Corinthians: António cita 'circo' sobre demissão e volta a cobrar reforços
O técnico António Oliveira chamou de "circo" o noticiário sobre sua possível demissão no Corinthians.
O que aconteceu
António Oliveira fugiu dos questionamentos sobre a pressão no cargo.
O treinador disse que "querem ver sangue" e que as perguntas sobre demissão devem ser feitas ao presidente Augusto Melo e o executivo de futebol Fabinho Soldado.
A chance de saída aumentou após a derrota para o Palmeiras. António, porém, espera estar à frente do time contra o Vitória, quinta-feira, na Neo Química Arena.
Não me convidem para ir a circo. É o que vende, quero sangue. Chamem o presidente ou Fabinho. Sou técnico de futebol, não administrador de clube. Respeito a pergunta, mas estou fora. Não quero entrar nisso. Não perguntem a mesma coisa para que eu não responda a mesma coisa
António Oliveira
Veja a entrevista do técnico do Corinthians na íntegra
Análise do jogo
"Jogo entre dois emblemas importantes do Brasil. Dois tempos completamente distintos. Uma equipe muito estável do Brasil. E outra equipe em busca de chegar à estabilidade. Sabemos do caminho e do que estamos fazendo, mas estamos tristes. Fizemos primeiro tempo equilibrado e depois sofremos um gol fortuito do adversário, algo que nunca vi no futebol mundial. Quando a sorte está assim, uma situação é favorável ao adversário. Estamos tristes, evidente, preocupados, evidente, mas não desesperados pois sabemos do nosso caminho e do que estamos a fazer. Mesmo com todas as dificuldades, nos comportamos bem. Dois gols de bola parada, que é fundamental no futebol. Na minha visão, o resultado não mostra o que foram os 90 minutos".
Qual sua parcela de culpa?
"Eu acho que fez e respondeu a pergunta. Todos somos responsáveis, mas sabemos que fomos escolhidos para atravessar esse caminho. Com convicção enorme que vamos atingir nossos objetivos".
Continuidade do trabalho
"Foi um jogo em que o resultado não mostra o que foi o desempenho da equipe. Temos convicção no trabalho, os jogadores também acreditam. Temos nossas responsabilidades e na quinta, diante do torcedor, temos que acabar com os 64 dias sem vencer no Campeonato Brasileiro".
Escolhas para o clássico
"Bola parada. Bola parada determinou o clássico. Um chute no meio, bate em quem abaixou a cabeça, um lance fortuito. E gol em escanteio, aproveitando a falta de ataque à bola na primeira trave. Estratégia foi seguida. Vocês viram o primeiro tempo. Wesley teve 15 minutos a mais, comeu banana, gelo, estava em sofrimento. Fez um bom jogo, está ligado ao segundo gol pelo escanteio. 'Treinador é maluco, tirou o Wesley'. Ele pediu para sair. Raniele também pediu. Não são super-homens, são seres humanos que dão tudo pela instituição. Foram trocas por desgaste físico. Sobre Coronado e Garro, eles têm sentido alguns problemas físicos. Não têm treinado regularmente de forma efetiva, estamos gerando os jogadores pois campeonato não acaba aqui. Diante de elenco curto, não podemos perder jogadores. Quero ver Pedro Henrique voltar, Fagner voltar, esforços do presidente e diretor para reforçar a equipe para que fique mais forte. Que atinjamos os objetivos no Brasileirão e, com outras opções, dar um tirozinho em uma copa qualquer".
Pedro Raul e Matheuzinho
"Eu escolhi, tenho que justificar. Hugo e Leo já desgastados, tentei projetar mais frescura e largura com Bidu. Perdemos o Wesley e demos largura com Pedro e Bidu. Coronado com Garro... Hugo teve chance, Pedro teve. Quem não mata morre no futebol. Cometemos duas falhas na bola parada, nada que o adversário valioso tenha criado. O resultado não mostra o que foi o rendimento das equipes".
Respaldo da diretoria
"Não me convidem para ir a circo. É o que vende, quero sangue. Chamem o presidente ou Fabinho. Sou técnico de futebol, não administrador de clube. Respeito a pergunta, mas estou fora. Não quero entrar nisso. Não perguntem a mesma coisa para que eu não responda a mesma coisa".
Busca por reforços
"As coisas podem não ser como queremos, não podemos controlar. Quando existe menos capacidade financeira, temos que ser mais criativos. Eu enquanto treinador gostaria de ter os jogadores na abertura da janela, para que se adaptem a clube, treinador, colegas. Mas as coisas não são como queremos. Presidente e diretor têm feito trabalho legítimo para dar condições ao treinador. Vindo ou não vindo, acredito nos nossos jogadores, que se entregam. Temos que parar de errar, obviamente, mas não podemos adiar mais. Não é teimosia, é convicção. O Corinthians vai atingir seus objetivos. Sinto a dor do torcedor, independentemente do resultado, dignificamos o clube. Vamos seguir o trabalho, o que acreditamos. É o que nos levará à estabilidade".
Lado emocional
"É tarefa do treinador. Capacidade de mobilizar as pessoas e que eles percebam o que é feito. Confiança é inabalável entre todos e, quando há isso, existe uma luz e vamos agarrá-la".
