Prazos, valores e planos: um raio-x do futuro estádio do Flamengo
O Flamengo está cada vez mais perto de ter o sonho do estádio próprio transformado em realidade. Após o decreto da Prefeitura do Rio de Janeiro, que desapropriou o terreno do Gasômetro, o clube aguarda mais algumas etapas para, enfim, dar início às obras. Mas quais são os próximos passos? Qual o prazo da obra? Quanto deve ser gasto? O UOL responde as principais perguntas.
Quais são os próximos passos?
A primeira etapa que o Flamengo aguarda é o leilão do terreno. Com a desapropriação, o local fica em posse da Prefeitura até a venda definitiva. O clube espera que em 20 ou 30 dias seja divulgado o edital com a data definida para a aquisição.
Depois da compra ainda tem a parte mais burocrática de troca de documentos, que, de maneira otimista, dura entre 20 e 30 dias. O Fla prevê a posse do terreno entre agosto e setembro. Isso tudo ainda será aprovado no Conselho Deliberativo.
Após isso, ainda levaria entre três a quatro meses os trâmites na Câmara de Vereadores. Qualquer tipo de transformação de espaços públicos tem de ser autorizada. As etapas finais são o licenciamento de obras, a viabilização da parte financeira e o lançamento do projeto arquitetônico do local. O Flamengo trabalha para começar a obra no início de 2025.
E o Maracanã?
No começo do mês foi homologada a vitória do Consórcio Fla-Flu na licitação do Maracanã. A dupla, que já administra provisoriamente o estádio desde abril de 2019, vai ser responsável pela manutenção do Complexo Maracanã durante os próximos 20 anos. O Flamengo tem 65% de participação econômica, enquanto o Fluminense tem 35%. A proposta prevê investimentos de R$ 393 milhões em obras e manutenções.
O Rubro-Negro entende que usará muito o Maracanã pelo menos nos seis primeiros anos da concessão. Isso contando com 2024, além dos próximos anos com as obras e ajustes. Além disso, pensa que o Flu seguirá precisando do local, além de poder sediar eventos e mandar partidas eventualmente. Não há interesse em abandonar e se inviabilizar o Maracanã.
O Fluminense observa a movimentação do rival, mas com tranquilidade. Há conversas constantes entre Rodolfo Landim e Mário Bittencourt. No atual cenário, há um acordo entre eles de que, quando sair o estádio do Fla, as diretorias dos dois clubes vão sentar e conversar para uma mudança no formato da gestão do Maracanã. A nova Sociedade de Propósito Específico (SPE), que tem expectativa para sair em agosto, terá diversas cláusulas, entre elas citando o caso de um dos clubes adotar um estádio próprio. Vale lembrar que o mandato de Landim acaba em dezembro, enquanto o de Mário é até o fim de 2025.
Tempo da obra?
O Flamengo prevê entre dois anos e meio a três anos. Ou seja, ao final da próxima gestão (o mandato de Landim termina em dezembro e o próximo presidente assume entre 2024 e 2026). Isso caso o investimento necessário aconteça e a obra ocorra sem grandes problemas.
Valor investido?
O clube entende não será gasto menos de R$ 1,5 bilhão, valor equivalente ao faturamento previsto do Flamengo para este ano. O Fla não vê nenhuma possibilidade de que esse investimento comprometa nenhuma outra área, como os gastos com o futebol e outros esportes.
O Flamengo já está no processo de fazer a captação financeira para o estádio. Entre essas possibilidades estão o naming rights, venda de camarotes, cadeiras cativas e demais propriedades comerciais.
Mais alguém pode arrematar o terreno?
O Flamengo não vê essa chance. Teoricamente o leilão é aberto, mas a tendência é que o edital limite a utilidade do local, impondo exigências que não interessem a pessoas que pensem em espaços para shows, por exemplo. A publicação no Diário Oficial já diz que "dentre as medidas necessárias à renovação urbana, poderá constar a obrigatoriedade de implementação de equipamentos específicos."
Existe chance de judicialização?
Segundo pessoas consultadas pelo UOL, não. A única chance seria de o fundo representado pela Caixa entrar na Justiça pedindo revisão do valor do terreno. É algo que levaria algum tempo para se discutir, porque precisa passar por uma perícia de todas as partes, checagem de quanto foi pago por terrenos próximos e outras coisas. A previsão é que, caso aconteça, pode haver uma diferença na casa dos 10%.
As negociações entre Flamengo e Caixa não caminharam como se esperava. O debate sobre o assunto vem acontecendo desde o ano passado entre nomes fortes da política do clube e do município. Incialmente houve diálogo, mas, quando essa possibilidade acabou, se fez valer uma prerrogativa do prefeito Eduardo Paes.
Valor do terreno?
O valor inicial será divulgado oficialmente apenas no edital. Entretanto, o Flamengo sabe que ele deve ser na casa dos R$ 150 milhões. O Fla acenou com R$ 250 milhões, mas não houve acordo com a Caixa.
O Fla quer pagar esse valor à vista, tirando uma parte dos cofres do clube e outra com valores arrecadados com a venda de 38 apartamentos no Morro da Viúva (uma estimativa de cerca de R$ 114 milhões).
Como será o projeto?
O projeto do Flamengo para o estádio próprio terá, a princípio, capacidade de 80 mil pessoas. A ideia é que o local seja com uma construção mais vertical, semelhante ao Santiago Bernabéu, do Real Madrid. O clube também pensa na criação de um setor popular, além de bares, restaurantes, uma praça e talvez um centro de convenções.