Diretor vê crime em caso de repasses a 'laranja': 'Corinthians é vítima'

Novo diretor jurídico do Corinthians, nomeado pelo presidente Augusto Melo na última segunda (10), Leonardo Pantaleão afirma que o Corinthians é vítima de um crime e que tomará "providências severas" após saber quem o cometeu.

Em entrevista exclusiva ao UOL, o advogado criminalista falou sobre o andamento do inquérito que investiga o repasse de comissão da Vai de Bet a uma empresa laranja e destacou que o clube colabora em todas as instâncias com a polícia.

Crime houve. Crime, eu garanto que houve. Porque a partir do momento em que você usa o nome de alguém para abrir uma empresa, o crime já está caracterizado. O que a gente vai olhar agora é quantos crimes foram praticados. Ninguém tem dúvida de houve crime. Agora, quem praticou o crime? É isso que o Corinthians espera com grande ansiedade, saber quem praticou o crime e, por conta disso, acabou gerando todo esse prejuízo. Leonardo Pantaleão, diretor jurídico do Corinthians, em entrevista ao UOL

O que aconteceu

Na quarta-feira (12), o novo chefe do departamento jurídico do clube se reuniu com o delegado Tiago Fernando Correia, na 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), e levou os documentos solicitados pela investigação.

Conversei longamente com ele [delegado], deixando claro que o Corinthians não tem nada a esconder, que o Corinthians está absolutamente disposto a apresentar tudo o que tiver que apresentar. Embora, basicamente, já apresentamos tudo o que temos aqui: os contratos, as notas fiscais e os comprovantes de pagamento.

Pantaleão também disponibilizou as notas emitidas pela Rede Social Media, empresa intermediária no contrato com a casa de apostas, e os comprovantes referentes ao pagamento de uma delas.

Para o Corinthians, instituição, que foi vítima, interessa saber o que de fato aconteceu. Embora não tivéssemos nenhum tipo de contato com o que aconteceu [com o dinheiro] da Rede Social em diante, esse cenário que se levantou, um cenário nebuloso, gerou reflexo no Corinthians. O rompimento de um patrocínio importante, isso consequentemente gera prejuízo, então interessa saber o aconteceu.

A gente deseja que isso seja solucionado muito rápido pela Polícia. Por isso estamos contribuindo com documentos adicionais, que o delegado nem pediu, que é para dar mais velocidade ao processo. O que não faz sentido é achar que o Corinthians vai suportar esse prejuízo de maneira passiva. Leonardo Pantaleão

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Cláusula anticorrupção

Como mostrou a coluna de Juca Kfouri no UOL, após receber R$ 1,4 milhão do Corinthians, a Rede Social fez transferências para a Neoway Soluções Integradas, uma empresa "laranja" que recebeu o dinheiro e que está no nome de Edna Oliveira dos Santos, beneficiária do Bolsa Família e que diz desconhecer ser dona do CNPJ.

Dentre as explicações, o diretor jurídico destacou que a Vai de Bet solicitou a rescisão de contrato via "cláusula anticorrupção" para descolar sua imagem das denúncias envolvendo os repasses da Rede Social Media à empresa de fachada. Ou seja, nada tem a ver com membros da atual gestão.

A cláusula anticorrupção foi invocada pela Vai de Bet. Mas aí você me pergunta: a Vai de Bet invocou essa cláusula anticorrupção com base em alguma demonstração de responsabilidade do Corinthians ou de algum dirigente do Corinthians? Não, porque não existe que nenhuma demonstração de responsabilidade do Corinthians até esse momento.

A ideia do clube é buscar também a reparação por danos morais uma vez que a polícia identifique a autoria do crime.

Após o resultado final, certamente a minha recomendação será no sentido de tomar providência severas, para poder recuperar o prejuízo causado.Leonardo Pantaleão

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