Ingresso salvo em assalto, pneu furado e mais: testemunhas recordam o 7 a 1
Os gols em sequência, a frase "virou passeio" de Galvão Bueno e as lágrimas dos jogadores da seleção ainda são um pesadelo vivo na memória dos brasileiros. Porém, os torcedores "comuns" que estiveram presentes naquele fatídico 8 de julho de 2014, no Mineirão, têm suas histórias de como viveram aquela tarde do 7 a 1. Dez anos depois, o UOL ouviu alguns deles. Teve pneu furado, ingresso quase roubado e a tristeza em presenciar o pai de Fred aos prantos.
Pneu furado meia hora antes do jogo
O empresário carioca Dirceu Júnior saiu de carro, do Rio de Janeiro, junto com seu filho Arthur, com 11 anos na época. Quando já estava a cerca de 5 quilômetros de Belo Horizonte, um dos pneus do veículo furou. E o que já era um transtorno, ficou ainda pior.
"Meu carro estava na manutenção. Então peguei o da minha ex-esposa. O 7 a 1 foi terrível, mas o segundo momento de maior dor foi eu tentando tirar o pneu furado e não saía por nada. Eu fiquei na pista esperando um carro igual passar, pedi para o cara parar, ele parou, disse que não conseguia tirar o pneu e ele falou que tinha que ter uma chave. Então liguei para minha ex perguntando da chave, ela foi procurar e tinha ficado no manual que estava com ela no Rio. Que vontade de chorar!", lembrou
Dirceu, então, acionou o reboque, algo não tão fácil dada as circunstâncias.
"Imagina arrumar um reboque faltando duas horas para um jogo do Brasil na semifinal da Copa do Mundo?", lembrou, revelando como o rapaz chegou faltando cerca de meia hora para o jogo: "O cara estava p***!".
Filho de Dirceu, Arthur Rodrigues, hoje com 21 anos, detalha o que lembra do fatídico dia:
"O que lembro é que ficamos a pé na estrada, o reboque não chegava e que o amigo do meu pai falou que aquilo poderia ser um sinal. Aí depois conseguimos ir para o jogo e, durante a partida, não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo. Lembro de um alemão maluco zoando todo mundo. Fiquei até com medo de ter confusão. Lembro também de não chorar, apenas ficar incrédulo".
Ingresso é 'aliviado' em assalto
O planejador financeiro Leonardo Boyd teve sorte ou azar, a depender do ponto de vista de cada um. O único ingresso que ele havia comprado naquela Copa foi justamente o Brasil e Alemanha, desembolsando a bagatela de R$ 800. Um fato inusitado, porém, aconteceu, e quase o impediu de estar naquela partida.
"Minha casa foi arrombada e assaltada. Eu tinha deixado o ingresso em cima do computador. Incrivelmente, quando cheguei na casa toda revirada, o ingresso estava lá, no mesmo lugar, mesmo com o assaltante tendo levado muitas coisas", se recorda.
Aliviado que, ao menos, poderia presenciar esse momento histórico ao vivo, foi de carro do Rio para Belo Horizonte junto com amigos, mas o desfecho, como todos sabem, foi longe do imaginado...
Choro do pai de Fred
Logo após a partida, o torcedor Victor Bruno se deparou ainda na parte interna do Mineirão com Seu Juarez, pai do atacante Fred, que estava sendo muito criticado naquela Copa:
"A cena mais marcante, para mim, foi ver o pai do Fred chorando copiosamente perto da entrada do banheiro e falando: 'vão colocar a culpa no meu filho'. Deu muita dó do coroa...".
Foi comprar cerveja e...
O personal trainer Diogo Clarindo parecia estar sonhando. Ele saiu da arquibancada do Mineirão para comprar uma cerveja e, quando voltou, o Brasil já estava sendo goleado:
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Quero receber"Lembro que saí para comprar cerveja. Tinha fila, demorei um tempinho. Só ouvi uns barulhos e imaginei que o Brasil tinha levado gol, só não esperava que tinham sido uns três, quatro. Voltei para a arquibancada e não estava entendendo nada. Fiquei atônito. Era um olhando para a cara do outro. Foi uma ducha de água fria".
Mineirão também guarda suas recordações
Marcado para sempre como o estádio que levou o 7 a 1, o Mineirão encara de frente a situação. Em seu museu há, inclusive, uma camisa da Alemanha autografada por todo os jogadores que atuaram naquele 8 de julho. Não foi exatamente a peça vermelha e preta, utilizada na ocasião. A que a seleção alemã deixou de presente foi a branca, tradicional.
"Esta camisa é uma lembrança para o Mineirão, onde a Alemanha consolidou seu caminho para conquistar a Copa do Mundo no Brasil. Vivemos aqui um jogo que fez história no futebol e que tornou Belo Horizonte conhecida para todos os alemães. Temos muito carinho pelo povo mineiro e aqui deixamos agora um pouco da nossa história também", disse, em 2015, o cônsul geral da Alemanha, Harald Klein.
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