Dudu driblou Ditadura e adaptou estilo antes de fazer história no Palmeiras
Do UOL, em São Paulo
28/06/2024 23h04
Dudu, ídolo do Palmeiras que morreu na noite desta sexta-feira (28) aos 84 anos, precisou driblar a Ditadura Militar e mudar seu estilo de jogo para fazer história no clube paulista.
O que aconteceu
O ex-meio-campista foi contratado junto a Ferroviária no dia 31 de março de 1964, mesmo dia em que o golpe militar foi declarado no Brasil.
O fato quase impediu o retorno de Dudu a Araraquara para resolver questões burocráticas porque a estação ferroviária da cidade no interior paulista estava fechada.
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Para a sorte do então jovem atleta, a Ferroviária estava hospedada em um hotel na região da estação, e o gerente era conhecido do jogador. O funcionário, então, permitiu a hospedagem de Dudu sem custos.
Dias depois, já vestindo verde Dudu estreou pelo Palmeiras em outra data alusiva à Ditadura: o 11 de abril de 1964. Naquele dia, Castelo Branco foi empossado presidente.
O atleta chegou com a Primeira Academia montada e, diante disto, precisou adaptar seu estilo de jogo: ao invés de um meia com chegada ao ataque, se transformou em um "cão de guarda na defesa" a pedido dos companheiros.
Eu tinha qualidade para atacar e saía muito para o jogo na Ferroviária. Joguei assim em 1964, no Palmeiras, mas comecei a sentir que não estava certo. Então, o Djalma Santos, o [Valdemar] Carabina e o Djalma Dias conversaram comigo: 'Magrinho, você corre muito e nos atrapalha aqui atrás. Deixa o Ademir municiar o ataque. Fica aqui na frente da zaga. Você não precisa fazer gols'. Entendi o recado, até porque sempre fui detalhista e estudava os rivais. Tentava saber como jogavam, por onde driblavam. Mas as coisas só melhoraram com a ajuda dos mais velhos e com a chegada de Filpo Nuñez, que arrumou de vez o time. Ele berrava para mim: 'Toca la pelota, Duda! É pimpampum!'. Não era Dudu, era Duda, mesmo. E eu tocava. Foi quando me aperfeiçoei na marcação e na cobertura e cheguei à seleção Dudu, ao site do Palmeiras
No Palmeiras, Dudu fez uma parceria histórica com Ademir da Guia e atuou por 615 jogos defendendo a equipe. Ele ganhou títulos importantes em 13 anos de clube, como o Torneio Rio-São Paulo, o Campeonato Brasileiro e o Campeonato Paulista.
O ex-meio-campista virou busto na Academia de Futebol. Dudu é um dos seis atletas eternizados nas dependências do clube.