Lulinha esperou nova chance no Corinthians: 'Faltou comprarem essa briga'
Promessa do Terrão, Lulinha não teve o começo que todos esperavam — inclusive ele mesmo — no profissional no Corinthians. No entanto, o jogador acreditou que teria uma segunda chance no clube após ganhar rodagem e experiência em diferentes ares. Só que a tal nova oportunidade nunca veio.
Expectativa x realidade
Lulinha criou esperança de que voltaria a jogar pelo Corinthians após se destacar no empréstimo ao Bahia, em 2011. Ele havia retornado ao Brasil após passagem de uma temporada e meia por Portugal e reencontrou seu futebol atuando pelo clube baiano.
Ele tinha apenas 21 anos, mas já acumulava certa experiência por ter sido promovido tão cedo e sentia que aquele era seu momento. O jogador disse ao UOL que estava no seu ápice no profissional. Porém, o Corinthians pensava diferente.
Lulinha ia para o seu último ano de contrato com o Corinthians e queria ser reintegrado, mas não estava nos planos alvinegros para 2012. Segundo o jogador, o empresário dele entrou em contato com o clube para saber o que a diretoria corintiana planejava e ouviu que podia buscar outro destino. Final da história: Lulinha não voltou a atuar pelo time que o revelou.
Fiz um ano muito bom [no Bahia] emprestado, estava me sentindo mais preparado, confiante e experiente. Estava apenas com 21 e tinha passado por muitas coisas. Ali, achei que era o momento que poderia voltar, o Corinthians estava bem mais organizado de elenco e eu no meu ápice de profissional, rodado na Europa, mas não aconteceu e segui. Lulinha, ao UOL
Pensei que poderia ser reintegrado, tinha mais um ano de contrato com o Corinthians. Queria pelo menos ter ficado na pré-temporada, até para o Tite me ver. O meu empresário na época ligou para o clube para saber o que pensavam, se ia voltar a treinar ou se seria emprestado de novo. Corinthians falou para procurar outro clube.
Atualmente com 34 anos, o meia não guarda mágoas de sua época no Corinthians, mas pensa que faltou alguém "comprar a briga" pelo seu retorno. A joia, que surgiu com multa rescisória de 50 milhões de euros, sofreu com a pressão externa e virou alvo de chacota por nunca ter correspondido às expectativas criadas sobre ele.
Não tive contato com presidente, treinador. Não sei como foi essa conversa, se teve algo do tipo: 'Como vamos explicar para imprensa, torcida'... Faltou alguém comprar essa briga. Para mim, nem era uma briga, eu estava muito bem, ia voltar ao meu time. Nunca tive mágoa, raiva, nem nada. Se não era para voltar, não era.
Jogado aos leões
Lulinha despontou como uma joia do futebol brasileiro e foi promovido precocemente em 2007, mas seu primeiro ano no profissional acabou com o gosto amargo do rebaixamento. Caiu sobre o jovem de 17 anos, destaque na base corintiana e também na seleção brasileira da categoria, a responsabilidade de se tornar titular e evitar o desfecho trágico na campanha daquele Brasileirão. Não deu certo.
O jogador recordou que se moldou a partir do que viveu naquela temporada: "Já tinha sofrido a maior pressão do mundo". O meia opinou, sem se eximir da responsabilidade, que a turbulência fora de campo e a limitação do elenco naquele ano o atrapalharam, mas negou qualquer arrependimento. "Voltaria atrás e não subiria em 2007? Se chegar para um menino e perguntar, a resposta vai ser: 'Quero jogar, estou aqui para isso'. Tem momentos que não têm muito o que falar, é vestir a camisa e jogar", ponderou.
Infelizmente, 2007 foi muito conturbado para o Corinthians. Não só dentro de campo, foi um ano de muita bagunça, e elenco era muito limitado. Para um garoto de 17 para 18 anos subir num elenco limitado? Não tiro minha porcentagem de culpa, mas interfere muito. Enfrentar tudo o que enfrentei...
Não é fácil chegar e brigar no 1º ano de profissional para não cair e cair. O ano de 2007 serviu de muita experiência, foi divisor de águas por viver tantas coisas, me preparando para a vida dentro do futebol. Pensava: 'Já sofri minha maior pressão do mundo, o que viesse estava muito tranquilo'. Eu estava moldado.
Apesar de conquistar o título da Série B com o Corinthians em 2008, Lulinha perdeu espaço no ano seguinte e viu começar sua saga de empréstimos. Novas peças que chegaram ao time fizeram com que ele ficasse encostado, e então foi enviado para Portugal, onde defendeu Estoril e Olhanense.
Lulinha não teve o contrato renovado com o Alvinegro paulista para 2013 e se despediu sem voltar a entrar em campo. O meia rodou por outros clubes brasileiros e partiu para fora do país, tendo passagem pelo futebol asiático e do Oriente Médio. Seu último clube foi o Madura United, da Indonésia, e ele aguarda a nova temporada do futebol no exterior para definir seu próximo destino.
Próximos passos
Lulinha prioriza o exterior, mas não fecha as portas para um retorno ao futebol brasileiro. Ele passou as últimas oito temporadas atuando fora do país e, pela parte financeira, pretende seguir por lá. O jogador, porém, contou que foi sondado por clubes das Séries B, C e D do Brasileirão e que vem analisando as propostas nos últimos meses para tomar a melhor decisão.
Tem algumas situações aparecendo. Meu nome foi colocado em alguns clubes no Brasil, algumas conversas na série B, série C e até mesmo na D. Tenho prioridade de ir para fora, mas desejo jogar de novo no Brasil. Estou no final da carreira, preciso pensar no meu futuro, um pé de meia para ter tranquilidade depois. Não acertei no Brasil por isso, mas me mantenho treinando, firme. Uma hora ou outra vai aparecer.
Apesar de seu plano principal ser continuar jogando, ele já pensa no pós-carreira: quer ser treinador. Lulinha se vê em "totais condições" física e tecnicamente, mas projeta uma transição dos gramados para a lateral do campo. "Está longe ainda, mas já tenho que me organizar nesse sentido", finalizou o ex-Corinthians.