Relatório do STJD vê provas 'imprestáveis' e sugere penalidades a Textor

O inquérito instaurado pelo STJD para apurar as denúncias de John Textor, dono da SAF do Botafogo, sobre manipulação de resultados foi concluído nesta sexta-feira (5).

O relatório classifica como "imprestáveis" as provas apresentadas pelo empresário. Além disso, sugere pena de R$ 2 milhões e suspensão por 2.340 dias devido ao que foi considerado ilícitos desportivos praticados por Textor contra atletas, clubes e árbitros.

O que aconteceu

Textor fez a denúncia com base em um relatório de uma empresa de inteligência artificial. Ele afirmou que o jogo entre Palmeiras e São Paulo, em outubro do ano passado, foi manipulado por, ao menos, cinco jogadores do Tricolor.

As denúncias de Textor foram contestadas no STJD. Palmeiras, São Paulo, Associação de atletas e dos árbitros fizeram representações, o que gerou a abertura de inquérito.

O inquérito foi presidido pelo Auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva. Durante a apuração, Textor apresentou o que classificou como "provas irrefutáveis" de manipulação.

Após análise, o auditor concluiu que as provas eram "imprestáveis". Ele fez ainda duras críticas ao que a "Good game" adota como caminho para chegar às conclusões sobre os jogos .

As alegações de precisão extrema e a capacidade de detectar manipulações e erros de arbitragem de maneira infalível não resistem a um exame rigoroso. Recomenda-se que as autoridades esportivas não dependam de tecnologias dessa natureza e busquem métodos mais confiáveis e transparentes para assegurar lisura e integridade das competições Trecho do documento

Dentre as provas enviadas por Textor, há dois vídeos. Um com cerca de seis minutos e o outro com aproximadamente 47 minutos. "Ambos os vídeos com dois sócios da 'Good Game' se apresentando" e explicando a forma de análise desenvolvida, segundo o relatório.

Outra prova apresentada foram dois arquivos em pdf denominados de "match manipulation" (manipulação de partidas) e 14 fragmentos de vídeo do jogo Palmeiras 4 x 0 Fortaleza. O duelo aconteceu 03/11/2022. "No que tange à suposta metodologia, a documentação parece partir da imaginação de um grupo de 'cientistas do esporte' com jalecos brancos, laboratórios repletos de telas e gráficos, incumbidos da missão de solucionar um dos maiores mistérios do mundo dos esportes: a manipulação de resultados".

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Textor anexou ainda arquivo pdf denominado "relatório de jogo nível 3", entre Palmeiras 5 x 0 São Paulo. O jogo foi realizado em 25/10/2023, e segundo o STJD, o documento apresentado afirma "categoricamente que houve manipulação de resultado e que pode estar relacionado com um resultado esportivo e/ou apostas esportivas".

Foram colocado ainda mais sete em pdf denominados pela empresa como "REF-EVAL", uma espécie de avaliação dos árbitros. Eles elencam diversas partidas, como Palmeiras 1x0 Vasco, em 27/08/2023; Botafogo 1x2 Flamengo, em 02/09/2023; Atletico-MG 1x0 Botafogo, em 16/09/2023; Palmeira 5x0 São Paulo, em 25/10/2023; Palmeiras 1x0 Bahia, em 28/10/2023; Botafogo 3x4 Palmeiras, em 02/11/2023; Botafogo 1x2 Bahia, em 05/05/2024.

O STJD listou, ao todo, sete provas que Textor colocou para análise. Uma delas é um "documento em formato .doc, no estilo memorando da Eagle Footbal Group, empresa de propriedade do Sr. John Textor, contendo informações para subsidiá-lo no seu depoimento perante a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Desportivas".

O relatório do STJD contesta a metodologia empregada para chegar a tais conclusões. Neste quesito, diversos pontos são citados, como "superdependência de dados quantitativos", "ausência de transparência metodológica", "subjetividade na interpretação", "ausência de validade e confiabilidade", entre outros.

O documento aponta ainda ilícitos contra sete entidades desportivas, nove atletas e nove árbitros. Além disso, foram constatadas infrações contra a ética desportiva e a motivação pessoal na solicitação da instauração do inquérito.

Na conclusão do relatório, Mauro Marcelo Silva recomendou a aplicação de penalidades de multa e suspensão. Foi indicada uma multa de R$ 2 milhões e suspensão por 2.340 dias, as maiores penas já propostas na história do STJD.

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À luz dos fatos apurados no presente Inquérito pode-se afirmar que o arcabouço probatório é robusto, e demonstra que as infrações desportivas - inclusive criminais - foram graves e devastadoras Trecho do documento

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