Estilo vintage e fuga de polêmicas: Endrick se torna anti-Neymar na seleção

Jornalistas se espremiam por espaço contra a grade. A zona mista do enorme Kyle Field se tornou, de repente, pequena depois do aviso.

"Vocês querem ele? Vou trazer aqui", disse Rodrigo Paiva, coordenador de comunicação da CBF.

"Ele" era Endrick. O garoto de 17 anos tinha acabado de ser citado na mesma frase que Pelé em uma sala a poucos metros dali. Havia repetido um feito do Rei ao marcar gols em três jogos consecutivos pela seleção antes de atingir a maioridade.

Endrick, é claro, já sabia de tudo: do fato, da frase e que seria perguntado sobre isso. E quis ir aos microfones, mas não para sorrir e se gabar: para ser firme e maduro como já demonstra há anos. Um garoto que nunca foi chamado de "Menino Endrick".

"Vocês são malucos", disse Endrick naquela entrevista. "Pelé é o Pelé".

Mais uma vez o que poderia se tornar uma polêmica não criou raízes. Novamente o adolescente de camisa pra dentro do calção e gola alta demonstrava toda sua sobriedade.

O anti-Neymar

Há mais de uma década, um outro jovem talento surgia no mesmo time em que jogou Pelé e conquistando um título por esse clube que só o Rei havia conseguido. Mas a gola alta de Neymar no Santos tinha outras motivações.

Na idade de Endrick, o "Menino Ney" circulava para todos os lados com seus "tois", brigava com técnicos ou dava declarações que criavam polêmicas.

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Comparações com Pelé? Surgiram, claro, e Neymar respondeu a perguntas com o sorriso de satisfação no rosto, falando sobre a alegria de atingir feitos do Rei.

Endrick até gosta de chamar atenção pelas vestimentas e seu estilo, mas comparado a Neymar é completamente low profile. Não vai a festas e namora, por exemplo. O termo "anti-Neymar" não é algo utilizado pelo estafe e nem há uma orientação ao jogador nesse sentido — o que reforça ainda mais a forma como centroavante vem se comportando por si só desde jovem em oposição ao que fazia o "Menino Ney".

Vintage de berço

Se engana quem pensa que Endrick é um personagem montado. Pessoas próximas ao garoto garantem que o estilo vintage é fruto de suas preferências pessoais e pesquisas que faz sobre o passado.

A citação a Bobby Charlton depois da vitória do Brasil contra a Inglaterra, por exemplo, partiu dele, assim como os looks para se apresentar na seleção que parecem ter saído de uma revista dos anos 70. A sobriedade contrasta com a extravagância dos looks de outros craques.

Ele não tem estilista, e nenhum de nosso estafe já avaliou ou discutiu com ele o que deveria vestir em qualquer aparição. As referências ao passado, provavelmente são fruto das pesquisas que ele faz regularmente pelos vídeos dos atletas que fizeram história dos grandes torneios, o que faz com que ele tenha contato com referências estéticas de décadas passadas regularmente, algo incomum entre os jovens que estão hoje despontando no futebol, mas que não é estranho em outros segmentos. O vintage nunca foi tão contemporâneo. Thiago Freitas, COO da Roc Nation, ao UOL

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A prova da espontaneidade de Endrick talvez seja seu maior erro: a comemoração como 'Kong' que não pegou bem. Essa, assim como as outras, foram surpresas ao estafe, que conversou com ele após o episódio.

E nas conversas, Endrick demonstra ainda mais maturidade ao aceitar conselhos e ouvir atentamente os porquês, mas ali todos sabem que a decisão final é dele. Exemplo disso foi a viagem para a Europa no jatinho da presidente do Palmeiras Leila Pereira, quando Endrick aproveitou até para receber dicas de investimento da mandatária.

O que mais preocupa no momento é a exposição da vida pessoal no quesito relacionamento. Como Gabriely Miranda, sua namorada, é influencer, a exposição é inevitável, mas o estafe desencoraja muita exposição pessoal. Até a entrevista ao jornalista Pedro Bial virou case para avaliação interna.

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