Fausto Vera quebra silêncio no Corinthians: 'Me colocam como ingrato'
Perto do Atlético-MG, Fausto Vera quebrou o silêncio sobre a sua situação no Corinthians.
O que aconteceu
Fausto entende que António Oliveira foi injusto com ele. O técnico disse que o volante pediu para não jogar mais pelo Timão.
O argentino explica que houve um acordo com comissão técnica e diretoria após a proposta do Atlético-MG. E que partiu do clube não relacioná-lo mais para as partidas.
Ele nega ingratidão ao Corinthians e lamenta a falta de oportunidades nessa temporada. Fausto Vera se tornou reserva e argumenta que foi escalado fora de sua posição ideal: a de primeiro homem do meio-campo.
O Galo está perto de levar Fausto por 4 milhões de dólares (R$ 22 mi), com bônus de mais 1 milhão de dólares (R$ 5 mi) em caso de metas alcançadas. A negociação deve ser concluída nos próximos dias.
Fico muito tranquilo e queria transmitir ao torcedor que não é verdade tudo que se fala. Quando apareceu a proposta do Atlético-MG, conversei com treinador e diretoria. Chegamos a um acordo que eu ficaria fora dos jogos para a diretoria resolver o assunto da venda. Porque para ela também é bom, dinheiro bom por um jogador não utilizado e que tem dívida grande. Quero esclarecer essa situação. Me colocam como ingrato, e é o contrário. Sempre vou ser grato e é um orgulho vestir essa camisa
Fausto Vera, em entrevista exclusiva ao UOL
Veja a entrevista de Fausto Vera na íntegra
Qual é a real situação atual?
"Sempre treinei bem no Corinthians, sempre grato ao clube, vestindo a camisa com honra e fazendo meu melhor dentro e fora de campo. O Corinthians me comprou e tem uma dívida com o clube anterior. Como não estou sendo utilizado desde o começo do ano, chegou uma proposta interessante para mim e para o clube, com dinheiro interessante de um clube que o treinador me conhece e me quer no time para ajudar. Não estou saindo de maneira errada. Estou ajudando o clube. Não estou sendo utilizado, deixo um dinheiro para diminuir a dívida. Fico muito tranquilo e queria transmitir ao torcedor que não é verdade tudo que se fala. Quando apareceu a proposta do Atlético-MG, conversei com treinador e diretoria. Chegamos a um acordo que eu ficaria fora dos jogos para a diretoria resolver o assunto da venda. Porque para ela também é bom, dinheiro bom por um jogador não utilizado e que tem dívida grande. Quero esclarecer essa situação. Me colocam como ingrato, e é o contrário. Sempre vou ser grato e é um orgulho vestir essa camisa".
O que te faz sair é não jogar o quanto esperava?
"Tenho minhas razões. Cheguei no clube em 2022, o clube passou muito caro. 8 milhões de dólares por um volante. O Vítor Pereira me utilizou sempre nessa posição, rendi muito bem e mais do que a torcida esperava, porque eu não era muito conhecido no Brasil. Em 2023, os treinadores começaram a me colocar como segundo volante e até na ponta pela direita. É normal a queda no jogador. Se eu tiver que ir embora, fico com essa sensação de não ter entendido o motivo de fazerem isso. Sempre tinha que me adaptar a posições que não é a minha principal. Sempre tento me adaptar, mas por que mudaram sempre se me conhecem como primeiro volante? Hoje eu não tenho minutos, não sou importante para o treinador e chegou uma proposta interessante para mim. Em comum acordo posso pensar na minha saída".
Sua situação é diferente do Carlos Miguel?
