Como é o relatório usado por Textor que o Galo quer contratar após expulsão

Indignado por causa da expulsão de Hulk na goleada sofrida para o Palmeiras, o Atlético-MG decidiu contratar o relatório já usado por John Textor, dono da SAF Botafogo, para análise da arbitragem. O serviço é prestado pela Good Game.

Como isso funciona

Existem dois tipos de relatórios contratados por Textor, aos quais o UOL teve acesso: um sobre o comportamento dos jogadores e outro sobre arbitragem.

O foco do Atlético-MG é no desempenho dos árbitros. Sobretudo após a expulsão de Hulk, considerada um erro e que condicionou o desenrolar do jogo contra o Palmeiras.

As análises da Good Game sobre o comportamento dos jogadores não têm sido consideradas definitivas por órgãos oficiais, mesmo quando elas apontam manipulação por parte dos atletas — é o caso do jogo Palmeiras x São Paulo, de 2023.

A companhia, ao mesmo tempo, se propõe a dizer quando as decisões dos árbitros foram corretas ou não. E em último caso, se possivelmente houve manipulação (ou indícios) na atuação deles, dependendo do placar dos erros.

Já aconteceu no Brasileirão 2023: a Good Game considerou que a vitória do Palmeiras sobre o Bahia teve decisões equivocadas dos árbitros que criaram um quadro "potencialmente anormal". Para confirmar, isso "exigiria investigação futura sobre manipulação ligada à arbitragem", segundo a empresa.

Mas a comissão de arbitragem da CBF não concordou com a análise técnica e entendeu que não houve irregularidade no gol do Palmeiras.

O que a Good Game diz que faz

A companhia usa "complexos algoritmos da inteligência artificial" para identificar dois tipos de decisão: a IRD (sigla em inglês para decisão incorreta do árbitro) e a CRD (decisão correta do árbitro).

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O relatório classifica as decisões ainda segundo o grau de influência delas no placar final das partidas.

As decisões dos árbitros também podem ser apontadas de acordo com o grau de dificuldade, se simples ou complexas.

A Good Game ainda alega que o relatório consegue distinguir erros que sejam intencionais para apontar potencial manipulação de resultados ligada aos árbitros.

Ao longo do documento, a Good Game aponta quais decisões beneficiaram, supostamente, os clubes envolvidos e diz ainda um percentual de situações para cada lado. Isso vale para situações marcadas ou ignoradas pelos árbitros.

Good Game x comissão de arbitragem da CBF

No Palmeiras x Bahia, a Good Game alegou que 80% das decisões erradas da arbitragem foram a favor do time paulista. E ainda que duas dessas marcações foram de nível alto — com influência direta no placar ou número de jogadores em campo.

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Por isso, concluiu que "apesar da presença do VAR, é uma distribuição potencialmente anormal em um jogo de futebol profissional". Esse cenário "exigiria investigações adicionais na arbitragem relacionadas à manipulação", acrescentou.

Coincidentemente, o árbitro daquele jogo foi Rodrigo José Pereira de Lima, o mesmo que expulsou Hulk no jogo contra o Palmeiras agora em 2024.

A crítica da Good Game na ocasião foi direcionada a uma suposta falta por toque de mão na jogada que gerou o gol do Palmeiras e à expulsão de Acevedo, do Bahia, já aos 45 minutos do segundo tempo, após segundo amarelo (questionado pelo relatório da empresa).

O jogo terminou 1 a 0 para o Palmeiras. Mas, para a Good Game, deveria ter sido 0 a 0.

A CBF discorda do relatório da Good Game. O lance do toque na mão virou assistência para Raphael Veiga e foi visto pelo árbitro de vídeo.

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Na cabine, a interpretação foi de que o jogador em questão estava caindo no chão e tocou de forma involuntária, após sofrer falta inicialmente — o árbitro deu a vantagem e depois saiu o gol.

"É uma mão natural. Uma mão de quem está caindo. Sofre a falta, é natural. Ninguém cai com a mão para trás. É natural. É igual a um carrinho. Ele põe a mão na frente para se proteger", disse na ocasião o presidente da comissão de arbitragem, Wilson Seneme, que não chegou a abordar a expulsão posterior.

Manipulação?

No relatório sobre o jogo Palmeiras 5 x 0 São Paulo, a Good Game apontou que a arbitragem foi "normal", em relação à manipulação de resultados.

"A presença de uma decisão incorreta do árbitro no nível alto, (com influência direta no placar) para marcar um pênalti inválido, potencialmente muda o placar final do jogo, mas não os pontos de cada time", apontou a Good Game naquela partida.

Por outro lado, a empresa disse que o comportamento dos jogadores do São Paulo indicava manipulação por parte de pelo menos cinco deles, como já detalhado pelo UOL.

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Trecho do relatório da Good Game sobre o impedimento na anulação do gol do Vasco sobre o Palmeiras
Trecho do relatório da Good Game sobre o impedimento na anulação do gol do Vasco sobre o Palmeiras Imagem: Reprodução

Quando questiona um lance específico, a Good Game separa prints das jogadas e faz comentários em cima delas para argumentar sobre o equívoco da arbitragem.

A Good Game, por exemplo, questionou a linha de impedimento na anulação do gol do Vasco diante do Palmeiras, pelo Brasileirão 2023.

A CBF também discorda dessas alegações feitas pelos relatórios da Good Game.

Os relatórios dos jogos citados já foram encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Na primeira tentativa de Textor de judicializar o caso, ainda no ano passado, o tribunal considerou que não havia indícios concretos para levar isso adiante.

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