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Repórter que fez pergunta a Zubeldía se manifesta após revolta do treinador

Do UOL, em São Paulo

12/07/2024 18h06

O repórter Leo Lepri, da TV Globo, se manifestou nesta sexta-feira (12) após ter feito a pergunta que causou revolta do técnico Luis Zubeldía, do São Paulo, na noite da última quinta-feira (11), depois da derrota para o Atlético-MG, pelo Brasileirão.

O que aconteceu

Leo Lepri se manifestou em um longo relato publicado no X (antigo Twitter). Ele reforçou que o que foi publicado é de cunho pessoal e não representando a TV Globo.

O repórter disse entender a reclamação de Luis Zubeldía quanto aos lances polêmicos no jogo. Lepri afirmou que ofereceu a chance do treinador citar quais eram as situações específicas reclamadas por ele.

O jornalista também destacou que não tinha retorno de vídeo para ver os lances — ele foi confrontado pelo treinador são-paulino sobre as imagens. Lepri ainda explicou todos os afazeres que teve após o fim do jogo e que o impossibilitaram de ver os lances polêmicos em questão.

O repórter disse que sabe que Zubeldía não tem problemas pessoais com ele. O jornalista ainda finalizou dizendo que acompanha o treinador são-paulino desde quando ele ainda era auxiliar do Lanús, da Argentina, em 2007.

O que Leo Lepri disse?

"Sobre a coletiva de ontem: entendo as razões de Zubeldía. A reclamação tem fundamento. Abri as perguntas oferecendo a chance de citar quais eram os lances específicos que fizeram com que se sentisse prejudicado. E o que segue é de cunho pessoal, não da empresa onde trabalho.

A questão servia para que ele comentasse também sobre uma possível falta de Hulk em Luciano antes do lance que deu origem ao primeiro gol do Atlético-MG. Era para que ele desse a própria versão (como acabou acontecendo, mas de uma outra forma).

De onde eu estava, ao lado do banco, vi os protestos imediatos dos jogadores e do treinador. Inclusive abri o microfone e informei sobre isso ainda durante a transmissão (como também citei uma reclamação de pênalti de Calleri). A pergunta dava a Zubeldía a possibilidade de jogar luz nessa jogada, já que muitos ainda imaginavam que a bronca do treinador no final do jogo, ao socar o banner, se dava exclusivamente pelo lance no segundo gol do Atlético-MG.

Agora pormenores técnicos que não caberiam explicação, mas talvez - neste momento - se façam necessários. É preciso que fique claro, como disse no final da pergunta, que não é função do repórter o exercício do comentário. Para isso estão os comentaristas, os meios partidários. O interesse ali, naquele momento, era dar voz às queixas do treinador do São Paulo e apenas a ele. Outro ponto fundamental: o repórter que participa da transmissão não tem retorno de vídeo. Nenhum, zero. Vê o lance uma vez, quando acontece, e apenas escuta o áudio do narrador, comentaristas e equipe, reportando aquilo que viu e/ou ouviu à beira do gramado.

Assim que a partida termina - se o mesmo repórter é encarregado do VT do jogo para jornais do dia seguinte - começam uma série de atribuições: entrevistas pós, gravação da passagem, zona mista, devolução dos equipamentos de transmissão e, finalmente, a coletiva dos treinadores. Zubeldía não tem por que saber disso, é claro, mas trata-se de uma sequência de tarefas que consomem, além de tempo, a concentração por envolver escrita criativa e esforço de câmera antes que as luzes do estádio se apaguem, por exemplo.

Durante esse conjunto de atividades - atenção ao verbo - não REVI em vídeo ou monitor, como disse a Zubeldía - a jogada. Muito menos por redes sociais. Enquanto treinadores e alguns jogadores já estavam nos vestiários, segui ocupado com meu fluxo natural e corrente do trabalho. Evidentemente, sabia que o lance era polêmica e pelo que havia acompanhado até ali, inconclusivo. Cheguei na coletiva poucos minutos antes que o treinador. Estava munido de tudo feito durante a transmissão e também do veredicto do VAR (que acabou por validar a jogada).

E com o rigor jornalístico dos fatos, tampouco foram quarenta minutos entre o fim da partida e o começo da entrevista como sugerido. Existe um protocolo da CBF para o início das coletivas, sempre com o visitante primeiro. O jogo terminou 23:29. A coletiva começou 23:55.