"Eu acho que são situações diferentes, sim. Carlos Miguel precisa esclarecer a situação dele, eu falo de mim, e acho injusto. Fiquei triste com a situação. Não foi o que aconteceu. Não saio por não jogar, é normal o jogador ter altos e baixos. Joga, depois perde importância, mas não sou utilizado há seis meses. Quando eu falei para o treinador sobre sair, ele falou para eu fazer o que acho melhor e que não seria importante para ele. Ele foi injusto comigo, falei frente a frente com ele e diretoria e não aconteceu o que ele falou, por isso desminto. Nunca falei que não queria jogar pelo Corinthians. Sinto que estive à altura do Corinthians. Sinto realmente isso. Jogador de futebol precisa de sequência de jogos, perdi a minha e se todos puderem ver os jogos inteiros, eu nunca fiz jogo com nota abaixo de 7. É um pouco injusto e saio a falar porque a torcida precisa saber minha posição como atleta do Corinthians, como pessoa. Nunca vou perder o respeito com o clube, me negar a jogar pelo Corinthians".
Problemas físicos recentes
"É engraçado isso. Tive alguma lesão, mas disse que estaria à disposição mesmo assim e falavam que não precisavam de mim. Falaram de coisas irreais, que eu tinha problemas pessoais. Se falou muito e é tudo mentira. Falavam para que a torcida acreditasse que eu estava mal, sem a pressão de me dar chances dentro do campo. É a realidade. Fico muito chateado, as pessoas que me acompanham também. Vivo o todo dia pelo futebol, treino de manhã, de tarde, meu fisioterapeuta Guilherme Sertório está comigo 24 horas por dia. Me dedico ao máximo. Resolvi falar pois fico chateado com mentiras para que outras pessoas fiquem bem".
A chegada do Raniele tirou seu espaço?
"Raniele é um bom jogador, uma pessoa boa principalmente. Sempre vou defender meus companheiros. O estilo hoje é muito defensivo, Raniele então encaixa melhor no sistema. Mas são escolhas e eu respeito. Fico tranquilo que em 2023 chegou o Fernando Lázaro e mudou minha posição. Eu sempre disse para todos os treinadores que sou primeiro volante. Estou no meu oitavo treinador no Corinthians. Disse que sou primeiro volante e fico tranquilo sobre isso, que prefiro assim, mas decidiram nunca me colocar aí. É uma pena. Vítor Pereira me conhecia muito de me ver jogar no Argentinos. Ele me colocou de volante e sempre me falava: "Você pega a bola e joga. Sem bola, pressiona alto para recuperar". Eu fazia isso. Tenho lembrança boa do Vítor Pereira. Não só por ter me trazido, mas ele é bom, muito exigente. Jogava quem estava bem, sem muitos segredos. Fazia coisas simples no treino e cobrava muito. Quem não corria no jogo não jogava. Se fala muito dele, muitas coisas que não são verdadeiras. Teve coisa extracampo da saída dele e não posso opinar, mas dentro de campo se falam inverdades. Com ele, quem estava bem jogava. Sempre. Ele tinha personalidade ganhadora e por isso deu certo no Corinthians. Sempre me falou para eu pegar a bola e jogar. Por isso foi bem. Time protagonista e ofensivo".
Vítor Pereira foi o melhor técnico recente?
"É muito fácil. Sempre fico com uma frase ainda jovem que ouvi do Gabriel Milito: 'Veja como joga o volante central e eu falarei como joga seu time'. Vítor Pereira e Gabriel Milito têm times protagonistas, sempre ofensivos. Treinadores têm seus gostos, mas um clube grande como o Corinthians tem que ser protagonista sempre. Por isso o VP foi tão bem aqui, entendeu rápido o que era o Corinthians. Falam que nosso elenco é fraco, mas estou no dia a dia e digo que o elenco é bom. Para esse elenco crescer, precisa de uma pessoa que possa explorar esse potencial. Precisamos de uma pessoa que ajude o time a crescer. Cobram muito os jogadores, mas com o tempo vão entender isso".
Qual seu recado ao torcedor do Corinthians?
"Sempre vou ser grato ao torcedor do Corinthians. Normal ter crítica e apoio. Sempre tentei fazer o melhor para o Corinthians, nunca me escondi nos jogos, dei a cara. São coisas que acontecem. Não sei se vou continuar ou não, mas estou tranquilo de ter feito a coisa certa, com muita vontade de jogar no Corinthians".
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