores divulgados, especialmente porque isso geraria um ambiente impossível de ser administrado com demais garotos e famílias. Os pais ou responsáveis se concentrariam na cobrança por uma comparação benéfica para seus filhos, e não para o seu desenvolvimento, até mesmo compartilhando informações que não são verdadeiras, acreditando que isso traria um benefício nesse processo de barganha e especulação".

Como funcionam as regras de vínculos para garotos tão jovens

O Palmeiras não contratou Lucas Flora e Kevyn Wallace, outra joia que jogará na base palestrina após não se adaptar no Flamengo. Apesar de um registro federativo, os clubes não têm nenhum contrato ou vínculo mais permanente com nenhum menor abaixo de 12 anos. Na prática, a criança pode ir para onde seus pais desejarem.

O Palmeiras só deve fazer contratos de formação com os garotos quando eles tiverem 12 anos. Ou seja, até lá, os jogadores ainda podem trocar de clube quando quiserem.

A Lei Pelé só criava algum vínculo entre clube e atleta a partir dos 14 anos. Agora, a Lei Geral do Esporte estabelece, sim, alguma espécie de ligação a partir dos 12 anos. Antes dos 12, há um acordo entre os grandes clubes brasileiros para evitar assédio nas idades entre 10 e 13 anos. Um clube não pode tentar tomar o outro, ou pode ser boicotado em competições.

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Família de Flora nega que tenha fechado com o Palmeiras

Segundo Andre Hernan, colunista do UOL, Flora tem negociações com o Palmeiras, mas o martelo não foi batido.

Ele está treinando em escolinhas há uns seis meses e agora o Palmeiras já tem conversas, negociação, mas não há nada fechado. O que deixou a família preocupada e chateada com o diretor da base do Corinthians é de expor valores de luvas, de salários, para uma criança de 10 anos. O que, aliás, é inacreditável, você expor por clubismo valores que a família recebe ou vai receber numa negociação. Estamos falando não só de uma atleta, uma joia, mas de uma criança. O que foi exposto, de valores de salários e luvas, isso deixou a família bastante incomodada.

A decisão de Flora deixar o Corinthians partiu de sua família. Segundo pessoas próximas, o jovem de 10 anos sofreu retaliações de treinadores e pais de outros meninos que viam o talento do menino como um problema.

Custos como locomoção, alimentação e todas as viagens para jogos foram bancados pela família do atleta.

No dia 11 de maio, o UOL publicou uma entrevista com Flora, na qual contou sobre a história e situação do jovem. A coluna soube que, após a divulgação do vídeo, outros clubes iniciaram conversas para contratá-lo. O Corinthians, então, se movimentou para tentar a permanência do jovem.

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