Detalhe importante: celular na mão do repórter nem sempre significa redes sociais. Ainda mais pra quem é de televisão. Parece desnecessário falar sobre, mas durante a coletiva de imprensa o profissional agiliza seu trabalho transcrevendo o entrevistado para otimizar tempo. Só depois de tudo encerrado no estádio é hora de voltar para a redação, analisar todos os lances, escutar todos os personagens e com tudo revisto escrever a matéria do jogo para quem assistir tirar as próprias conclusões.

Aqui, importante: quando Zubeldía questiona se "vi o lance", ele se refere ao recorte que já circulava pelas redes sociais. Insisto: repórter não opina sobre lance. Nem mesmo se, atenção, tivesse a oportunidade de revê-lo uma dezena de vezes. Aliás, apesar de todas as razões citadas até aqui, com a insistência do treinador, disse que de onde estava no campo (ao lado do banco) e sem ter, atenção mais uma vez, revisto o lance pela TV, "não consegui ver o toque na mão". Isso seria algo possível apenas com auxílio de outras câmeras, outros ângulos, com o auxílio do VAR. E mesmo esta ferramenta parece ter deixado ainda mais dúvidas do que realmente aconteceu na jogada.

O técnico estava severamente inconformado e não adotou aquela conduta por alguma questão pessoal comigo. Estou certo disso. Gosto, acompanho e trabalho o futebol sul-americano há muito tempo. Muito mesmo. Foram anos vivendo e lidando apenas com isso em Buenos Aires. Já conhecia Zubeldía desde que ele era auxiliar de Ramón Cabrera naquele Lanús de 2007 (o time que conquistou o primeiro título nacional do Granate). E considero Zubeldía um treinador sério, dedicado, atualizado, extremamente capacitado e muito, muito intenso. E ele tem dado provas disso todos os dias, desde o primeiro dia."

Zubeldía irritado em coletiva

O argentino se irritou com o repórter Leo Lepri quando foi questionado sobre arbitragem — assim que o duelo acabou, ele deu socos no backdrop [aparelho que mostra os patrocinadores do torneio nas entrevistas] e esbravejou com a atuação do árbitro Marcelo de Lima Henrique.

Em meio ao diálogo, o técnico do São Paulo rebateu a postura do jornalista ao questionar "o que o profissional fazia" ao não ver o lance envolvendo Paulinho, que teria batido na bola com o braço antes de marcar o gol da vitória mineira.

Zubeldía chegou a se levantar para imitar o lance e detonou o árbitro de campo, citando ao menos dois lances que teriam prejudicado o Tricolor.

Como foi o diálogo entre Lepri e Zubeldía?

Repórter: Quais foram os lances específicos...

Zubeldía: Explica vocês. Onde você trabalha? Explica vocês, vocês viram a mão. Te escuto, vamos. Vamos.

Repórter: Este foi um dos lances que você se irritou?

Zubeldía: Você viu a mão do segundo gol?

Repórter: Não vi ainda o lance. Estava trabalhando e não vi o lance pela TV. De onde estava, não consegui ver.

Zubeldía: O que estava fazendo no celular? Escrevendo?

Repórter: Estava trabalhando na transmissão.

Zubeldía: Coloca no Twitter, com todo o respeito. Eu tenho toda a noite, não há problema. Me escute: na primeira jogada, o Luiz Gustavo não faz falta e eles dão uma falta para que eles chutem. Antes houve falta no Luciano, e Luiz não fez falta. O árbitro inventa. Depois, no gol, claramente pega aqui, bate ali e entra [Zubeldía simula o lance]. Veja as imagens no Twitter. Minha pergunta é: como não vou estar revoltado? Se você trabalha na televisão e é jornalista, o que estava fazendo nos últimos 40 minutos?

Repórter: Estava fazendo passagens e fazendo outras coisas.

Zubeldía: É injusto. Com todo respeito, você viu a jogada. As duas jogadas são notórias e terminam em gol. Por que estou irritado? Pela injustiça de que o VAR não viu a mão, pela injustiça que o árbitro inventou uma falta sabendo que o Hulk batia bem desta posição. Essas coisas me irritam muito porque são de manual. Posso falar de mais coisas. Você está sendo injusto, você trabalha para a TV. A equipe jogou bem, não tenho nada a dizer a meus jogadores, foi uma injustiça total. Hoje, a figura foi o árbitro. Dou os parabéns a ele.

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