Goleiro baleado pediu para policial abaixar a arma: 'Atitude precipitada'

O goleiro Ramon Souza dos Reis disse estar abalado psicologicamente após levar um tiro de bala de borracha na perna, disparado por um policial, após o jogo entre Grêmio Anápolis e Centro-Oeste, na última quarta-feira (10), pela Divisão de Acesso do Campeonato Goiano.

'Não pensei que chegaria ao ponto disso'

Já estava quase acabando [o jogo], foi quando os policiais chegaram, aí aconteceu o fato e o que aconteceu depois, do policial tomar uma atitude precipitada e efetuou o disparo em mim. Ele, no primeiro momento, empurrou um dos nossos atletas e apontou a arma em direção ao rosto dele. Aí foi o momento que eu vi e pedi para ele abaixar a arma: 'abaixa a arma, não precisa disso'. Ele falou: 'vai para trás', e no momento em que eu estava dando o passo para trás ele efetuou o disparo. Ramon Souza, ao portal G1

Eu não acreditei, porque a gente é profissional de futebol, a gente usa nosso corpo como instrumento de trabalho. Então, na hora ali eu me desesperei um pouco e a gente fica abalado psicologicamente pela situação.

Foi discussão de jogo, coisa normal, acontece. Na televisão você vê, sempre tem, mas não pensei em nenhum momento que ia chegar ao ponto disso.

Não [teve agressão entre os jogadores], foi mais discussão, bate boca, empurra-empurra, normal de futebol. Não teve pancadaria em nenhum momento.

Não sei ainda [quando voltarei a jogar]. [...] Na hora eu senti muita dor, interfere em alguns movimentos. Faltam dois jogos para acabar o campeonato, e não tem probabilidade de eu jogar ainda.

Ele chegou totalmente alterado, empurrando, apontou a arma para o rosto do meu colega. Infelizmente, é uma perda para a minha carreira. É difícil, só eu e minha família sabemos o que lutamos para estar aqui, infelizmente aconteceu isso. É trabalhar para voltar o quanto antes a voltar a fazer o que eu amo. Ramon Souza, ao Sportv

Agora é que a justiça seja feita. Tem os vídeos, tudo com áudio, não teve xingamento, motivo aparente, todo mundo lá em ambiente de trabalho, dentro de campo, só jogador e comissão técnica. Não tinha motivo para uma barbaridade dessa, acabou atrapalhando minha carreira, mas não vai me parar. Só vai me dar força.

Baleado por policial em campo

O caso aconteceu logo após o término do jogo. Os jogadores das duas equipes discutiam na beirada do campo, quando os policiais separavam a confusão

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O policial que efetuou o disparo primeiramente empurrou um jogador do Grêmio Anápolis. Ele foi 'confrontado' por Ramon Souza, apontou a arma para o atleta e efetuou o disparo na perna do goleiro.

Ramon foi atendido no gramado pelo Dr. Diego Bento, do Grêmio Anápolis. Depois, foi colocado dentro UTI móvel para a realização dos primeiros socorros. Ao UOL, o clube goiano afirmou que o goleiro não corre risco de morte ou de perder a perna.

Procurada pelo UOL, a Polícia Militar do Estado de Goiás afirmou que já abriu o procedimento para apurar o caso. O órgão também disse que "não compactua com desvios de conduta".

Em resposta à solicitação sobre o fato ocorrido no final da partida entre Grêmio Anápolis e Centro-Oeste, no estádio Jonas Duarte, em Anápolis, a Polícia Militar informa que foi determinado imediatamente a abertura de procedimento administrativo para apurar os fatos com o devido rigor. A Polícia Militar de Goiás reafirma o compromisso com o cumprimento da lei, e reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros.
PM de Goiás, em nota enviada ao UOL

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