Corinthians: Defesa de Cassundé quebra silêncio e vê empresário como vítima

Cassundé é dono da Rede Social Media Design, que iria receber R$ 25,2 milhões em comissões por intermediação do acordo entre Corinthians e Vai de Bet. A empresa foi parar no centro das acusações quando a coluna de Juca Kfouri, no UOL, publicou que ela repassou pouco mais de R$ 900 mil à Neoway Soluções Integradas, que pertence à uma beneficiária do Bolsa Familia que desconhecia a existência.

O caso resultou na saída da Vai de Bet do Corinthians, com a rescisão de um contrato de mais de R$ 300 milhões, e na abertura de um inquérito policial que investiga o caso na 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). Alex será ouvido ao longo desta semana. Durante cerca de uma hora, Cláudio Salgado respondeu às perguntas da reportagem:

Qual a relação de Cassundé com a Neoway e qual o motivo dos pagamentos?

"É a pergunta que todo mundo faz e que a gente ainda não pode responder. A gente primeiro vai organizar o oitiva dele na delegacia, juntar o que for necessário na parte de inquérito e então, aí sim, entrar em contato com a imprensa para adequar essa resposta. Acho extremamente prematuro a gente informar todo esse trâmite sem ele ter sido ouvido ainda na delegacia. A gente precisa respeitar um pouco essa sequência."

Mas houve relação comercial do Alex com a Neoway?

"A gente vai trazer no depoimento o motivo das relações, mas para ele (a Neoway) sempre foi uma operação regular, sem nenhum tipo de problema. Ele ficou muito surpreso quando teve a notícia que é uma empresa de laranja, fria. A gente vai responder na delegacia com quem ele se relacionava, por que se relacionava, por que que teve início. Tudo isso eu vou esclarecer."

Prints que circularam na internet nessa semana mostram supostas conversas nas quais um suposto dirigente do Corinthians orientaria Cassundé a fazer o repasse para a Neoway. Essas conversas aconteceram?

"Os prints são falsos. É fácil de esclarecer isso. O próprio presidente do Corinthians também já disse. Falsificar conversa no WhatsApp é a coisa mais fácil do mundo. Se isso é juntado no processo, a primeira coisa que o juiz pede é a origem, prova de quem é o telefone, o número certo do IP."

Toda a investigação partiu da descoberta dos repasses da Rede Social à Neoway. Como isso aconteceu, houve quebra de sigilo bancário?

"Isso é criminoso, alguém do banco liberou comprovantes de pagamento de Pix. Como isso foi liberado? Houve violação de sigilo bancário, sem dúvidas. A gente vai atrás para entender isso. Pode ser que haja uma ação contra o banco, por violação do sigilo bancário."

O Alex contesta a rescisão e a suspensão dos pagamentos? Pode cobrar algo do Corinthians ou da Vai de Bet?

"É um dos motivos que a gente está conversando também na atitude que ele vai tomar, porque queira não queira, entendemos que ele é uma vítima na situação, e se tem dívida tem que ser cobrada. É uma situação unilateral, e como ainda se está apurando, entendemos que não há o motivo para o rompimento."

O Alex Cassundé e a defesa dele têm conhecimento ou ideia de quem está de fato por trás da Neoway? São pessoas ligadas ao Corinthians?

"Temos hipóteses e ideias de quem são as pessoas, até algumas evidências, mas não seremos levianos de falar coisas que possam prejudicar nesse momento."

A Rede Social, empresa do Cassundé, mudou de endereço. Tem relação com o caso?

"Readequação de imóvel só, nenhuma relação. Continua na mesma rua, só mudou o número. Ele está perdendo clientes. Comentou comigo essa semana que perdeu 10kg. Não pensa em outra coisa. Falei para ele, para deixar a parte processual comigo."