Kylian Mbappé pouco falou sobre futebol na última entrevista coletiva antes da estreia contra a Áustria na Eurocopa, nesta segunda-feira (17). Sem nenhum desconforto, o atacante da seleção francesa reiterou a posição de Marcus Thuram contra a extrema direita francesa e que espera ter orgulho de vestir a camisa do seu país após 7 julho, dia da segunda votação para o legislativo do país.
Diferente de muitos atletas que preferem não se posicionar, Mbappé falou abertamente sobre o assunto sem nenhum pudor. A entrevista durou 12 minutos. Foram cinco perguntas sobre política, três delas logo na abertura da coletiva, e uma sobre Olimpíada, parte física e seleção espanhola.
Mesmo diante de uma estreia na Eurocopa, segundo torneio mais importante para os franceses, atrás apenas da Copa do Mundo, Mbappé disse que o jogo perde a relevância diante da possibilidade de vitória de um grupo extremista no país.
"Nós não devemos nos esconder. Pessoas sempre dizem que não se deve misturar futebol e política, mas esta é uma situação muito importante, mais importante do que o jogo de amanhã", disse o centroavante.
Classificação e jogos
"Estamos em um momento crucial na história do país. Somos cidadãos franceses e não estamos desconectados do que acontece no mundo, especialmente sobre as coisas que acontecem no nosso país. É um momento sem precedentes na história francesa. Quero falar para todos os franceses, principalmente para os jovens. Os extremistas estão próximos de ganharem o poder. Temos a chance de escolher o futuro do nosso país", completou.
Mbappé não citou em momento algum o nome do Reunião Nacional, partido de extrema direita que tem no comando Marine Le
Pen. Porém o jogador disse que apoia o companheiro Marcus Thuram, também da seleção francesa, que declarou publicamente voto contra o Reunião Nacional.
"Eu compartilho dos mesmos valores do Marcus (Thuram)", disse Mbappé. "É claro que eu apoio ele. Ele não foi muito longe. Estamos em um país onde existe liberdade de expressão. Ele deu a sua opinião e eu estou ao lado dele", reforçou.
Durante boa parte da entrevista, Mbappé se dirigiu à população mais nova do país. Ele acredita que "há muitos jovens que não têm consciência da importância e da urgência da situação quando você olha a taxa de ausentes no interior ou nos subúrbios".
Antes de Mbappé falar, a Federação Francesa de Futebol soltou uma nota de que todos têm liberdade de expressão e que todos precisam ser respeitados". A estreia da França está marcada para esta segunda-feira, às 16 horas (horário de Brasília), em Dusseldorf.
Vale destacar que partido de extrema direita francês Reagrupamento Nacional (RN) tem apontado que a votação será um referendo sobre a imigração. "Cabe ao povo francês decidir quem tem permissão para entrar no país e quem não tem. Conosco, a França protegerá suas fronteiras", disse o presidente do partido, Jordan Bardella.
Apesar de Mbappé ser francês, nascido em Paris, o pai do agora jogador do Real Madrid, Wilfried, é camaronês e a mãe, Fayza Lamari, é de origem argelina.
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