Ânimo do elenco
"Também não sou animador, né? Precisamos de confiança. E confiança vem das vitórias. Eu vinha em direção ao estádio com relatório do Cifut. Aquilo que me agrada e que revolta. E o que revolta é não ganhar. Vamos em busca na quinta-feira, sem adiar mais as vitórias para ganharmos confiança. Todos os envolvidos na estrutura do clube estamos em espírito grande de buscar a glória, que pode demorar, mas conseguirmos a estabilidade depois do caminho das pedras. O torcedor nos apoia de forma fantástica em todos os momentos".
Não é momento desesperador?
"De 13 para 38 ainda faltam muitos jogos. Vocês olham para a classificação, mas eu olho para outro objetivo. Notícia impacta muito, Corinthians na zona do rebaixamento. Falo pela primeira vez, reparem. Somos responsáveis, eu, comissão, diretoria. Sabemos o que fazemos e a responsabilidade de gerir um clube dessa dimensão".
Como ganhar 50% dos pontos a partir de agora?
"Hoje falaram que o adversário jogariam com o Vitor, Estêvão titular, Naves... Nós tínhamos Donelli, Bidon, Wesley, todos os do banco. A equipe mais jovem talvez, média de idade de 24. Equipe mais jovem da Série A. Estamos preocupados, não ignoramos, e revoltados, mas vamos transformar essa revolta em rendimento. As vitórias vão nos trazer confiança".
Corinthians com um a mais sem criar chances
"Pressão no Corinthians existe sempre, obrigação é ganhar todos os jogos, mesmo que isso não exista. Mas culturamente é assim. Jogar para ganhar sempre. Essa é nossa obrigação. Vencer quinta-feira. Quando o Corinthians teve um a mais, tentamos de todas as formas. Construímos a três com Bidon de 5, Pedro e Yuri na frente... Tivemos nossas ocasiões e não concretizamos. Depois da expulsão não houve jogo. Equipe experiente, faz sua cera. Temos o nosso amigo Daronco, que está um bocadinho mais inchado, e quer sempre que o jogo esteja parado. É a maneira dele. Nessa justificativa, jogamos o que deu para jogar. Não vou justificar resultado com a atuação do senhor Daronco, mas vou ver tempo útil a partir da expulsão. Que o senhor Seneme tenha algum cuidado para não escolher sempre os mesmos para apitar o Corinthians".
Credibilidade que o diretor passa
"Já respondi. Todos somos responsáveis. É muito simples".
54,3% de chance de rebaixamento
"Se ganhar o próximo, vamos reduzir as chances. Depois ir novamente ao instituto para pedir nova estatística. É uma situação hoje, amanhã outra. Quando o Fortaleza tinha cinco pontos, qual era a chance? 99? E foi para a Libertadores. É rodada a rodada, vamos competir quinta-feira para vencer".
Pressão do torcedor e protestos
"Eles têm razão, respeitamos a forma de ser e de estar dentro de conduta civilizada. Somos responsáveis, profissionais competentes para servir o que eles ambicionam: devolver alegria e glórias ao clube. Quando cheguei, estava no Z4 do Paulista. Hoje estamos em todas as competições, mesmo em fase desafiadora, mas não acaba aqui. Que confiem. Quem está à frente é competente para gerir o time do Corinthians".
Breno Bidon
"Não gosto de individualizar, mas o Breno é diamante. Não dão nada por ele e é determinante. Muito inteligente taticamente, ocupa espaços e compensa os demais. Gere espaço, compensa, define bem, com critério. Um jogador que me dá gosto de ver jogar. Um jogador cerebral, inteligente. Rasgo elogios a ele pois é jogador de 100 milhões de euros. Tem um futuro extremamente brilhante. Dedicado, bem formado, representa bem a profissão. É um jogador grandioso. Apostei nele, o Corinthians lapidou primeiro esse diamante e que ele fique pelo menos até o fim da temporada para que seja vendido pelo valor justo".
Gustavo Henrique capitão e a chegada do goleiro Hugo Souza
"Não vou comentar sobre os jogadores que não estão aqui conosco. Sobre o capitão, são escolhas normais. A escolha dos capitães é minha, rotatividade pode ser gerada. Estou à vontade. Conheço o Raniele e tenho relação extraordinária. Joga muito bem, se entrega à causa e se identifica com o clube. Gustavo é exemplo que jogador não se mede importância apenas pelo que joga. Dá exemplos quando não joga. É exemplo para o grupo. Perdemos líderes importantes, como Cássio, Paulinho e Fagner. Fagner vinha sendo extremamente importante. Não estava à espera e outras lideranças surgiram. Tem minha confiança e eles têm capacidade de entender o momento e ninguém fica chateado".
Fuga do Z4
"É olhar o momento do clube. Principal objetivo é vencer".
Invasões no CT e Parque São Jorge
"Compreendo e respeito a insatisfação do torcedor. É normal. A equipe não tem conseguido atingir os objetivos. Respeito e compreendo, mas há formas de se fazer. Estarei sempre ao lado do torcedor, mas que percebam que os responsáveis são profissionais e competentes, as pessoas certas para voltar dar as glórias ao clube. Quando cheguei aqui, o clube tinha cinco derrotas seguidas e estava na zona de rebaixamento do Paulista. O objetivo era ficar na A-1. A única coisa que importa é vitória, não é patrocínio máster. Nos dedicamos, somos profissionais, mas o que importa é ganhar mesmo que seja 1 a 0 com gol contra. As pessoas dentro do CT são competentes, profissionais, por isso que estamos em todas as competições e estamos a uma vitória de retomar a confiança".
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