Seleção prova na Copa América o veneno do sonho da CBF de ter Ancelotti

Raphinha foi sincero: "O treinador está trabalhando há mais tempo que o Dorival". Marquinhos também constatou: "É entrosada, vive um momento de jogos sem perder".

Os argumentos de jogadores da seleção brasileira após o empate mais recente na Copa América mostram: os problemas do Brasil contrastam com o que a Colômbia tem como alicerce.

A consistência do trabalho de um lado tem dado resultado. Do outro, uma equipe comandada pelo terceiro técnico em um espaço de um ano e meio.

Na raiz da questão está a escolha da CBF de esperar a concretização do sonho de contratar Carlo Ancelotti, do Real Madrid.

A realidade é um time em constante reconstrução desde que Tite saiu do cargo, após a Copa 2022.

Nomes passageiros

Estabilidade e tempo de trabalho foi tudo o que a seleção brasileira não teve quando a CBF deu, inicialmente, seis meses de trabalho a Ramon Menezes, na condição de interino. Perdeu dois amistosos contra seleções africanas e só ganhou um.

Depois, o contrato temporário com Fernando Diniz deveria durar um ano. Ele ficou mais seis meses e tentou implantar um estilo que os jogadores jamais executaram. Seis jogos, três derrotas, um empate e duas vitórias.

Agora, a versão do Brasil com Dorival ainda engatinha. E, assim, não é tão forte quanto a Colômbia, por exemplo. Mesmo fora da Copa do Qatar, a seleção colombiana tratou de se reconstruir.

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E olha que o meio-campo tem Richard Rios, Arias e James Rodríguez — todos atuando no futebol brasileiro. Enquanto isso, o Brasil sofre com meio-campo da Premier League, que ainda não descobriu a melhor forma de atuar junto (para citar apenas um setor).

A CBF, conscientemente, apostou no projeto Ancelotti, abrindo mão do começo de ciclo. Ainda que o plano desse certo, o italiano estaria chegando agora, no início da Copa América, para iniciar o trabalho. Ou seja, nem era garantia de bom desempenho no torneio continental.

Sem ele, a CBF deu volta em círculos, perdeu tempo sem alcançar a meta e recorreu a Dorival no começo do ano.

A crise política envolvendo Ednaldo Rodrigues e o afastamento que foi temporário em dezembro contribuíram para esse desfecho, já que acelerou a demissão de Diniz e a desistência em relação a Ancelotti — que renovou com o Real Madrid.

Uruguai também é contraste

O próximo adversário do Brasil é um Uruguai que tem jogado o fino da bola. Sob o comando de Marcelo Bielsa, tem um trabalho desenvolvido desde maio de 2023 — há mais de um ano.

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Quando ainda estava sob a tutela de Diniz, a seleção brasileira já sofreu diante dos uruguaios. Um 2 a 0 incontestável em Montevidéu — e ainda perdeu Neymar com lesão.

Na Copa América, as duas seleções também apresentam muitas diferenças. O Uruguai tem bom trabalho defensivo, um meio-campo que controla bem o jogo e um ataque dinâmico. Foram nove gols em três jogos, um gol sofrido.

O Brasil, por outro lado, travou diante da Costa Rica, teve seu ápice frente ao Paraguai, mas jogou ainda pior no aspecto coletivo contra a Colômbia.

Se passar pelo Uruguai, o Brasil deve enfrentar de novo a Colômbia. E, se não tiver uma zebra no outro lado, a perspectiva é de uma final contra a Argentina. Já não seria fácil. Com falta de tempo, então, nem se fala.

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